Significado da Frase "Ser ou não ser, eis a questão"


Escrito por Laura Aidar

William Shakespeare escreveu a célebre frase "Ser ou não ser, eis a questão" (em inglês, To be or not to be, that is the question) no monólogo de Hamlet da primeira cena do terceiro ato da peça homônima.

Qual é o Significado da Frase "Ser ou Não Ser, Eis a Questão

Quando Hamlet entra em cena, inicia um monólogo com a frase "Ser ou não ser, eis a questão". Embora a questão pareça complexa, é na realidade extremamente simples.

Questionar se é melhor existir ou não é a questão: viver ou morrer, de fato, é a essência.

Qual é a escolha mais nobre para o personagem do drama de Shakespeare? Enfrentar o inimigo e lutar para pôr fim às provocações ou aceitar o destino e sofrer as "pedras e flechas" que a Fortuna enfurecida lhe alveja? O personagem decide que morrer e dormir seja a melhor escolha.

Hamlet se questiona se vale a pena suportar os sofrimentos e incertezas da vida ou se é melhor renunciá-la.

Hamlet continua a se interrogar: o sofrimento da vida seria tão terrível a ponto de a morte ser a única resposta? Porém, a incerteza do que acontece depois da morte é ainda maior do que a dor de viver.

A ideia da existência desencoraja o pensamento suicida, pois causa medo de que haja algo após a morte. A questão de Hamlet se intensifica com a ameaça de sofrer punições eternas por praticar suicídio.

A frase "Ser ou não ser" transformou-se em um questionamento existencial abrangente. Não se limitando mais à vida ou morte, esta pergunta tornou-se algo ainda mais profundo, abrangendo a própria existência.

O dilema "ser ou não ser" incita à ação: tomar uma decisão e se posicionar frente aos acontecimentos.

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A Questão do Eterno Dilema: Ser ou Não Ser, com a Caveira no Meio

caveira ser ou não ser

Contrariamente ao que se acredita, a célebre fala de Hamlet não é dita ao lado de uma caveira, e ele não está sozinho. Na peça de Shakespeare, quando Hamlet entra em cena, o Rei e Polônio estão escondidos, contemplando a cena. É nesse contexto que ele inicia o famoso monólogo.

Na primeira cena do quinto ato, Hamlet e Horácio se encontram em segredo no cemitério, onde o protagonista segura uma caveira.

Hamlet divaga sobre a morte, contemplando a caveira de Yorick, o bobo da corte. Esta cena serve para ilustrar como, no fim, todos, independentemente de sua posição social, acabam se tornando apenas uma caveira e, depois, cinzas.

Caveiras eram uma figura comum em pinturas "Vanitas" do século XVI e XVII na Europa setentrional. Estas obras de arte expressavam a ideia de "Vanitas", ou seja, a temporalidade da vida e o vazio. Os temas recorrentes incluíam caveiras, relógios, ampulhetas e frutas em decomposição, tudo para lembrar a fragilidade humana e a fugacidade da vida.

O monólogo de Hamlet e a cena com a caveira têm em comum o mesmo tema: a reflexão sobre a vida e a morte, apesar de se situarem em partes diferentes da tragédia.

A cena da caveira e o monólogo "ser ou não ser" tornaram-se símbolos da peça, muitas vezes representados como um só pois são os momentos mais marcantes e importantes.

O Príncipe Hamlet da Dinamarca

hamlet

Shakespeare escreveu a trágica história de Hamlet, príncipe da Dinamarca, que se tornou uma das principais peças na dramaturgia mundial. Seu testemunho contínuo sobre a fragilidade humana e a complexidade da condição humana ainda inspira muitos em todo o mundo.

Ela narra a jornada do príncipe da Dinamarca. O nobre recebe a visita do espírito de seu pai falecido, informando-lhe que foi assassinado por seu irmão. O antigo rei implora para que ele busque vingança pela sua morte.

Hamlet não está certo se o fantasma que viu é o de seu pai ou algum espírito maligno que tenta fazê-lo cometer uma loucura.

Hamlet criou uma peça teatral para descobrir a verdade sobre o assassinato de seu pai. A cena era semelhante à que o fantasma descreveu. Ao ver a reação do seu tio, ficou muito abalado, foi então que Hamlet teve a certeza de que seu tio era o assassino.

O Rei suspeitava que Hamlet descobriu seu assassinato, por isso o mandou para a Inglaterra, com intenção de matá-lo. Porém, o príncipe percebeu o plano e conseguiu fugir.

Ao voltar para a Dinamarca, seu tio planeja matar Hamlet novamente. Para evitar isso, Hamlet desafia Laerte para uma luta desonesta, com o objetivo de envenená-lo com uma bebida manuseada.

Após o duelo, Laerte e Hamlet saíram gravemente feridos. A rainha, então, tomou a bebida envenenada. Laerte revelou a Hamlet os planos do Rei.

No final da peça, o Rei, a Rainha, Hamlet e Laerte estão todos mortos. Esta tragédia, é seguida pela chegada de Fortinbras com as tropas norueguesas, que assumem o trono.

Descubra os Destaques do Monólogo

Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre

Em nosso espírito sofrer pedras e flechas

Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,

Ou insurgir-nos contra um mar de provocações

E em luta pôr-lhes fim? Morrer... dormir: não mais.

Dizer que rematamos com um sono a angústia

E as mil pelejas naturais-herança do homem:

Morrer para dormir… é uma consumação

Que bem merece e desejamos com fervor.

Dormir… Talvez sonhar: eis onde surge o obstáculo:

Pois quando livres do tumulto da existência,

No repouso da morte o sonho que tenhamos

Devem fazer-nos hesitar: eis a suspeita

Que impõe tão longa vida aos nossos infortúnios.

Quem sofreria os relhos e a irrisão do mundo,

O agravo do opressor, a afronta do orgulhoso,

Toda a lancinação do mal-prezado amor,

A insolência oficial, as dilações da lei,

Os doestos que dos nulos têm de suportar

O mérito paciente, quem o sofreria,

Quando alcançasse a mais perfeita quitação

Com a ponta de um punhal? Quem levaria fardos,

Gemendo e suando sob a vida fatigante,

Se o receio de alguma coisa após a morte,

–Essa região desconhecida cujas raias

Jamais viajante algum atravessou de volta –

Não nos pusesse a voar para outros, não sabidos?

O pensamento assim nos acovarda, e assim

É que se cobre a tez normal da decisão

Com o tom pálido e enfermo da melancolia;

E desde que nos prendam tais cogitações,

Empresas de alto escopo e que bem alto planam

Desviam-se de rumo e cessam até mesmo

De se chamar ação

Laura Aidar
Escrito por Laura Aidar

É arte-educadora, artista visual e fotógrafa. Possui licenciatura em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e formação em Fotografia pela Escola Panamericana de Arte e Design.