A grande escritora Rachel de Queiroz (1910-2003) foi pioneira ao ingressar na Academia Brasileira de Letras, sendo a primeira mulher a conquistar tal feito. Além disso, foi a primeira autora a receber o reconhecido Prêmio Camões, consagrando-a como uma das grandes figuras da literatura brasileira.
Abarcando a escola literária do Modernismo, é notável a obra de Rachel de Queiroz, destacando-se seu romance O Quinze, que aborda as consequências da seca no Nordeste de maneira intensamente humana.
A Vida de Rachel de Queiroz
Rachel de Queiroz foi uma pioneira no campo do romance regionalista, abordando questões sociais em sua obra. Além disso, também atuou como escritora, tradutora, jornalista e dramaturga, tornando-se uma figura lendária na história literária brasileira.
Em 17 de novembro de 1910, Rachel nasceu na cidade de Fortaleza, Ceará. Filha de Daniel de Queiroz Lima, advogado e promotor, e de Clotilde Franklin de Queiroz, ela começou a escrever aos 19 anos de idade.
A família da menina mudou-se para o Rio de Janeiro quando ela tinha sete anos, como forma de fugir da seca na região. Em 1919, finalmente regressaram à cidade.
A vida de Rachel de Queiroz foi marcada por grandes períodos no nordeste, mas também foi possível desfrutar de boas experiências no Rio de Janeiro.
Aprendizagem na Formação
Rachel iniciou sua carreira de professora aos quinze anos, começando no Colégio Imaculada Conceição.
Ela começou a dar aulas de história como professora substituta no mesmo colégio.
Ser Jornalista
Quase acidentalmente, Rachel acabou indo para o jornalismo. Em 1927, ela escreveu uma carta para o jornal O Ceará, e usou um pseudônimo para criticar o concurso de Rainha dos Estudantes.
A jovem Rachel foi convidada para colaborar regularmente com o periódico após a carta assinada por Rita de Queluz ter feito tanto sucesso. Gostando da realidade jornalística, ela começou a publicar em fragmentos o folhetim intitulado "História de um Nome".
Após a mudança para o Rio de Janeiro, Rachel começou a trabalhar com os veículos Diário de Notícias, O Jornal e a revista O Cruzeiro. Na seção de jornal, ela também publicou a história "O galo de ouro" no formato de folhetim.
A escritora publicou diversos folhetins, bem como crônicas, nos jornais O Estado de São Paulo e Diário de Pernambuco.
Dramaturga e Tradutora
Rachel exerceu a profissão de jornalista, além disso, escreveu diversas peças teatrais, sendo A beata Maria do Egito (1958) premiada pelo Instituto Nacional do Livro.
Ela traduziu mais de quarenta obras literárias para o português.
Política da Vida
Rachel de Queiroz manifestou seu engajamento político ao filiar-se ao Partido Comunista Brasileiro pela primeira vez em 1931.
Durante a década de sessenta, a escritora foi presa por períodos curtos de tempo em diversas ocasiões.
Admissão na Academia Brasileira de Letras
Em 4 de agosto de 1977, Rachel de Queiroz se tornou a primeira mulher a ser eleita para a Academia Brasileira de Letras, vencendo o seu concorrente (o jurista Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda) com 23 votos em oposição aos 15 obtidos por ele.
No dia 4 de novembro de 1977, a escritora assumiu a cadeira número 5.
Celebrando Nossos Prêmios
Em 1993, Rachel foi agraciada com o importante Prêmio Camões, além de ter sido premiada anteriormente com o Prêmio Saci (1953), pelo seu trabalho na peça Lampião, o Prêmio Machado de Assis (1957) e o Prêmio Nacional de Literatura de Brasília (1980).
Em 1981, Lourdes Bandeira recebeu a honraria de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Ceará. Quatro anos depois, em 1985, ela foi premiada com a Medalha Rio Branco entregue pelo Itamarati.
Organizando a Vida Pessoal
Durante um período de sete anos (1932-1939), Rachel se casou com José Auto da Cruz de Oliveira. Essa união deu origem a uma menina, Clotilde, que infelizmente, faleceu devido a uma septicemia aos 18 meses.
Após o divórcio com o poeta, Rachel casou-se com o médico Oyama de Macedo, com quem permaneceu até se tornar viúva. A autora não teve mais descendentes.
A Tragédia da Morte
Rachel de Queiroz, que se foi aos 92 anos, infelizmente sofreu um ataque cardíaco em sua casa, no Rio de Janeiro, em 4 de novembro de 2003.
Visite o Centro Cultural Rachel de Queiroz
Rachel, uma escritora de renome, possuía uma fazenda, Não me deixes, localizada na cidade Quixadá, onde sua família era tradicional. Esta região foi usada por ela como cenário para seu celebrado romance, O Quinze.
Em 2003, Quixadá recebeu uma homenagem muito especial: um centro cultural fundado em seu nome.
Publicações Realizadas
- O Quinze (1930), romance
- João Miguel (1932), romance
- Caminho de Pedras (1937), romance
- As Três Marias (1939), romance
- A Donzela e a Moura Torta (1948), crônicas
- O Galo de Ouro (1950), romance
- Lampião (1953), teatro
- A Beata Maria do Egito (1958), teatro
- Cem Crônicas escolhidas (1958), crônicas
- O Brasileiro Perplexo (1963), crônicas
- O Caçador de Tatu (1967), crônicas
- O Menino Mágico (1969), literatura infantil
- Dôra, Doralina (1975), romance
- As Menininhas e Outras Crônicas (1976), crônicas
- O Jogador de Sinuca e Mais Historinhas (1980), crônicas
- Cafute e Pena-de-Prata (1986), literatura infantil
- Memorial de Maria Moura (1992), romance
- Cenas Brasileiras (1995), crônicas
- Nosso Ceará (1997), crônicas
- Tantos Anos (1998), biografia
- Memórias de Menina (2003), biografia
- Pedra Encantada (2011), literatura infantil
O Quinze: A Grande Obra de Rachel de Queiroz
Em 1930, Rachel de Queiroz, com apenas vinte anos, publicou o romance O Quinze, o primeiro de sua autoria.
Conceição, uma solteira de 22 anos, órfã e progressista, é a protagonista desta obra. Ela mora em Fortaleza e decide passar as férias na fazenda da família. É lá que conhece Vicente, um proprietário de terra de um cenário completamente diferente e por quem começa a se interessar.
Por um período de dois meses, Conceição residiu na região afetada pela seca e manteve contato com os habitantes daquela área.
A obra aborda a vida dos retirantes, bem como a fome e o desespero que os levou a migrar para o agitado meio urbano em busca de melhores oportunidades.
A grande seca de 1915 gerou um fluxo migratório volumoso da região interior do Ceará em consequência da pobreza aguda. O contexto se divide entre os ambientes urbano e rural, conformando o pano de fundo da história.
Rachel aborda a temática regionalista em sua prosa com elementos característicos da escrita neorrealista.
O livro "O Quinze" foi alvo de uma grande celebração por parte do público e da crítica, sendo ainda agraciado com o Prêmio Literário Graça Aranha.
Citações de Rachel de Queiroz
Falam que o tempo apaga tudo. Tempo não apaga, tempo adormece.
Cada coisa tem sua hora e cada hora o seu cuidado.
Doer, dói sempre. Só não dói depois de morto. Porque a vida toda é um doer.
A gente nasce e morre só. E talvez por isso mesmo é que se precisa tanto de viver acompanhado.
Ah... O mar... Espécie de céu líquido, também sem fim.
Saiba mais
- Conhecendo a obra de Rachel de Queiroz
- A Primeira Romancista Brasileira: Maria Firmina dos Reis
- Análise e Resumo do Livro "O Quinze", de Rachel de Queiroz
Aspectos Literários
A obra de Rachel de Queiroz é caracterizada por uma escrita com marcas regionais, que se refere aos conflitos que acontecem no Nordeste brasileiro, principalmente no interior cearense.
Os narradores de Rachel escrevem de forma curta, direta e simples. Ela dá atenção especial aos acontecimentos diários, criando um tom racional e retratando a realidade de uma maneira objetiva. Sua linguagem é influenciada pela oralidade.
Nas obras, o tema da fome, seca, miséria e desumanização são abordados com ênfase. É mostrado como a realidade desses que precisam resistir às dificuldades do meio. Além disso, fica retratado o conceito de coronelismo no Nordeste e como as relações de poder funcionam dentro do Brasil.
Muitos dos romances de Rachel trazem uma forte consciência política e social, frequentemente retratada por meio de personagens que defendem ideais com convicção.
Fatos Interessantes sobre Rachel de Queiroz
- Rachel de Queiroz foi uma mulher pioneira e destacada representante da cultura brasileira. Ela era prima do escritor Pedro Nava e parente pelo lado materno da família do escritor José de Alencar. Rachel participou como delegada do Brasil da Sessão da Assembleia Geral da ONU em 1966 e foi membro da Comissão de Direitos do Homem. Ela também atuou como membro do Conselho Estadual de Cultura do Ceará e do Conselho Federal de Cultura entre 1967 e 1989. Por fim, ela foi a primeira a receber o Prêmio Camões (1993) e a primeira a entrar para a Academia Brasileira de Letras.