Os poemas românticos são alguns dos mais maravilhosos versos já escritos e, ao longo dos séculos, têm inspirado aqueles apaixonados por todo o mundo. Conheça nossa seleção abaixo desses poemas que conquistaram os corações dos leitores e que merecem ser compartilhados:
1. Eu Carrego Seu Coração Comigo
Carrego seu coração comigo
Eu o carrego no meu coração
Nunca estou sem ele
Onde quer que vá, você vai comigo
E o que quer eu que faça sozinho
Eu faço por você
Não temo meu destino
Você é meu destino, minha doçura
Eu não quero o mundo por mais belo que seja
Porque você é meu mundo, minha verdade.
Eis o grande segredo que ninguém sabe.
Aqui está a raiz da raiz
O broto do broto e o céu do céu
De uma árvore chamada vida
Que cresce mais que a alma pode esperar
ou a mente pode esconder
E esse é o prodígio que mantém
as estrelas à distância.
Eu carrego seu coração comigo
Eu o carrego no meu coração.
Edward Estlin Cummings (1894 - 1962) é conhecido como um dos mais influentes escritores do século XX. Seu poema de amor publicado em 1952 tornou-se um dos mais conhecidos de todos os tempos e foi amplamente reproduzido na cultura popular.
É uma declaração de amor que resiste ao tempo. O narrador expressa de forma eloquente o que todos os amantes sentem. Quando amamos alguém, essa pessoa está sempre ao nosso lado, em cada ação que tomamos.
Ouça a versão original, falada pelo poeta, em inglês.
2. Soneto do Amor Absoluto, Vinicius de Moraes
Amo-te tanto, meu amor… não cante
O humano coração com mais verdade…
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade
Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em ter corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
A figura por trás do sonho da Bossa Nova, Vinicius de Moraes (1913 — 1980), foi apelidado carinhosamente como o "Poetinha". O escritor e músico era conhecido por suas composições que retratavam sentimentos diversos. Ele escreveu alguns dos poemas mais tocantes da nossa literatura, tornando-se inesquecível para toda a humanidade.
O soneto publicado em 1951 que foi apresentado acima é uma obra que se destaca. O seu sujeito é alguém completamente apaixonado, que se dedica inteiramente ao seu amor. Nas suas estrofes, ele procura expressar todas as facetas do seu amor, mesmo sendo algo aparentemente impossível.
Ouça a poesia recitada por Vinicius:
3. A Paixão e o Fanatismo em Florbela Espanca
Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver.
Não és sequer razão do meu viver
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No mist'rioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!...
"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!..."
A poeta portuguesa Florbela Espanca (1894 — 1930) é muito conhecida por seus versos românticos e íntimos, que refletem o desejo feminino. Ela se tornou uma das autoras mais influentes de Portugal, e sua obra é admirada até os dias de hoje.
Na obra Soror Saudade (1923), o poema evidencia a devoção de um eu-lírico ao amor, sendo que ele dedicou sua vida inteira a isso. O foco principal passa a ser a pessoa amada, que é tratada como se fosse um deus.
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4. Soneto XI de Pablo Neruda
Tenho fome de tua boca, de tua voz, de teu pelo,
e pelas ruas vou sem nutrir-me, calado,
não me sustenta o pão, a aurora me desequilibra,
busco o som líquido de teus pés no dia.
Estou faminto de teu riso resvalado,
de tuas mãos cor de furioso celeiro,
tenho fome da pálida pedra de tuas unhas,
quero comer tua pele como uma intacta amêndoa.
Quero comer o raio queimado de tua beleza,
o nariz soberano do arrogante rosto,
quero comer a sombra fugaz de tuas pestanas
e faminto venho e vou olfateando o crepúsculo
buscando-te, buscando teu coração ardente
como um puma na solidão de Quitratúe.
Eternizado pela paixão de seus versos, Pablo Neruda (1904 — 1973), poeta chileno vencedor do Nobel da Literatura em 1971, foi reconhecido mundialmente.
Cien sonetos de amor (1959) abriga um poema sobre a saudade e a angústia causadas pelo término de um amor. Aquele que foi deixado sente a dor de não mais poder compartilhar aquele sentimento com aquela pessoa que tanto amava.
O sujeito relembra cada detalhe, como se o resto do mundo não existisse. Ele continua procurando por ela, consumido por uma melancolia profunda e pelo desejo de reencontrá-la.
Descubra a versão original do poema em espanhol.
5. Eu Te Amarei de Longe, Cecília Meireles
De longe te hei-de amar
– da tranquila distância
em que o amor é saudade
e o desejo, constância.
Do divino lugar
onde o bem da existência
é ser eternidade
e parecer ausência.
Quem precisa explicar
o momento e a fragrância
da Rosa, que persuade
sem nenhuma arrogância?
E, no fundo do mar,
a Estrela, sem violência,
cumpre a sua verdade,
alheia à transparência.
Cecília Meireles (1901 – 1964) foi uma importante escritora, artista e educadora brasileira. Ela se notabilizou, especialmente, na área da poesia. O amor é um dos temas mais abordados em sua obra, como podemos observar na obra publicada em Canções (1956). Nele, o amor é retratado como algo simples, no entanto, ao mesmo tempo, algo que transcende o tempo e a distância.
O sentimento é descrito nos versos como algo tão natural quanto uma rosa que encanta com o seu perfume, sem precisar ostentar. Do mesmo modo, o eu-lírico ama descomplicadamente, como se a estrela-do-mar vivesse entre as ondas, porque é o seu lugar de origem.
6. Escutando as Estrelas com Olavo Bilac
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
Olavo Bilac (1865-1918) foi um dos mais notáveis poetas e jornalistas da nossa literatura. Um dos principais representantes do Parnasianismo, suas obras são marcadas pela grande carga de romanticismo.
O sujeito que protagoniza o poema "Via Láctea" fala de uma comunicação única e mística com as estrelas, mesmo que os outros não acreditem nessa possibilidade.
O eu-lírico revela seu segredo: o mistério por trás da transformação que está vivendo é o seu amor. Esse sentimento traz magia à sua vida, abrindo-lhe um mundo de possibilidades.
7. Mário Cesariny: Poema
Tu estás em mim como eu estive no berço
como a árvore sob a sua crosta
como o navio no fundo do mar
Mário Cesariny (1923-2006) é reconhecido como um dos maiores expoentes do Surrealismo português. Suas obras, que traduziam emoções universais de modo criativo, destacaram-se pela beleza, entre elas "Pena Capital", de 1957, que se tornou um dos mais belos poemas de amor da literatura portuguesa.
Em apenas três versos, o autor evoca a serenidade e o contentamento que nascem entre duas pessoas apaixonadas. Essas duas pessoas se tornam parte uma da outra, como que se unindo para compartilhar seu passado e seu futuro.
8. Sophia de Mello Breyner: Uma Viagem Através do Deserto do Mundo Juntos
Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei
Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso
Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo
Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento
Sophia de Mello Breyner Andresen (1919 — 2004) é lembrada como uma das mais importantes escritoras portuguesas. Ela foi a primeira mulher a receber o Prêmio Camões, e deixou um grande legado com suas obras de poesia e contos.
Publicada em Livro Sexto (1962), a composição impressionante destaca o relacionamento amoroso como uma grande e desafiadora jornada.
Diante da cruel realidade e seus muitos problemas, esse indivíduo decidiu deixar de lado os sonhos do passado e lutar ao seu lado para conquistar a pessoa amada.
9. Mario Quintana e os Vigilantes Noturnos
Os que fazem amor não estão fazendo apenas amor, estão dando corda ao relógio do mundo.
Mario Quintana (1906 — 1994), o "poeta das coisas simples", foi um escritor brasileiro que conseguia passar profundas mensagens com pouquíssimas palavras.
Nesta obra, intitulada Preguiça como Método de Trabalho (1987), o autor reuniu inúmeras composições curtas, mas repletas de sabedoria.
Nos "Vigilantes Noturnos", o amor é retratado como um elemento fundamental para o funcionamento do mundo. O sentimento romântico é visto como o impulso que dá força à humanidade, o que lhe dá motivação para agir.
Veja também
- Grandes poemas de amor ao longo da história
- 16 Declarações de Amor em Poemas Curtos e Encantadores
- 15 Obras Literárias de Amor Mais Importantes da Literatura Brasileira
10. Eugénio de Andrade e os Amantes Sem Dinheiro
Tinham o rosto aberto a quem passava.
Tinham lendas e mitos
e frio no coração.
Tinham jardins onde a lua passeava
de mãos dadas com a água
e um anjo de pedra por irmão.
Tinham como toda a gente
o milagre de cada dia
escorrendo pelos telhados;
e olhos de oiro
onde ardiam
os sonhos mais tresmalhados.
Tinham fome e sede como os bichos,
e silêncio
à roda dos seus passos.
Mas a cada gesto que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrado penetrava nos espaços.
Considerado um dos maiores poetas portugueses, Eugénio de Andrade (1923 — 2005) ficou conhecido por sua sensibilidade e suas citações à natureza e às tradições populares. A obra "Eugénio de Andrade", publicada em 1950, mostra a realidade de um casal de baixa renda.
Apesar das condições difíceis, eles se mantêm unidos e cheios de esperança. O amor é retratado como algo que pode vencer qualquer sofrimento, dando um toque de otimismo ao texto.
11. Lya Luft - Canção do Amor Sereno
Vem sem receio: eu te recebo
Como um dom dos deuses do deserto
Que decretaram minha trégua, e permitiram
Que o mel de teus olhos me invadisse.
Quero que o meu amor te faça livre,
Que meus dedos não te prendam
Mas contornem teu raro perfil
Como lábios tocam um anel sagrado.
Quero que o meu amor te seja enfeite
E conforto, porto de partida para a fundação
Do teu reino, em que a sombra
Seja abrigo e ilha.
Quero que o meu amor te seja leve
Como se dançasse numa praia uma menina.
A escritora, acadêmica e tradutora brasileira Lya Luft (1938) lançou seu livro "Canção do Amor Sereno" na obra Secreta Mirada (1997).
O eu-lírico implora para que o ser amado se aproxime e deixe de se assustar. Demonstrando seus sentimentos, promete algo mais profundo que suas palavras: oferece carinho, suavidade e liberdade.
12. Carlos Drummond de Andrade e o Amor ao Longo do Tempo
Amor é privilégio de maduros
Estendidos na mais estreita cama,
Que se torna a mais larga e mais relvosa,
Roçando, em cada poro, o céu do corpo.
É isto, amor: o ganho não previsto,
O prêmio subterrâneo e coruscante,
Leitura de relâmpago cifrado,
Que, decifrado, nada mais existe
Valendo a pena e o preço do terrestre,
Salvo o minuto de ouro no relógio
Minúsculo, vibrando no crepúsculo.
Amor é o que se aprende no limite,
Depois de se arquivar toda a ciência
Herdada, ouvida. Amor começa tarde.
O poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade é conhecido como um dos maiores da história. Seus versos muito aclamados abordam temas sobre as relações humanas e as emoções que permeiam nosso mundo.
No poema As Impurezas do Branco (1973), o sujeito descreve sua visão de verdadeiro amor. Este, ele alega, é diferente da paixão intensa característica da juventude - o amor verdadeiro só é possível com a experiência e sabedoria adquiridas com o passar dos anos.
13. Adeus de Alexandre O'Neill em Português
Nesta curva tão terna e lancinante
que vai ser que já é o teu desaparecimento
digo-te adeus
e como um adolescente
tropeço de ternura
por ti.
Alexandre O'Neill (1924-1986) foi um poeta e publicitário português que fazia parte do movimento surrealista. Seus versos eram repletos de referências ao contexto sociopolítico da ditadura em vigor no país.
"Adeus Português" foi publicada em 1958 e é considerada um de seus poemas mais famosos. O poema foi inspirado em um episódio da vida do autor, quando ele conheceu a escritora francesa Nora Mitrani. Aqui está o trecho final da obra:
Eles tiveram uma romance intenso, mas o governo autoritário não deixou que ele partisse com sua amada. Os versos ilustram uma despedida amorosa, cheia de tristeza, entre duas pessoas que não querem se separar.
14. Eu Não Quero Te Ter, Rupi Kaur
não quero ter você
para preencher minhas partes
vazias
quero ser plena sozinha
quero ser tão completa
que poderia iluminar a cidade
e só aí
quero ter você
porque nós dois juntos
botamos fogo em tudo
Rupi Kaur (1992) é uma poeta e artista feminista contemporânea, nascida em Panjabe, Índia. Seu primeiro livro, "Leite e Mel" (2014), contém poemas curtos que refletem sobre relacionamentos amorosos e a jornada de superação das experiências destes.
O eu-lírico não deseja estabelecer laços de dependência com o ser amado, mas sim uma união de almas que se reforçam mutuamente. Nesta composição, ele procura um relacionamento em que nenhum dos dois seja "metade" do outro, mas sim ambos possam viver plenamente.
15. Companhia do Amor: Alberto Caeiro de Fernando Pessoa
O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.
nos seus mistérios e nos ensinamentos simples que ela oferece. Fernando Pessoa, considerado o maior autor português de todos os tempos, teve um dos seus principais heterônimos, Alberto Caeiro. Este focava, em sua literatura, nas belezas da natureza, nos mistérios que ela apresenta e nas lições simples que ela ensina.
Caminhando por um cenário bucólico, o protagonista percebeu uma profunda mudança: sua amada parecia estar por toda parte. O amor havia transformado aquela paisagem, feita de elementos tão familiares, em algo totalmente novo, típico da obra O Pastor Amoroso.
16. Explorando o Tema do Sono em Margaret Atwood
Gostaria de observar-te enquanto dormes,
algo que talvez não ocorra.
Gostaria de observar-te,
enquanto dormes. Gostaria
de dormir contigo, de penetrar
em teu sono enquanto a sua onda suave e escura
desliza sobre minha cabeça
e caminhar contigo através dessa luzente
e ondulante floresta de folhas verde-azuladas
com o seu sol desbotado e três luas
rumo à gruta a que deves descer,
até o pior de teus medos
Gostaria de dar-te o ramo de prata,
a pequena flor branca, a única
palavra que irá proteger-te
da aflição no cerne
do teu sonho, da aflição
no cerne. Gostaria de seguir-te
outra vez pela longa
escadaria e converter-me
no barco que te traria de volta
com cuidado, uma chama
em duas mãos arqueadas
até onde repousa o teu corpo
ao meu lado, no qual adentras
tão facilmente quanto um respiro
Gostaria de ser o ar
que te habita por um momento
apenas. Gostaria de ser tão despercebida
e tão necessária.
Nascida no Canadá em 1939, Margaret Atwood é uma escritora de renome mundial, conhecida principalmente pelos seus romances. Além disso, Atwood é também muito elogiada por seus poemas, tendo "Variação sobre a Palavra Dormir" (1980) como um dos destaques.
Apesar de nunca usar a palavra "amor", os versos expressam um sentimento intenso, a paixão platônica. Os desejos de proximidade são tão extremos que o eu-lírico deseja, literalmente, entrar nos sonhos da pessoa amada e ser o oxigênio de seus pulmões.
Conheça a versão original do poema em inglês: Descubra o poema original em inglês:
17. Mistério do Oceano, Lêdo Ivo
Quando te amo
obedeço às estrelas.
Um número preside
nosso encontro na treva.
Vamos e voltamos
como os dias e as noites
as estações e as marés
a água e a terra.
Amor, respiração
do nosso oceano secreto.
Ivo Lêdo (1924 - 2012) foi um jornalista e escritor brasileiro que muito contribuiu com suas obras de poesia, crônicas, contos e romances. Um exemplo das suas composições poéticas é o poema de amor publicado em "Crepúsculo Civil", de 1990.
O sujeito expressa que aquilo que sente é seu destino, que foi predito pelos astros. Por isso, seus passos como amante são comparados a algo imutável como as marés, ou as transformações inerentes às estações do ano.
18. Manuel António Pina - Amor como em Casa
Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.
Manuel António Pina (1943 – 2012) foi um destacado poeta português que recebeu o Prêmio Camões em 2011. Publicado em 1974, seu trabalho poético conta a história de um amor tranquilo, repleto de harmonia e conforto.
Através de pequenas coisas do dia a dia, o relacionamento entre as pessoas se assemelha ao lar do indivíduo, um lugar onde o mesmo encontra serenidade.