Bilhete de Mario Quintana: Um Poema


Escrito por Carolina Marcello

"Ame-me baixinho, assim" – assim começa o poema "Bilhete", de Mario Quintana, que é extremamente popular.

Nariz de Vidro, de 2003, é uma obra de poesia infantojuvenil escrita pelo autor. O poema aborda o amor delicadamente e com grande sabedoria.

Bilhete, de Mario Quintana: Um Poema

Se tu me amas, ama-me baixinho

Não o grites de cima dos telhados

Deixa em paz os passarinhos

Deixa em paz a mim!

Se me queres,

enfim,

tem de ser bem devagarinho, Amada,

que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...

Verifique abaixo a leitura do poema no projeto Toda Poesia.

Interpretação do poema Bilhete

O poema possui um título que sugere seu conteúdo: é uma mensagem do poeta para uma mulher que ele ama. Ele se assemelha aos papéis que a gente costumava dar aos namorados na adolescência, com declarações de amor.

O poema adota um timbre inocentemente juvenil, bem diferente do que se esperaria de um bilhetinho de amor.

Aqui, não é a paixão e suas consequências destrutivas que são glorificadas. O que está em jogo é algo diferente, algo mais do que o fogo ardente que consome tudo em volta.

Se tu me amas, ama-me baixinho

Não o grites de cima dos telhados

Deixa em paz os passarinhos

Deixa em paz a mim!

O eu-lírico expressa claramente suas necessidades e expectativas em relação ao relacionamento. Ele deseja ser amado "discretamente", sem anunciar ou exibir para o mundo, não desejando causar nenhum tipo de interferência na vida dos outros.

Ele já não busca pela agitação. Ao contrário, ele diz que precisa de tranquilidade, para si e para o mundo a sua volta. Para o sujeito, o relacionamento deve ser vivido em conjunto. É essencial que sejam respeitados o espaço e o tempo do parceiro.

Se me queres,

enfim,

tem de ser bem devagarinho, Amada,

que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...

Se você deseja conquistar o meu coração, há algumas coisas que você deve fazer. Seja gentil, mostre que me valoriza e que tem interesse em conhecer um pouco mais sobre mim. Demonstre que me aceita pelo que sou e que está disposta a me fazer feliz e a viver algo intenso e especial. Se tiver esses atributos, certamente terá a possibilidade de me conquistar e manter o meu amor.

De sua opinião, o amor deve se desenvolver aos poucos, pois a confiança, a intimidade e os laços entre duas pessoas não são algo que se crie rapidamente.

Embora possa parecer contraditório, lembramos que a vida é passageira e o amor ainda mais. No entanto, não significa que devamos tomar decisões apressadas. A mensagem não é desalentadora, pois a natureza efêmera das coisas faz parte da experiência humana.

Todas as lições aprendidas durante a vida são importantes para encarar o amor com calma, delicadeza e cuidado. Estes são os ensinamentos de alguém que já conheceu algumas dificuldades nos relacionamentos.

Aprender a amar de forma leve, simples e harmoniosa é o que devemos fazer, ao invés de tratar o amor como uma questão "de vida ou morte" ou buscar o "felizes para sempre" de forma desesperada.

Interpretação do poema

Os bilhetes são poemas curtos de linguagem acessível, destinados às gerações mais jovens. Porém, carregam consigo uma mensagem de maturidade e equilíbrio que pode influenciar positivamente pessoas de todas as idades.

O sujeito precisa buscar uma harmonia consigo mesmo e com o seu parceiro. Além disso, é importante respeitar a natureza, as demais pessoas e o fluxo do tempo.

A felicidade é considerada uma combinação de todos os elementos necessários para um relacionamento satisfatório. Só dessa forma, um vínculo verdadeiro será preservado e desfrutado por ambos.

De uma forma incomum, o poema traz à tona uma visão objetiva e prática da vida, das interações humanas e das necessidades de cada indivíduo.

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A Vida e Obra de Mario Quintana

A figura de Mario Quintana, poeta brasileiro nascido em 1906 e falecido em 1994, é muito querida pelos leitores de língua portuguesa. Suas obras continuam conquistando novas gerações, tornando-se um dos maiores representantes da poesia nacional.

Retrato de Mario Quintana.

O que nos encanta é a linguagem acessível e direta de Mario. Parece que ele escreve para nós, como se estivesse conversando conosco.

A obra "Bilhete" é uma composição cheia de inteligência e doçura, que nos oferece mensagens ricas e ensinamentos preciosos com apenas alguns versos.

Carolina Marcello
Escrito por Carolina Marcello

Formou-se em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e possui mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes pela mesma instituição. Durante os estudos universitários, foi co-fundadora do Grupo de Estudos Lusófonos da faculdade e uma das editoras da revista da mesma, que se dedica às literaturas de língua portuguesa.