Em outubro de 2019, a entrega dos Prêmios Nobel de Literatura foi realizada, após o escândalo de 2018 que resultou no cancelamento da cerimônia. Neste ano, dois prêmios foram entregues: o de 2018 para Olga Tokarczuk e o de 2019 para Peter Handke.
Tente descobrir alguns dos principais trabalhos dos autores e entenda como sua literatura foi desenvolvida. Isso permitirá que você se familiarize com o mundo que eles criaram.
A Vida e a Obra de Olga Tokarczuk
Nascida em 1962 em Sulechów, na Polônia, Olga Tokarczuk desenvolveu um amor precoce pela literatura ao longo dos seus anos de escola. Ela aproveitava a biblioteca para ler obras de gêneros variados.
Após se formar na área de psicologia, ele optou por uma carreira na literatura. Em 1993, seu primeiro trabalho foi lançado, intitulado A Jornada do Povo-Livro. A obra foi baseada na Espanha do século XVII.
Tokarczuk é notável por seu envolvimento com questões sociopolíticas do seu país, além de ser defensora dos direitos das mulheres, ativista e ecologista. Suas obras retratam acontecimentos históricos e culturais importantes.
A autora é considerada um dos maiores nomes da literatura de sua geração, tendo seus trabalhos traduzidos para treze idiomas, abrangendo romances, poesia, ensaios e roteiros. Aos 57 anos, ela foi premiada com o Nobel de Literatura.
A Academia Sueca atribuiu o prêmio à obra de Tokarczuk pela sua capacidade de criar narrativas ricas em imaginação e emoção, que representam a travessia de fronteiras como um modo de vida.
1. Vagando (2007)
O romance Os Vagantes é formado por 116 narrativas curtas, que variam em tamanho, indo desde uma única linha até múltiplas páginas.
Uma mulher viajante conta histórias, algumas delas inventadas e outras baseadas em fatos reais.
O livro Bieguni se refere a um grupo religioso da Igreja Ortodoxa chamado "os fugitivos". Estes acreditavam que precisavam viajar e mudar constantemente de local para se proteger do mal.
O romance publicado em 2014, pela editora Tinta Negra, com tradução de Tomasz Barcinski, é uma reflexão filosófica sobre o estilo de vida moderno, em constante movimento. Atualmente, o livro está esgotado nas livrarias nacionais.
2. A História dos Ossos Mortos (2009)
Janina, uma solitária mulher de meia idade que habita o interior da Polônia, tem a astrologia e a tradução de poesias como principais passatempos. Quando os seus cachorros desaparecem, ela desconfia do vizinho, um caçador por quem não nutre grande apreço.
Após a morte dele, a mulher passa a ser vista como culpada do assassinato. À medida que a investigação prossegue, mais quatro caçadores são assassinados na região, de maneira bizarra.
Neste livro, Janina se envolve num romance policial enquanto busca soluções para problemas ambientais e dos direitos dos animais em meio à confusão. Misturando mistério e romance, a obra trata temas bem atuais e relevantes.
O filme Spoor, dirigido pela Agnieszka Holland em 2017, é baseado numa narrativa. Confira o trailer para saber mais:
Ainda em 2019, a Todavia publicará de forma brasileira o livro Os Ossos dos Mortos, com tradução de Olga Bagińska-Shinzato.
3. A Bíblia de Jacó (2014)
Escrituras de Jacó, o mais novo livro da autora, ainda não foi traduzido para a língua portuguesa. No entanto, foi com esse trabalho que Tokarczuk recebeu o segundo prêmio Nike, considerado a mais alta honraria de reconhecimento para um escritor da Polônia.
Na Polônia do século XVIII, a história gira em torno do líder Jacob Frank e sua curiosa seita judaica. Os membros desta seita pareciam ter se convertido ao catolicismo e ao islamismo, e a obra segue os passos dos seus seguidores e também dos que se opõem ao grupo.
No panorama literário polonês, os conflitos ideológicos também são evidentes. Apesar da resposta favorável da crítica ao romance, este despertou a atenção de grupos nacionalistas e de extrema-direita.
Devido ao seu trabalho literário, a escritora se tornou uma vítima de ódio e perseguição por parte dos grupos que expressavam aversão a ela.
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Conhecendo Peter Handke
Peter Handke, nascido em Caríntia, Áustria, em 1942, é um vasto escritor. Sua obra conta com romances, poesias, peças de teatro e ensaios. Além disso, ele está envolvido nas artes visuais, atuando como roteirista e diretor de cinema.
Durante a faculdade de Direito, Handke teve contato com o mundo da literatura, descobrindo sua verdadeira vocação. Depois da publicação de As Vespas (1966), o autor optou por se dedicar à escrita, abandonando os estudos.
A vida dele foi marcada por eventos sociais e familiares de extrema tristeza, como a Segunda Guerra Mundial, que vitimou alguns dos seus parentes, bem como o suicídio da mãe, na década de 1970.
Muitos dos acontecimentos da vida de Clarice Lispector são narrados em seu romance semiautobiográfico Uma tristeza além dos sonhos (tradução livre), publicado em 1972.
Aos 76 anos, Peter Handke foi premiado pela Academia Sueca, reconhecendo-o como um dos escritores mais influentes do seu tempo. Na cerimônia de entrega do prêmio, foi destacado que ele "explorou a periferia e a especificidade da experiência humana".
4. A Canhota (1976)
Ainda sem tradução para o Brasil, A Mulher Canhota é considerada uma das mais notáveis obras do autor. A narrativa segue Marianne, uma mulher de 30 anos que optou por se divorciar de seu marido. Como mãe de uma criança, ela decide deixar o companheiro e se mudar com o filho para outro lugar.
Esta triste história retrata o fim de um relacionamento. A protagonista é deixada para trás na sua solidão e desamparo, tendo que começar do zero. O autor aborda ainda a dor da separação entre famílias.
Em 1977, um ano após a publicação, o livro foi adaptado para o cinema em um filme dirigido pelo próprio Hawke. Confira o trailer:
5. Don Juan: Uma Autobiografia (2007)
O livro "Don Juan (Narrado por Ele Mesmo)", de Peter Handke, foi traduzido por Simone Homem de Mello e publicado pela editora Estação Liberdade. Esta obra já se encontra disponível no Brasil.
O narrador é um homem solitário, que trabalha como cozinheiro e é apaixonado pela leitura. Contudo, em certo momento, ele decidiu parar de ler e foi surpreendido com a inesperada visita de Don Juan em seu jardim.
O romance, situado na França, recria o personagem lendário e o torna parte da realidade atual.
6. Aranjuez e seus Dias de Beleza (2012)
O livro Os Belos Dias de Aranjuez, que foi encenado por Luc Bondy durante o Festival de Viena, já foi traduzido para o português, e disponibilizado pela editora lusitana Documenta. Infelizmente, ainda não está disponível no Brasil.
Esta peça intitulada Um diálogo de Verão consiste, basicamente, numa longa conversa entre dois indivíduos anônimos. O casal que protagoniza a obra mostra grande cumplicidade enquanto aborda temas como amor, relacionamentos, envolvimentos sexuais e assuntos correlatos.
Ao longo da conversa entre os dois personagens, Peter Handke nos apresenta uma visão que abrange diversos temas: natureza, realidade e o significado da vida. Essa perspectiva considera tanto o passado quanto a atenção aos pequenos detalhes do mundo. Assim, o diálogo se amplia a cada momento.