Biografia de Norberto Bobbio: Vida e Obra


Escrito por Rebeca Fuks

O intelectual italiano Norberto Bobbio (1989-2004) influenciou profundamente a discussão sobre a democracia e os direitos humanos. Ele proporcionou uma contribuição inestimável para o debate sobre esses temas.

O jurista foi um dos mais destacados acadêmicos do século passado, tendo, ainda, atuado como ativista político numa Itália que experiementava tempos turbulentos.

A Vida e Obra de Norberto Bobbio

Norberto Bobbio foi reconhecido como um dos maiores filósofos da democracia e destacou-se como um forte defensor dos direitos humanos. Sua carreira obteve grande sucesso, não só em sua terra natal, a Itália, como também em diversos outros países do mundo.

Bobbio acompanhou de perto as mudanças sociais e políticas durante quase todo o século XX (1909-2004). Ele presenciou as duas grandes guerras mundiais, bem como o surgimento e a queda do comunismo, do nazismo e do totalitarismo.

A História do Democratismo

Norberto Bobbio nasceu no dia 18 de outubro de 1909, em meio a uma família tradicional. Seu pai, Luigi Bobbio, era médico cirurgião, enquanto o avô, Antonio Bobbio, era o diretor de uma escola na região em que viviam. Além disso, o avô de Norberto contava com grande prestígio na localidade, tendo escrito para vários jornais locais.

“Por muitos anos, tivemos luxo e lazer”. A família Bobbio gozou de um ambiente de conforto e status social durante o período descrito na autobiografia do filósofo: “Desfrutamos de luxos e momentos de lazer durante muitos anos".

vivíamos em uma bela casa, com dois empregados domésticos, além de um motorista particular (...) e dois automóveis

A Educação Acadêmica de Norberto Bobbio

Ele recebeu seus diplomas de Direito e Filosofia da Universidade de Turim em 1931 e 1933, respectivamente.

A Relevância da Política

Em 15 de maio de 1935, Bobbio foi preso ao lado de alguns membros do grupo Justiça e Liberdade, devido a razões políticas. Esta foi a primeira das duas vezes que Bobbio foi preso por motivos políticos.

"Eu sabia que não havia nenhum motivo para me prenderem, mas como o sistema era o que era, eu não tinha direito a defesa". Norberto assinalou em sua autobiografia acerca da sua última prisão, ocorrida em fevereiro de 1944, quando sua esposa estava grávida: "Eu sabia que não havia nenhuma razão para me aprisionarem, contudo, tendo em consideração o sistema em vigor, eu não dispunha de direitos para me defender".

Nossa vida foi abalada. Todos nós passamos por dolorosas experiências: medo, fugas, detenções, encarceramentos. E perdemos pessoas queridas. Por tudo isso e depois de tudo, jamais voltamos a ser quem éramos antes. Nossa vida dividiu-se e duas partes, um "antes" e um "depois"

Bobbio foi um ativo combatente contra o fascismo. Participou do movimento Justiça e Liberdade, juntamente com socialistas e liberais, na tentativa de derrubar o ditador Mussolini. Ele aderiu à Resistência com a intenção de vencer o regime.

Bobbio 1961

Norberto foi responsável por reestruturar a política na Itália após a segunda guerra mundial, mesmo tendo concorrido apenas uma vez a um cargo público e não tendo sido eleito. Ele participou ativamente do jogo democrático do país.

Ascensão Acadêmica

Bobbio lecionou Filosofia do Direito na Universidade de Turim entre 1948 e 1972 e Filosofia Política de 1972 a 1979.

Ele lecionou também nas Universidades de Camerino, Pádua e Siena.

O intelectual foi o fundador da primeira cátedra de Ciências Sociais da Itália e, em 1950, uniu-se a colegas para fundar, em Veneza, a Sociedade Europeia de Cultura (SEC). Mais tarde, tornou-se presidente honorário da referida instituição.

Ao paralelo de suas obras principais, sempre escreveu artigos para revistas e jornais, divulgando o seu conhecimento.

Aposentado do meio acadêmico, ele prosseguiu escrevendo trabalhos para a mídia.

A Presença de Norberto Bobbio no Brasil

Em setembro de 1982, o intelectual foi convidado pela Universidade de Brasília e pela Faculdade de Direito da USP para visitar o Brasil acompanhado da esposa.

O acadêmico esteve presente em um evento da série Encontros da UnB, que aconteceu em Brasília, e também participou de duas conferências em São Paulo.

Valorização do Reconhecimento

Norberto Bobbio foi professor emérito da Universidade de Turim, formou-se lá e lecionou durante toda a sua vida. Além disso, tornou-se professor emérito em várias universidades internacionais, incluindo as localizadas em Buenos Aires, Paris e Madrid.

Em 1984, o então presidente da Itália, Sandro Pertini, entregou ao senhor um título de senador vitalício em homenagem ao seu país de origem.

Vida Privada

Em 28 de abril de 1943 Norberto Bobbio e Valeria Cova se casaram e permaneceram conjuges por mais de cinco décadas. Juntos tiveram três filhos: Luigi, Andréa e Marco.

O Falecimento do Intelectual

Norberto Bobbio, nascido em Turim, Itália, faleceu aos 94 anos, no dia 9 de janeiro de 2004, no Hospital Molinette, na sua cidade natal.

A Obra de Norberto Bobbio

Em 1951, Norberto Bobbio ministrou uma aula sobre a Declaração Universal dos Direitos do Homem no dia 4 de maio, em Turim. Depois disso, ele passou a escrever com maior frequência para disseminar o seu conhecimento.

Bobbio tinha interesse profundo nos direitos humanos, na política, na ética, no papel do Estado e no direito. Ele era um grande defensor dos direitos sociais, como educação, saúde e trabalho.

"O Código da Vinci", "O Símbolo Perdido" e "Anjos e Demônios". Dan Brown teve três obras publicadas em português: "O Código da Vinci", "O Símbolo Perdido" e "Anjos e Demônios".

  • Liberdade e igualdade na filosofia política moderna (1986)
  • Qual socialismo? (1987)
  • Thomas Hobbes (1991)
  • Igualdade e Liberdade (1996)
  • Diário de um Século (1997)
  • O Tempo da Memória (1997)
  • Locke e o Direito Natural (1997)
  • Os Intelectuais e o Poder (1997)
  • Ensaios Sobre Gramsci e o Conceito de Sociedade Civil (1999)
  • As Ideologias e o Poder em Crise (1999)
  • Teoria Geral da Política (2000)
  • O Futuro da Democracia (2000)
  • Entre Duas Repúblicas (2001)
  • Ensaios sobre Ciência Política na Itália (2002)
  • Diálogo em Torno da República (2002)
  • O Problema da Guerra e as Vias da Paz (2003)
  • A Era dos Direitos (2004)
  • O Final da Longa Estrada (2005)
  • Nem com Marx, Nem Contra Marx (2006)
  • O Positivismo Jurídico (2006)
  • Da Estrutura à Função: Novos Estudos de Teoria do Direito (2007)
  • Direitos e Deveres na República: Os Grandes Temas da Política e da Cidadania (2007)
  • Do Fascismo à Democracia (2007)
  • Dicionário de Política (2007)
  • Direito e Poder (2008)
  • O Terceiro Ausente: Ensaios e Discursos sobre a Guerra (2009)
  • Qual Democracia? (2010)
  • Elogio da Serenidade

Citações de Norberto Bobbio

Cada vez sabemos menos.

A ditadura corrompe o espírito das pessoas. Constrange à hipocrisia à mentira ao servilismo.

Meu respeito pelos clássicos chegou ao ponto de nunca ter ousado, para retomar a conhecida imagem, subir nas costas deles, um anão nas costas dos gigantes, mais alto que eles unicamente por estar sobre suas costas. Sempre tive a sensação de que se tivesse feito isso, um deles teria o direito de dizer, um tanto aborrecido:

- Faça-me o favor, desça e tome o seu lugar, que é aos meus pés

A razão fundamental pela qual em algumas épocas da minha vida tive algum interesse pela política ou, com outras palavras, senti, senão o dever, palavra ambiciosa demais, ao menos a exigência de me ocupar da política e algumas vezes, embora bem raramente, de desenvolver atividade política, sempre foi o desconforto diante do espetáculo das enormes desigualdade, tão desproporcionais quanto injustificadas, entre ricos e pobres, entre quem está em cima e quem está embaixo na escala social, entre quem tem poder, vale dizer, capacidade de determinar comportamento dos outros, seja na esfera econômica, seja na esfera política e ideológica, e quem não o tem

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Rebeca Fuks
Escrito por Rebeca Fuks

É graduada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), possui mestrado em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutorado em Estudos de Cultura pelas Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).