Nelson Rodrigues tornou-se célebre como autor de crônicas, contos, romances, folhetins e dezessete peças de teatro, que o consagram como dramaturgo até os dias de hoje. Suas peças ainda são frequentemente remontadas e adaptadas para produções audiovisuais.
O autor modernista, membro da Geração de 45, foi um artista marcante na literatura brasileira: mostrou-se provocador, criou conteúdos originais, foi revolucionário e teve coragem para isso.
A Vida de...
A Origem
Nascido em Recife, no dia 23 de agosto de 1912, Nelson Falcão Rodrigues foi o quinto filho do jornalista e deputado Mário Rodrigues e da Maria Esther Falcão. Seu pai trabalhava no Jornal do Recife.
Nelson possuía uma família numerosa, composta por treze irmãos: Milton, Roberto, Mário Filho, Stella, Joffre, Maria Clara, Augustinho, Irene, Paulo, Helena, Dorinha, Elisinha e Dulcinha.
Em 1917, a família se mudou para o Rio de Janeiro e estabeleceu-se na Zona Norte da cidade.
Nelson Rodrigues, um Jornalista
Ainda com 13 anos, Nelson Rodrigues foi nomeado repórter policial nos jornais A Manhã e Crítica, ambos do seu pai, Mário Rodrigues.
Em 1932, o jornal O Globo passou a ser o local de trabalho de Mário. Ele também atuou nos Diários Associados posteriormente.
No jornal Última hora, ele assinou muitos artigos esportivos, policiais, de opinião e crônicas durante sua carreira jornalística. Seu trabalho mais conhecido foi a coluna A vida como ela é, que foi publicada por 10 anos (1951-1961).
Assinando a coluna Meu destino é pecar como Suzana Flag, Nelson produziu transcritos que se tornaram sete livros.
Criação de Conteúdo Audiovisual para Televisão e Cinema
Nelson, um escritor Fluminense de carteirinha, participou também de várias mesas-redondas sobre futebol na televisão. É importante lembrar que ele era um grande fã do Fluminense.
Em 1963, o jornalista escreveu uma novela intitulada A morta sem espelho para a televisão (TV Rio).
Nelson, além de adaptar vários de seus textos para cinema, também colaborou na escrita de alguns roteiros, incluindo o de A dama do lotação.
O Caminho da Doença do Escritor
Em abril de 1934, Nelson contraiu uma tuberculose e foi internado em um sanatório em Campos do Jordão.
O autor foi obrigado a permanecer no hospital por 14 meses, adiando assim todos os seus projetos naquele momento.
Teatro Escrito
Em 1941, Nelson estreou seu primeiro trabalho para o teatro: A mulher sem pecado.
A peça Vestido de Noiva, que foi a segunda produção de sua carreira, sofreu uma direção de Zbigniew Ziembinski, um polonês. Ao ser exibida no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, obteve um grande êxito. Por conta disso, ainda é considerada hoje como um marco do teatro moderno brasileiro.
Álbum de família (1946) foi a terceira peça composta por este autor. Infelizmente, ela foi censurada e só foi liberada na década de sessenta. Ao todo, ele escreveu dezessete peças para o teatro, muitas das quais foram alvo da repressão política e religiosa por abordarem assuntos polêmicos.
A Ditadura Militar e o Contestador Nelson Rodrigues Filho
Nelson Rodrigues Filho, descendente de Nelson Rodrigues, foi uma figura importante do grupo de esquerda que lutou contra a ditadura militar. A atuação desse grupo foi suprimida pelo regime, e Nelson Rodrigues Filho acabou sendo capturado.
O rapaz sofreu torturas e permaneceu aprisionado até 1979.
Nelson Rodrigues: Uma Vida Pessoal
Em 1940, o escritor se uniu a Elza Bretanha, com quem teve dois filhos: Joffre e Nelson Filho.
Yolanda Camejo teve três filhos com um relacionamento extraconjugal: Sonia, Maria Lúcia e Paulo César.
Após o divórcio de Elza, Lúcia Cruz Lima tornou-se a companheira de Henrique e juntos tiveram uma filha chamada Daniela.
Nelson foi casado com Elza por primeiro, mas se divorciou dela em 1977 para casar-se com Helena Maria. Mais tarde, ele e Helena se divorciaram e Nelson voltou para Elza.
A Trágica Partida do Escritor
Em 21 de dezembro de 1980, Nelson Rodrigues, residente do Rio de Janeiro, faleceu aos 68 anos de idade, vitimado por uma insuficiência vascular cerebral. Anteriormente, ele havia passado por sete paradas cardíacas.
Ruy Castro e a Biografia de Nelson Rodrigues
Em 1992, Ruy Castro lançou o livro intitulado O Anjo Pornográfico - A vida de Nelson Rodrigues, uma biografia dedicada ao autor brasileiro.
Para escrever seu livro, Ruy fez mais de cem entrevistas com aqueles que estiveram próximos ao autor. Além dessas conversas, ele também teve acesso a arquivos, anotações e recortes de jornais. Por fim, Ruy contou com a colaboração de amigos e parentes do autor, que cederam fotografias para serem incluídas na obra.
Citações de Nelson Rodrigues
No Brasil, quem não é canalha na véspera é canalha no dia seguinte.
A liberdade é mais importante do que o pão.
O amor entre marido e mulher é uma grossa bandalheira. É degradante que um homem deseje a mãe de seus próprios filhos.
Os homens mentiriam menos se as mulheres fizessem menos perguntas.
Dinheiro compra até amor verdadeiro.
Deus está nas coincidências.
Só o cinismo redime um casamento. É preciso muito cinismo para que um casal chegue às bodas de prata.
Explorando o Mundo das Leituras
Nelson Rodrigues escreveu 17 peças teatrais, que formam parte de sua obra dramatúrgica. Estas são:
- A Mulher Sem Pecado (1941)
- Vestido de Noiva (1943)
- Álbum de Família (1945)
- Anjo Negro (1946)
- Senhora dos Afogados (1947)
- Dorotéia (1950)
- Valsa Nº 6 (1951)
- A Falecida (1953)
- Perdoa-me por me Traíres (1957)
- Viúva, Porém Honesta (1957)
- Os Sete Gatinhos (1957)
- Boca de Ouro (1959)
- O Beijo no Asfalto (1961)
- Otto Lara Resende ou Bonitinha, Mas Ordinária (1962)
- Toda Nudez Será Castigada (1965)
- Anti-Nelson Rodrigues (1973)
- A Serpente (1978)
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Análise das Obras de Nelson Rodrigues
O trabalho de Nelson Rodrigues abrangia questões polêmicas, tais como o incesto, a doença, a morte, o suicídio, a traição e o adultério.
Ao abordar questões polêmicas e revolucionárias, o autor procurava mostrar a dualidade das personagens, entre a máscara social que elas usam e a verdade íntima que elas escondem.
Nelson buscava representar a realidade de forma autêntica, sem adornos, frequentemente com um humor sarcástico e empregando uma linguagem simples e informal.
Nelson, dono de uma personalidade inquieta, foi muito produtivo ao longo de sua carreira. Seus trabalhos iam desde o jornal, passando pelo teatro, pela televisão e chegando ao cinema, sempre com o objetivo de provocar o leitor e colocá-lo em uma posição de desconforto e reflexão.