Confortavelmente Anestesiado: A Música de Pink Floyd


Escrito por Carolina Marcello

A sexta faixa do álbum duplo The Wall, do conjunto Pink Floyd, é a faixa intitulada "Comfortably Numb". Esta faixa está presente no segundo disco do álbum.

Em 1979, o guitarrista David Gilmour e o baixista Roger Waters juntaram-se para criar um dos maiores sucessos do grupo britânico: uma música que pasou à história como um dos clássicos do rock.

Composição de Letras

Hello

Is there anybody in there?

Just nod if you can hear me

Is there anyone at home?

Come on now

I hear you're feeling down

I can ease your pain

And get you on your feet again

Relax

I need some information first

Just the basic facts

Can you show me where it hurts

There is no pain, you are receding

A distant ship smoke on the horizon

You are only coming through in waves

Your lips move

but I can't hear what you're saying

When I was a child I had a fever

My hands felt just like two balloons

Now I've got that feeling once again

I can't explain, you would not understand

This is not how I am

I have become comfortably numb

I have become comfortably numb

Ok

Just a little pin prick

There'll be no more

But you may feel a little sick

Can you stand up?

I do believe it's working, good

That'll keep you going, through the show

Come on it's time to go

There is no pain you are receding

A distant ship smoke on the horizon

You are only coming through in waves

Your lips move

but I can't hear what you're saying

When I was a child

I caught a fleeting glimpse

Out of the corner of my eye

I turned to look but it was gone

I cannot put my finger on it now

The child is grown

The dream is gone

And I have become comfortably numb

Apesar do senso comum relacionar Comfortably numb à experiência de consumo de drogas, Roger Waters, seu autor, afirma que não é o caso.

O álbum duplo The Wall (1979) conta a história emocional de Pink. Esta canção faz parte da trilha sonora do filme baseado no álbum que narra a jornada deste personagem. Ocorre uma cena particularmente impactante, na qual Pink se encontra em seu quarto de hotel, recém-afetado por drogas, incapaz de se apresentar no concerto programado para aquela noite.

Em meio a uma de suas viagens ao passado, Pink é interrompido enquanto está entorpecido. Quando invadem o quarto do hotel, despertam-no.

Um médico aplica uma injeção que o tirará da sua intoxicação, assegurando que ele possa ainda comparecer ao show daquela noite.

O início da letra apresenta um indivíduo solitário, como se estivesse desorientado, e uma solicitação de assistência, sem saber exatamente a quem se dirige.

Hello

Is there anybody in there?

Just nod if you can hear me

Is there anyone at home?

Aos poucos, percebemos que alguém está fraco, triste, sem energia e desligado da realidade.

Aqueles que têm a oportunidade de se manifestar na música, deixam sua voz ouvir. Eles perguntam por detalhes, querem saber onde dói e se é possível retomar o equilíbrio.

Apesar da imagem criada a partir da música apresentar alguém que consome entorpecentes e é desconectado com a realidade, o autor e a letra indicam que se trata de um momento da infância de Rogers, nos quais ele ficou doente.

a modernidade é retratada com três diferentes personagens, cada um deles com seu próprio estilo. A modernidade é retratada por meio de três personagens distintos, cada qual com seu próprio visual.

When I was a child I had a fever

My hands felt just like two balloons

Quando adulto, a mesma sensação se repetiu várias vezes: era como se tivesse entrado em um estado de êxtase, completamente transportado.

Roger Waters foi ao show na Arena Spectrum, em Filadélfia, no dia 29 de junho de 1977, durante um dos picos da hepatite. Lá, o médico aplicou uma injeção para aliviar a dor que ele sentia, pensando tratar-se de algum problema muscular. Esta experiência inspirou Roger Waters a escrever parte de sua letra.

Just a little pin prick

There'll be no more

Harm

But you may feel a little sick

Can you stand up?

I do belive it's working, good

Em algumas ocasiões, o compositor se desconectava da realidade devido a picos de febre ou dores. Waters recorda:

Lembro-me de ter sofrido de algo como uma gripe, que me deixou com uma alta febre acima de 40° e me causou delírios. Não foi nada divertido, como muitos podem imaginar, foi realmente horrível.

A letra de Comfortably numb tem a intenção de representar situações individuais vividas pelo compositor; no entanto, é muito provável que o ouvinte já tenha passado por algum momento de dificuldade, no qual se sentiu "confortavelmente entorpecido".

Depois que o médico chega e o medicamento é administrado, a situação começa a melhorar. O protagonista já não está mais mergulhado em sua solitária desesperação. Ele se levanta, pronto para realizar o show, demonstrando assim sua capacidade.

That'll keep you going, through the show

Come on it's time to go

A Arte da Composição Musical

A melodia de Comfortably numb surgiu antes da letra, sendo escrita por Dave Gilmour enquanto trabalhava em seu álbum solo de 1978.

Ao gravar The Wall, Gilmour trouxe o material para Roger Waters avaliar e escrever letras (provavelmente). No fim, foi o baixista quem compôs os versos de Comfortably numb.

Muitos associam a música a reações causadas pelo uso de drogas, mas, para o artista, a criação é um processo que o faz regressar à infância quando está doente.

"Estou passando por um processo de aproximação da minha própria morte. Quando eu me coloco nessa posição, acho que consigo ver a vida com mais clareza". Roger Waters já foi capaz de sentir seus próprios limites. Durante uma entrevista à revista Mojo em dezembro de 2009, o músico afirmou: "Estou em um processo de me aproximar da minha morte. Quando faço isso, é possível que eu veja a vida de forma mais apurada".

"When I was a child I had a fever / My hands felt just like two balloons" são versos autobiográficos. Eu me lembro quando era criança e tinha gripe ou alguma outra doença, uma infecção qualquer, quando a temperatura subia muito, eu entrava em delírio. Não era como se as minhas mãos, de fato, aparentassem balões, mas eu olhava para elas e sentia que eram enormes, assustadoras.

Em uma entrevista realizada na década de 80, em Los Angeles, Waters falou sobre sua música e sobre a hepatite que ele estava passando, sem saber que era essa a doença que ele estava sofrendo.

A canção "Comfortably Numb" foi a última música criada pelos parceiros Waters e Gilmour antes de Waters deixar os Pink Floyd em 1986. Infelizmente, em 2008, o trágico falecimento do tecladista Richard Wright, que foi vítima de um câncer devastador, marcou o fim do grupo.

Em 2014, a banda se reuniu para lançar seu primeiro álbum original em 20 anos, Endless River. Ao longo de sua carreira, o conjunto lançou 15 álbuns originais, começando com The Piper at the gates of Dawn, lançado em 1967.

Traduzindo para o Sucesso

Olá!

Há alguém aí dentro?

Só acene com a cabeça se você consegue me ouvir

Há alguém em casa?

Vamos, vamos, agora

Ouço dizer que você anda deprimido

Posso aliviar sua dor

Pôr você em pé de novo

Relaxe!

Eu preciso de alguma informação primeiro

Apenas os fatos básicos

Você poderia me mostrar onde dói?

Não há nenhuma dor, você está recuando

Um navio distante soltando fumaça no horizonte

Você só está sendo captado em ondas

Seus lábios se movem

Mas não consigo ouvir você

Quando era criança, tive uma febre

Minhas mãos me pareciam dois balões

Agora tenho essa sensação mais uma vez

Não consigo explicar, você não entenderia

Não é assim que eu sou

Me tornei confortavelmente entorpecido

Me tornei confortavelmente entorpecido

Ok!

Apenas uma picadinha de agulha

Não haverá mais

Mas você poderá se sentir um pouco enjoado

Você consegue se levantar?

Acredito mesmo que esteja funcionando, bom!

Isso o fará aguentar fazer o show

Vamos, está na hora de irmos

Não há nenhuma dor, você está recuando

Um navio distante soltando fumaça no horizonte

Você só está sendo captado em ondas

Seus lábios se movem

Mas não consigo ouvir você

Quando era criança

Eu peguei um vislumbre passageiro

Pelo cantinho do olho

Me virei para olhar mas tinha ido embora

Não consigo detectá-lo agora

A criança cresceu

O sonho acabou

Me tornei confortavelmente entorpecido

Álbum 'The Wall'

O décimo primeiro álbum do lendário grupo de rock britânico Pink Floyd, The Wall, foi lançado em 30 de novembro de 1979. Foi o último trabalho realizado com todos os membros da banda, que se tornaram lendas do conjunto.

O álbum, considerado um dos mais vendidos do mundo da música rock, foi lançado pelas gravadoras Harvest Records (Reino Unido) e Columbia Records (Estados Unidos).

Descubra as canções do álbum duplo.

Álbum Disco 1

Ao lado A do álbum, temos as faixas "In the Flesh?", "The Thin Ice", "Another Brick in the Wall (Part I)", "The Happiest Days of Our Lives", "Another Brick in the Wall (Part II)" e "Mother".

Nos lados B do álbum "The Wall", encontramos as músicas "Goodbye Blue Sky", "Empty Spaces", "Young Lust", "One of My Turns", "Don't Leave Me Now", "Another Brick in the Wall (Part III)" e "Goodbye Cruel World".

Disco Dois

Lado A do álbum inclui as faixas: "Hey You", "Is There Anybody Out There?", "Nobody Home", "Vera", "Bring the Boys Back Home" e "Comfortably Numb".

O Lado B de The Wall apresenta as faixas: "The Show Must Go On", "In the Flesh", "Run Like Hell", "Waiting for the Worms", "Stop", "The Trial" e "Outside the Wall".

Capa do álbum The wall.

Artigos relacionados

A Parede - o Filme

Alan Parker dirigiu, em 1982, o longa-metragem inspirado no álbum The Wall, lançado pelos Pink Floyd em 1979.

Roger Waters, o vocalista e baixista, escreveu o filme sobre um astro do rock problemático, que se isolou da sociedade e acabou ficando louco.

Bob Geldof é o protagonista Pink enquanto adulto, com Kevin McKeon interpretando o famoso quando ainda era criança. Christine Hargreaves e James Laurenson vivem os pais do artista, e Eleanor David interpreta sua esposa.

Cartaz do filme.

O filme se destaca pela ausência de diálogos, e é embalado principalmente pela música dos Pink Floyd.

O Livro Comfortably Numb

O livro de Mark Blake, intitulado "Comfortably numb: the inside story of Pink Floyd", promete ser uma narrativa dos bastidores da banda britânica de rock Pink Floyd.

O autor possui profunda familiaridade com o tema e tem sua obra em livros reconhecidos, como Rolling Stone, The Times e Classic Rock.

O lançamento da edição ocorreu em novembro de 2008.

Comfortably Numb: The Inside Story of Pink Floyd

Carolina Marcello
Escrito por Carolina Marcello

Formou-se em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e possui mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes pela mesma instituição. Durante os estudos universitários, foi co-fundadora do Grupo de Estudos Lusófonos da faculdade e uma das editoras da revista da mesma, que se dedica às literaturas de língua portuguesa.