Sem dúvidas, o Modernismo é um dos movimentos que mais influenciou nossa forma de pensar e criar. É possível defini-lo como um agrupamento de tendências culturais e estilos artísticos que emergiram durante a primeira metade do século XX.
É essencial destacar que dentro deste rótulo foram abrigadas diferentes ideias, as quais não se alinhavam; de fato, algumas eram opostas.
Elas acreditavam que a cultura tradicional já não era mais relevante, motivo pelo qual se empenhavam em descobrir novas abordagens e ideias. Essas vanguardas buscavam o que era moderno e inovador.
Caracterizadas por experiências experimentais e desafios às convenções, essas tendências procuravam quebrar as regras, não apenas no que se refere às criações artísticas, mas também em relação à forma de viver e interagir na sociedade.
Em nosso país, bem como em diversos outros lugares do mundo, o movimento trouxe significativas alterações na cultura e na arte, principalmente na literatura.
O legado dos artistas modernistas é imensurável, pois eles serviram de inspiração para inúmeras gerações de novos criadores.
Explorando as Características do Modernismo
originalidade, escapismo, liberdade criativa e um movimento de rejeição às convenções morais e estéticas do passado. O modernismo assume diferentes formas ao longo do mundo, sendo caracterizado pela originalidade, escapismo, liberdade criativa e rejeição às normas tradicionais. Estas características são comuns entre todas as manifestações deste movimento artístico.
- A questão da identidade;
- A rejeição às convenções;
- A experimentação como princípio;
- O estímulo à criatividade.
Os artistas e escritores modernistas tinham a atitude de se desvencilhar dos modelos e regras tradicionais, animados por um grande desejo por novidade.
Ao invés de reproduzir ou emular, procuravam-se novas ideias, criatividade, descobrindo, experimentando e tentando adquirir mais conhecimentos e habilidades.
História do Modernismo
Atravessando o período entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial (1914 - 1945), o Modernismo surgiu em meio a conflitos, revoluções e transformações sociais significativas.
É importante recordar que o contexto histórico do modernismo foi significativamente afetado pelo desenvolvimento da industrialização e a introdução de novas tecnologias.
O tempo de busca do progresso inspirou artistas a procurar novas formas e técnicas de criar. Estes recorriam a correntes artísticas alternativas, tais como o Impressionismo e o Simbolismo, para encontrar o seu estilo próprio.
O movimento cultural conhecido como Modernismo começou a ganhar forma a partir de 1890. Um dos momentos marcantes que o precederam foi a inauguração da loja Art Nouveau, de Siegfried Bing, em Paris. A partir daí, várias versões para o nome foram surgindo até que "modernismo" se consagrou como o mais comumente usado.
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Literatura Modernista
O modernismo trouxe um novo pensamento para a literatura. Dispensando os temas e formas costumeiras, trouxe um sentimento de liberdade no fazer literário, fazendo com que a literatura ganhasse novas possibilidades formais e estéticas. Assim, seu legado foi inestimável.
Valorizar os temas cotidianos e trazê-los para a prosa e para a poesia era importante para o movimento modernista. Esta busca por se manifestar através de verso livre e do uso pontuação eram outras características marcantes deste movimento.
Frequentemente, esses temas eram abordados com uma nota cômica e um estilo de linguagem próxima ao da conversação.
Após a I Guerra Mundial, o modernismo literário desenvolveu-se fortemente na Europa e nos Estados Unidos da América. Estes autores não pretendiam mais servir os interesses da burguesia; em vez disso, tratavam de expor as contradições da realidade em que viviam.
O movimento modernista trouxe consigo novas formas literárias, como o fluxo de consciência, os monólogos interiores e a possibilidade de se contar uma história sob diferentes perspectivas.
Ezra Pound, poeta e crítico norte-americano, foi uma figura prominente no início do movimento modernista. Em 1912, ele desenvolveu o Imaginismo, uma corrente da poesia anglo-americana que pregava o uso de imagens precisas e de uma linguagem concisa.
Em Portugal, a Revista Orpheu deu início ao movimento modernista em 1915, reunindo grandes nomes da literatura lusitana, como Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro.
No Brasil, a modernidade chegou em 1922, alguns anos depois do movimento modernista. Os modernistas mais famosos desta primeira geração, conhecida como "tríade modernista", eram Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Manuel Bandeira.
A Revolução Modernista no Brasil
A chegada do Modernismo ao Brasil causou uma profunda mudança na arte e cultura desse país. O movimento revolucionou as estruturas tradicionais, ao mesmo tempo em que promoveu a inovação e a criatividade.
O evento consistiu em palestras, leituras, exposições e recitais de música, abrangendo várias áreas da arte.
Nomes icônicos da era modernista brasileira, como Oswald de Andrade, Graça Aranha, Anita Malfatti, Mário de Andrade, Di Cavalcanti e Villa-Lobos, são destacados como "pontos de partida" desta etapa.
No dia em que se comemorava o 100º aniversário da Independência do Brasil, celebridades e pensadores de várias áreas se reuniram para avaliar qual direção tomar para reconstruir o país.
Os modernistas desejavam romper com as antigas tradições ao constatarem que as produções artísticas nacionais refletiam ainda os modelos coloniais e europeus. Seu objetivo final era o de exaltar, comemorar e propagar a cultura e a realidade brasileira.
Explorando as Etapas do Modernismo Brasileiro
O Modernismo, presente na literatura brasileira, tem três fases que se diferenciam entre si por suas particularidades e princípios.
A geração modernista foi a mais disruptiva e insubmissa aos modelos, formatos e tópicos tradicionais do Brasil. Esta fase tornou-se conhecida por seu resgate da cultura nativa e desejo de encontrar uma identidade nacional.
A Geração de 45 foi conhecida por seguir as tendências dos modernistas anteriores, como a liberdade formal e a experimentação. No entanto, seus escritores passaram a focar em questões sociopolíticas e filosóficas que refletiam as desigualdades sociais no Brasil. Esta abordagem proporcionou uma visão profunda e única da problemática vivida pelos brasileiros.
A Pós-Modernista é a última geração da história. Ela se caracteriza pela rejeição dos padrões adotados pelas gerações anteriores, influenciada por eventos políticos como a Guerra Fria e a instauração da ditadura brasileira. Esta fase é mais introspectiva, séria e individualista, refletindo os acontecimentos históricos que influenciaram a época.
A prosa regionalista vem ganhando força, com destaque para a realidade sertaneja. O grande clássico deste período é "Grande Sertão: Veredas" de Guimarães Rosa.
Modernismo: Uma Análise das Obras
Muitas obras de literatura modernista são populares ao redor do mundo. Algumas delas ganharam um lugar especial na história do movimento, tornando-se clássicos.
O romance de James Joyce, Ulisses (1922), é famoso por sua reinvenção da Odisseia de Homero, e é considerado uma das mais importantes obras modernistas.
Com referências a temas considerados impróprios, Ulisses tornou-se um dos romances mais influentes da literatura mundial, apesar de ter sido censurado.
T. S. Eliot foi um dos nomes mais destacados da poesia e crítica literária, indo dos Estados Unidos a Inglaterra. Em 1948, foi reconhecido ao ganhar o Prêmio Nobel de Literatura. Seu poema mais famoso, A Terra Inútil (1922), tem sido visto como a voz de toda a geração pós-guerra.
Mário de Andrade foi uma das figuras-chave da primeira geração modernista brasileira, devido às suas obras verdadeiramente inovadoras, como a antologia de contos Paulicéia Desvairada (1922). Seu livro mais celebrado, Macunaíma, lançado em 1928, tornou-se um marco significativo na literatura brasileira.
Integrando a terceira geração do movimento, João Guimarães Rosa publicou Grande Sertão: Veredas (1956), obra experimental que aborda o regionalismo sertanejo.
Explorando o Modernismo: Autores e Suas Obras
Oswald de Andrade é, sem dúvida, um dos autores modernistas mais notáveis no cenário brasileiro. O escritor e ensaísta foi impulsionador da emblemática Semana de Arte Moderna de 22, sendo impossível não reconhecer seu papel na história da literatura brasileira.
O escritor, autor dos manifestos modernistas que influenciaram o período no Brasil — Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924) e Manifesto Antropófago (1928) — publicou também diversas obras de poesia, teatro e romance.
Mário de Andrade foi considerado uma figura de vanguarda na vida intelectual brasileira. Além de poeta, crítico e musicólogo, era tido como um polímata, bem versado em muitas áreas. Suas obras são emblemáticas para a literatura brasileira. Ele estava ao lado de quem empreendeu o projeto.
Na segunda geração modernista, Carlos Drummond de Andrade se tornou um dos poetas mais importantes do século XX. Seu trabalho na poesia conquistou o reconhecimento tanto do público quanto da crítica.
Suas obras, tais como No meio do caminho e José, costumam ser muito populares entre as gerações mais jovens.
Uma das principais figuras do Modernismo foi Virginia Woolf, escritora e editora inglesa. Ela está lembrada por suas obras memoráveis como Mrs Dalloway (1925) e Orlando (1928), que provaram que a literatura modernista não era exclusividade dos homens.
No Brasil, destacaram-se algumas autoras no cenário literário. Entre elas, há o exemplo da poeta Cecília Meireles, autora de Romanceiro da Inconfidência (1953), e da romancista e contista Clarice Lispector, que escreveu obras-primas como A Hora da Estrela (1977).
A obra Ulisses, de James Joyce, é considerada um dos principais trabalhos do Modernismo na língua inglesa. O romancista e poeta irlandês foi fundamental para o movimento modernista e é impossível falar deste período sem mencionar seu nome.
Os Autores Modernistas Mais Importantes
- 1. Oswald de Andrade (1890 — 1954)
- 2. Mário de Andrade (1893 — 1945)
- 3. Manuel Bandeira (1886 — 1968)
- 4. Cassiano Ricardo (1894 — 1974)
- 5. Carlos Drummond de Andrade (1902 — 1987)
- 6. Murilo Mendes (1901 — 1975)
- 7. Cecília Meireles (1901 — 1964)
- 8. João Guimarães Rosa (1908 — 1967)
- Virginia Woolf (1882-1941)
- James Joyce (1882-1941)
- Luigi Pirandello (1867-1936)
- Rainer Maria Rilke (1875-1926)
- Guillaume Apollinaire (1880-1918)
- Franz Kafka (1883-1924)
- Fernando Pessoa (1888-1935)
- Mário de Sá Carneiro (1890-1915)
- Almada Negreiros (1893-1970)
- José Régio (1901-1969)
- Alves Redol (1911-1969)
Cinema Modernista
Ao final do século XIX, o cinema como “imagem-movimento” foi criado com o surgimento do cinetoscópio (1889) e do cinematógrafo (1892). No entanto, só nas primeiras décadas do século XX é que a arte cinematográfica começou a tomar forma.
O cinema foi influenciado pelo movimento modernista, bem como também influenciou-o. Dentre as principais referências, destaca-se o expressionismo alemão, exemplificado pelo filme Metrópolis (1927) de Fritz Lang.
Un chien andalou (1928), dirigido por Luis Buñuel e Salvador Dalí, é considerado um marco do modernismo no cinema e pode ser assistido na íntegra abaixo. Esta produção sobre surrealismo espanhol é reconhecida como uma das obras mais influentes da história do cinema.
O cinema soviético é considerado extremamente importante por causa de suas obras icônicas que fazem parte da história da sétima arte, como O Encouraçado Potemkin (1925), de Serguei Eisenstein, e Um Homem com uma Câmera (1929), de Dziga Vertov.
O Cinema Novo foi um movimento que causou grande impacto no Brasil e além de suas fronteiras, ajudando a provocar mudanças significativas no país. Seu reconhecimento internacional colocou o Brasil no cenário mundial, gerando discussões e reflexões sobre temas sociais e políticos.
Filmes famosos daquela época eram grandes influências de movimentos modernistas. Por exemplo, Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964) e Terra em Transe (1967), ambos de Glauber Rocha, e Macunaíma (1969) de Joaquim Pedro de Andrade.
Pintura Modernista e Escolas Vanguardistas
Após a sua aparição inicial, o Modernismo espalhou-se por várias partes do globo, com características únicas provenientes de cada contexto.
Com o passar do tempo, a manifestação tomou conta de inúmeros meios de expressão cultural e artística, tais como: pintura, arquitetura, literatura e música.
O surgimento do cinema, com imagens em movimento, inspirou os pintores desse período a inventarem novas técnicas e a saírem do realismo tradicional.
Caracterizadas pelo radicalismo e pela exploração da mente, as vanguardas artísticas tinham como foco expressar sentimentos e emoções.
O Expressionismo foi fundado na Alemanha e teve o artista Wassily Kandinsky como um dos seus principais expoentes. Já o Cubismo foi criado a partir de Pablo Picasso, destacado pintor espanhol.
Devido ao Manifesto Futurista de Filippo Marinetti, o Futurismo ganhou força na literatura italiana. Umberto Boccioni, Carlo Carrá e o português Almada Negreiros foram alguns dos artistas que pintaram seguindo seus preceitos.
O movimento Dadaísta teve seu início na Suíça, liderado pelo poeta Tristan Tzara. Enquanto isso, na cidade de Paris, nascia uma das mais importantes vanguardas modernistas: o Surrealismo.
Essas escolas vanguardistas buscavam não somente a inovação, mas também a experiência. Estavam dispostas a explorar tudo o que há para descobrir e interessadas em entender a mente humana e mudar as formas de pensar e viver. Por essa razão, sua influência foi decisiva no cenário literário.
Desde a Semana de Arte Moderna, os pintores brasileiros tiveram sua atuação marcada pela influência das vanguardas europeias.
Os artistas focaram sua atenção na cultura nacional, nos cenários urbanos, na industrialização e outros assuntos relevantes da época, a fim de promover uma renovação estética.
Pintores Modernistas notáveis
- Anita Malfatti (1889 — 1964),
- Di Cavalcanti (1897 — 1976),
- Tarsila do Amaral (1886 — 1973),
- Candido Portinari (1903 — 1962),
- Vicente do Rego Monteiro (1899 — 1970),
- Inácio da Costa Ferreira (1892 — 1958).
- 1. Wassily Kandinsky (1866 — 1944)
- 2. Piet Mondrian (1872 — 1944)
- 3. Henri Matisse (1869 — 1954)
- 4. Georges Braque (1882 — 1963)
- 5. Pablo Picasso (1881 — 1973)
- 6. Umberto Boccioni (1882 — 1916)
- 7. Salvador Dalí (1904 — 1989)