Algumas vozes femininas ficaram marcadas na história da música e da cultura brasileira. Elas têm canções que se tornaram parte dos nossos momentos mais memoráveis e que ainda fazem parte do nosso dia a dia.
Descubra a seleção das músicas mais famosas interpretadas por cantoras brasileiras que separamos para você!
1. Herdando os Valores de Nossos Pais: Elis Regina
A música "Como Nossos Pais", de Belchior, interpretada por Elis Regina, é um documento cultural importante que reflete a angústia da geração vencida pela ditadura militar e o conservadorismo no Brasil. É uma representação significativa do período conturbado da história brasileira.
A necessidade que os jovens sentem de descobrir coisas por meio da experiência faz com que viver se torne algo urgente. Ao contrário de sonhos e desejos, a vida é mais importante que tudo isso.
Os sinais estão lá; avisos de "cuidado" e "perigo" que nos previnem do piores dos resultados: "eles venceram".
O ser humano foi feito para se relacionar com os outros, para demonstrar amor e afeto, como abraços e beijos. Isto é o que nos torna verdadeiramente humanos, expresso em uma atmosfera que não deve ser marcada por repressão ou ameaça, mas pelo amor e paz.
A ideia central do movimento hippie foi a de paz e amor, uma geração de jovens se reunindo em busca de liberdade, suas cabeças e cabelos ao vento. Uma reminiscência a tempos recentes de luta e perseverança.
A instauração da ditadura militar roubou bruscamente o seu quotidiano e estilo de vida, causando um profundo retrocesso social e cultural no Brasil.
Elis canta sobre a tristeza da juventude cercada por fronteiras inexploradas. Embora tenham lutado e se esforçado, esta geração se viu presa ao seu passado, condenada ao mundo dos seus pais. "O sinal está fechado" - eles não têm nenhuma escolha senão aceitar o destino que lhes foi imposto.
Não quero lhe falar meu grande amor
Das coisas que aprendi nos discos
Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor é uma coisa boa
Mas também sei
Que qualquer canto é menor do que a vida
De qualquer pessoa
Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal
Está fechado pra nós
Que somos jovens...
Para abraçar seu irmão
E beijar sua menina, na lua
É que se fez o seu braço,
O seu lábio e a sua voz...
Você me pergunta pela minha paixão
Digo que estou encantada como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento cheiro da nova estação
Eu sei de tudo na ferida viva do meu coração...
Já faz tempo eu vi você na rua
Cabelo ao vento, gente jovem reunida
Na parede da memória essa lembrança
É o quadro que dói mais...
Minha dor é perceber
Que apesar de termos feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como os nossos pais...
Nossos ídolos ainda são os mesmos
E as aparências não enganam não
Você diz que depois deles não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer que eu tô por fora
Ou então que eu tô inventando...
Mas é você que ama o passado e que não vê
É você que ama o passado e que não vê
Que o novo sempre vem...
Hoje eu sei que quem me deu a ideia
De uma nova consciência e juventude
Tá em casa, guardado por Deus
Contando vil metal...
Minha dor é perceber que apesar de termos
Feito tudo, tudo, tudo o que fizemos
Nós ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como os nossos pais...
2. Ferida Fera: Maria Bethânia
Roberto Carlos e Erasmo Carlo são responsáveis pela composição da famosa música brasileira, Fera Ferida, que aborda o término complicado de um relacionamento.
A letra expressa a jornada do sujeito para sair de uma relação tóxica que o prejudicava. Embora ele tenha conseguido escapar da situação, ainda sente os efeitos do trauma. Mesmo assim, ele persiste, mantendo sua força e resistência.
Com tantas cicatrizes do passado, ele achava que tinha perdido a esperança e seus sonhos estavam desfeitos. Antigamente, se via como um animal "domesticado", acorrentado e sem a capacidade de lutar, mas agora se encara como um "bicho livre".
Apesar de tentar superar o desgosto amoroso que experimentou, não consegue deixar de lembrar e se sente como se suas "cicatrizes falassem". Assim, optou pela liberdade incondicional e decidiu viver sozinho e sem destino, assegurando que não vai mudar.
Acabei com tudo
Escapei com vida
Tive as roupas e os sonhos
Rasgados na minha saída
Mas saí ferido
Sufocando meu gemido
Fui o alvo perfeito
Muitas vezes no peito atingido
Animal arisco
Domesticado esquece o risco
Me deixei enganar
E até me levar por você
Eu sei quanta tristeza eu tive
Mas mesmo assim se vive
Morrendo aos poucos por amor
Eu sei, o coração perdoa
Mas não esquece à toa
E eu não me esqueci
Não vou mudar
Esse caso não tem solução
Sou fera ferida
No corpo, na alma e no coração
Não vou mudar
Esse caso não tem solução
Sou fera ferida
No corpo, na alma e no coração
Eu andei demais
Não olhei pra trás
Era solto em meus passos
Bicho livre, sem rumo, sem laços
Me senti sozinho
Tropeçando em meu caminho
À procura de abrigo
Uma ajuda, um lugar, um amigo
Animal ferido
Por instinto decidido
Os meus rastros desfiz
Tentativa infeliz de esquecer
Eu sei que flores existiram
Mas que não resistiram
A vendavais constantes
Eu sei que as cicatrizes falam
Mas as palavras calam
O que eu não me esqueci
Não vou mudar
Esse caso não tem solução
Sou fera ferida
No corpo, na alma e no coração
3. Maravilhoso Divindade, Todo Mundo Adora
No ano de 1968, o país se encontrava no auge da repressão militar, desencadeada pelo Ato Institucional Número Cinco, concedendo autorização para a supressão de direitos, tortura e censura. Nesse mesmo período, Caetano Veloso e Gilberto Gil compuseram um tema que foi eternizado pela voz de Gal Costa, marcando a época da tropicália.
A música popular brasileira exerceu um papel importante na crítica, denúncia e resistência ao regime autoritário. Por exemplo, em Divino Maravilhoso, o protagonista alerta seus companheiros para que prestem atenção e mantenham suas visões vigilantes, pois "tudo é perigoso".
Esta música conhecida mundialmente é um hino de resistência que nos lembra que devemos lutar, nunca desistir e nos manter sempre "alerta e forte".
Reclamando para que prestem atenção ao refrão, ao palavrão e à palavra de ordem, um povo que sofria com a opressão manifestava seu descontentamento em diversos âmbitos, inclusive na música e nas artes.
A violência, a ameaça e o sangue são temas que a canção aborda de forma recorrente. Porém, ela também destaca a ideia de que "tudo é divino maravilhoso", mostrando que, mesmo diante da tragédia, há esperança de que as coisas possam melhorar.
Insista na necessidade de perseverar: "Não podemos nos dar ao luxo de ter medo da morte".
Atenção ao dobrar uma esquina
Uma alegria, atenção menina
Você vem, quantos anos você tem?
Atenção, precisa ter olhos firmes
Pra este sol, para esta escuridão
Atenção
Tudo é perigoso
Tudo é divino maravilhoso
Atenção para o refrão
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte
Atenção para a estrofe e pro refrão
Pro palavrão, para a palavra de ordem
Atenção para o samba exaltação
Atenção
Tudo é perigoso
Tudo é divino maravilhoso
Atenção para o refrão
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte
Atenção para as janelas no alto
Atenção ao pisar o asfalto, o mangue
Atenção para o sangue sobre o chão
Atenção
Tudo é perigoso
Tudo é divino maravilhoso
Atenção para o refrão
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte
4. Clementina de Jesus na Linha do Mar
A partir dos 60 anos, Clementina de Jesus começou sua carreira como cantora brasileira de samba. Apelidada de "mãe" e admirada por muitos artistas, ela gravou diversos álbuns de MPB. Usando influências dos cânticos tradicionais que aprendeu com sua mãe, filha de escravos, ela se tornou um símbolo de representatividade.
Clementina alcançou grande sucesso na música brasileira, com uma voz e estilo únicos que desafiou os padrões da época. Sua música "Na Linha do Mar", composta por Paulinho da Viola, foi um elemento fundamental para alavancar a carreira da cantora e torná-la uma artista importante na cena musical brasileira.
Sujeito agradece o novo amanhecer, apesar de insatisfeito com a realidade e o "mundo de ilusão". Vê a importância de manter o pensamento positivo, conservar o sorriso e ter uma boa atitude diante da vida e das outras pessoas.
Com sabedoria, ele relata os atos de ingratidão e traição sofridos, mas também deixa claro que as coisas boas em sua vida o protegeram como um escudo. Através do seu amor e coragem, ele afirma que pode vencer qualquer veneno que possa surgir.
Galo cantou às quatro da manhã
céu azulou na linha do mar
vou-me embora desse mundo de ilusão
quem me ver sorrir
não há de me ver chorar
flechas sorrateiras, cheias de veneno
querem atingir o meu coração
mas o meu amor sempre tão sereno
serve de escudo pra qualquer ingratidão
5. A Criança do Rio: Baby Consuelo
A voz de Baby Consuelo, atualmente Baby do Brasil, dá vida a uma linda ode de Caetano Veloso aos jovens cariocas. Num tom de admiração e alegria, fala sobre o espírito jovial, descontraído e 'vadio' desses garotos sempre presentes nas praias da cidade.
A música foi inspirada pelo surfista carioca Petit (José Artur Machado), famoso na praia de Ipanema. O sujeito da canção declara que adora vê-lo passar e expressa seu amor, esperando que seja recebido "como um beijo".
A canção "Menino do Rio" é muito querida pelos cariocas. Infelizmente, o destino de Petit foi triste. Ele sofreu um acidente e, posteriormente, cometeu suicídio. As palavras de Caetano perpetuam a memória deste artista brilhante.
Menino do rio
Calor que provoca arrepio
Dragão tatuado no braço
Calção, corpo aberto no espaço
Coração de eterno flerte, adoro ver-te
Menino vadio
Tensão flutuante do rio
Eu canto para Deus proteger-te
Menino do rio
Calor que provoca arrepio
Dragão tatuado no braço
Calção corpo aberto no espaço
Coração de eterno flerte, adoro ver-te
Menino vadio
Tensão flutuante do rio
Eu canto para Deus proteger-te
O Havaí, seja aqui, o que tu sonhares
Todos os lugares
As ondas dos mares
Pois quando eu te vejo
Eu desejo o teu desejo
Menino do rio
Calor que provoca arrepio
Toma esta canção como um beijo
6. Rita Lee: A Ovelha Negra
Rita Lee é considerada uma das grandes figuras do cenário musical brasileiro. Sua atitude rebelde e suas músicas, características da década de 70, ajudaram a transformar o Brasil. Ovelha Negra se tornou um grande sucesso, emblemático da carreira da cantora a solo.
"Tudo Mudou", de Rita Lee, simboliza o que ela representa: desobediência e pensamento crítico. A canção conta a história de uma jovem que, repentinamente, é arrancada de sua atmosfera de paz e segurança doméstica.
A moça sofre com a rejeição do pai, que se mostra conservador e não aceita os seus comportamentos. Desse modo, ele a repudia, posicionando-a como "a ovelha negra da família". Esse conflito revela o abismo de mentalidades que separa pais e filhos.
A cantora inspira que é possível para qualquer um se desviar de tudo que é conhecido e buscar a própria trilha, encontrando o seu caminho. Uma narrativa de desenvolvimento e decisões individuais, ela mostra que é possível passar por essa jornada.
Levava uma vida sossegada
Gostava de sombra e água fresca
Meu Deus quanto tempo eu passei
Sem saber
Foi quando meu pai me disse filha
Você é a ovelha negra da família
Agora é hora de você assumir
E sumir
Baby baby
Não adianta chamar
Quando alguém está perdido
Procurando se encontrar
Baby baby
Não vale a pena esperar, oh não
Tire isso da cabeça
Ponha o resto no lugar
Levava uma vida sossegada
Gostava de sombra e água fresca
Meu Deus quanto tempo eu passei
Sem saber
Foi quando meu pai me disse filha
Você é a ovelha negra da família
Agora é hora de você assumir
E sumir
Baby baby
Não adianta chamar
Quando alguém está perdido
Procurando se encontrar
Baby baby
Não vale a pena esperar, oh não
Tire isso da cabeça
Ponha o resto no lugar
7. Veneno Suave, Nana Caymmi
Suave Veneno, música de amor marcante composta por Cristovão Bastos e Aldir Blanc, foi interpretada por Nana Caymmi, e fala de um relacionamento complexo, com sentimentos de amor e ódio misturados no título mesmo.
O sujeito associa a paixão a uma "doença", a qual pode "curar" ou "matar". Suas recaídas o fazem ter consciência de que precisa se manter longe desse amor, mas sua resistência é em vão.
Vivo encantado de amor
Inebriado em você
Suave veneno que pode curar
Ou matar sem querer por querer
Essa paixão tão intensa
Também é meio doença
Sinto no ar que respiro
Os suspiros de amor com você
Suave veneno você
Que soube impregnar
Até a luz de outros olhos
Que busquei nas noites pra me consolar
Se eu me curar deste amor
Não volto a te procurar
Minto que tudo mudou
Que eu pude me libertar
Apenas te peço um favor
Não lance nos meus
Esses olhos de mar
Que eu desisto do adeus
Pra me envenenar
8. Mantenha o Samba Vivo, Alcione
A canção "Não Deixe o Samba Morrer" foi composta por Edson Conceição e Aloísio Silva e foi gravada pela artista Alcione, tornando-se o primeiro grande êxito da cantora.
Declarando seu amor pela música e pela profissão de sambista, o sujeito afirma que quando não for mais capaz de desfilar junto à sua escola na avenida, o seu lugar será passado para quem o merecer.
O seu último desejo para os mais jovens é que guardem as tradições. Como um adeus, ele deseja deixar seu legado, seus conhecimentos e vê-los da plateia.
Os mais novos devem lembrar-se que o samba não vai desaparecer, pois é um produto da sua cultura, uma parte fundamental da história e da identidade do seu povo.
Quando eu não puder
Pisar mais na avenida
Quando as minhas pernas
Não puderem aguentar
Levar meu corpo
Junto com meu samba
O meu anel de bamba
Entrego a quem mereça usar
Eu vou ficar
No meio do povo espiando
Minha Escola perdendo ou ganhando
Mais um carnaval
Antes de me despedir
Deixo ao sambista mais novo
O meu pedido final
Antes de me despedir
Deixo ao sambista mais novo
O meu pedido final
Não deixe o samba morrer
Não deixe o samba acabar
O morro foi feito de samba
De Samba, pra gente sambar
9. Valente Maria Rita, Cara Amada
Composta por Marcelo Camelo e gravada por Maria Rita em 2003, Cara Valente tornou-se um dos maiores sucessos do primeiro álbum da cantora. Esta música, que apresenta uma sátira e uma crítica social bem humorada, conta a história de um homem teimoso e egoísta, destinado à solidão.
Depois de se afastar da pessoa que amava, está vivendo com as consequências de suas escolhas. Sozinho, inseguro e incapaz de expressar seus sentimentos, ele precisa fingir que é forte, ameaçador, na tentativa de se defender do mundo. O indivíduo dirige-se ao recipiente da mensagem, dizendo que não há mais necessidade de mentir, pois não está iludindo mais ninguém.
Comportamentos como a antipatia, a "cara amarrada" e a brutalidade são usados como mecanismos para afastar os outros e se alimentar das próprias mágoas. A música nos lembra de pensar sobre o estilo de vida que escolhemos e as consequências que isso poderia trazer.
Não, ele não vai mais dobrar
Pode até se acostumar
Ele vai viver sozinho
Desaprendeu a dividir
Foi escolher o mal-me-quer
Entre o amor de uma mulher
E as certezas do caminho
Ele não pôde se entregar
E agora vai ter de pagar
Com o coração
Olha lá!
Ele não é feliz
Sempre diz
Que é do tipo cara valente
Mas veja só
A gente sabe
Esse humor
É coisa de um rapaz
Que sem ter proteção
Foi se esconder atrás
Da cara de vilão
Então, não faz assim, rapaz
Não bota esse cartaz
A gente não cai não
Ê! Ê!
Ele não é de nada
Oiá!
Essa cara amarrada
É só!
Um jeito de viver na pior
Ê! Ê!
Ele não é de nada
Oiá!
Essa cara amarrada
É só!
Um jeito de viver
Nesse mundo de mágoas
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10. A Elza Soares, Mulher do Fim do Mundo
Mulher do Fim do Mundo, lançado em 2015, significou um marco na carreira de Elza Soares. Ela abordou assuntos que lhe são significativos neste álbum de músicas inéditas, como a defesa dos direitos das mulheres e dos cidadãos negros.
Ao longo da letra de Mulher do Fim do Mundo podemos perceber a transformação de caos e euforia em algo positivo. A narrativa nos mostra como a mulher enfrenta dificuldades e as supera com alegria, música e dança. O Carnaval surge como um cenário apocalíptico que permite que haja catarse coletiva, união e celebração.
Após a devastação do mundo, ela – que assistiu e conseguiu sobreviver a tudo - ainda canta.
Meu choro não é nada além de carnaval
É lágrima de samba na ponta dos pés
A multidão avança como vendaval
Me joga na avenida que não sei qualé
Pirata e super homem cantam o calor
Um peixe amarelo beija minha mão
As asas de um anjo soltas pelo chão
Na chuva de confetes deixo a minha dor
Na avenida, deixei lá
A pele preta e a minha voz
Na avenida, deixei lá
A minha fala, minha opinião
A minha casa, minha solidão
Joguei do alto do terceiro andar
Quebrei a cara e me livrei do resto dessa vida
Na avenida, dura até o fim
Mulher do fim do mundo
Eu sou e vou até o fim cantar
Meu choro não é nada além de carnaval
É lágrima de samba na ponta dos pés
A multidão avança como vendaval
Me joga na avenida que não sei qualé
Pirata e super homem cantam o calor
Um peixe amarelo beija minha mão
As asas de um anjo soltas pelo chão
Na chuva de confetes deixo a minha dor
Na avenida, deixei lá
A pele preta e a minha voz
Na avenida, deixei lá
A minha fala, minha opinião
A minha casa, minha solidão
Joguei do alto do terceiro andar
Quebrei a cara e me livrei do resto dessa vida
Na avenida, dura até o fim
Mulher do fim do mundo
Eu sou, eu vou até o fim cantar
Mulher do fim do mundo
Eu sou, eu vou até o fim cantar, cantar
Eu quero cantar até o fim
Me deixem cantar até o fim
Até o fim, eu vou cantar
Eu vou cantar até o fim
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