Maria Firmina dos Reis (1822-1917) é considerada uma das mais importantes escritoras do século XIX na América Latina. Ela foi pioneira ao ser a primeira mulher a ver um livro seu publicado na região.
A autora foi grandiosa em relação à luta pela libertação do povo negro, pois foi responsável por ser a pioneira na criação de um romance abolicionista no Brasil. Além disso, ela desempenhou um papel fundamental na denúncia e indignação contra os abusos sofridos pela população escravizada.
A Vida de Maria Firmina dos Reis
Em 11 de março de 1822, Maria Firmina nasceu na Ilha de São Luís, no Maranhão. Leonor Filipa dos Reis, sua mãe, era branca, enquanto seu pai era negro. No entanto, quando ela foi registrada três anos mais tarde, em 1825, o documento identificava outro homem como o seu pai.
A menina foi criada por uma irmã de sua mãe, que era mais abastada. Com isso, ela teve a oportunidade de estudar e desde tenra idade ter contato com a literatura. Inclusive, seu parente mais próximo, Sotero dos Reis, era um erudito em gramática naquela época.
Em 1847, quando tinha 25 anos, Maria Firmina foi aprovada em um concurso público para preencher uma vaga de professor no ensino primário de Guimarães-MA.
Em meados dos anos 1880, ela fundou uma escola para meninos e meninas na cidade de Maçaricó (MA), com o intuito de exercer o papel de educadora. Tentou revolucionar a linha pedagógica e oferecer um ensino mais humano; no entanto, sua iniciativa foi rechaçada e a escola não ultrapassou três anos de funcionamento.
Durante toda a sua vida, Maria dedicou-se a escrever, ensinar e pesquisar. Ela teve diversos trabalhos publicados em jornais da época, tais como contos, poesias, ensaios e outros textos. Além disso, foi uma importante folclorista, pois coletou e registrou elementos da cultura do povo por meio da pesquisa das tradições orais.
Em 1917, Maria Firmina, aos 95 anos, faleceu na cidade de Guimarães (MA). No momento do óbito, ela era cega e sem recursos financeiros.
A feição de Firmina dos Reis não é conhecida exatamente devido ao esquecimento. Não há qualquer imagem que possa comprovar a sua aparência original e, por muito tempo, ela foi representada como uma mulher branca com traços finos e cabelos lisos.
Em São Luís (MA), a Praça do Pantheon é dedicada aos escritores maranhenses e conta com uma estátua em homenagem à poetisa Rachel de Queiroz. Ela é a única mulher que é lembrada nesse local.
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Uma História de Amor com Úrsula
Em 1859, Maria Firmina publicou o romance Úrsula, que foi lançado sob o pseudônimo de "uma maranhense". Esta obra foi a primeira de autoria feminina na América Latina.
O livro mais famoso da autora, publicado numa época bastante conturbada em termos sociais, quando a escravidão ainda existia e era rejeitada por Maria Firmina, foi lançado nesta época.
Antes mesmo de Castro Alves ter escrito o poema Navio Negreiro, em 1869, e Bernardo Guimarães publicado o romance A escrava Isaura, em 1875, a história já se posicionava como anti-escravagista.
O romance narra a história de amor entre a jovem Úrsula e o rapaz Tancredo, como muitos das obras da época. Além disso, a escritora apresenta outras figuras relevantes, contando o drama de Suzana, uma mulher escravizada e seus companheiros cativos. Por fim, o cruel senhor de escravos, Fernando, é apontado como retrato da opressão.
"Eu não sou a mesma pessoa que era antes." Suzana declarou: "Eu mudei - não sou mais a mesma pessoa que era antes."
É horrível lembrar que criaturas humanas tratem a seus semelhantes assim e que não lhes doa a consciência de levá-los à sepultura asfixiados e famintos.
O romance foi pioneiro ao abordar o tema da escravidão a partir da perspectiva do povo negro, principalmente de uma mulher da mesma etnia. Esta foi sua maior contribuição, dando-lhe grande importância.
Firmina constrói uma narrativa marcada por questões raciais e intencionalmente políticas.
Principais Obras de Firmina dos Reis
Após o lançamento de Úrsula, em 1859, o primeiro capítulo de Gupeva foi publicado no periódico regional, abordando a questão indígena no século XIX. O conto foi lançado em capítulos ao longo da década de 1861.
Em 1887, Firmina dos Reis publicou A escrava, que trazia uma abordagem crítica do regime existente naquela época. A obra tinha como temática o abolicionismo.
Sendo mulher e negra, foi considerável o espaço que obteve no meio intelectual brasileiro, o que se mostrava incomum devido à realidade sociopolítica do país em seu período pós-independência de Portugal, quando ainda prevalecia o escravismo.
No século XX, a obra e o legado de ____ finalmente foram reconhecidos. Hoje, eles estão sendo revistos e redescobertos.
A Vida de Maria Firmina dos Reis: Um Vídeo
Assista ao vídeo de Lilia Schwarcz sobre a história e a importância de Maria Firmina dos Reis. Nesta ocasião, a historiadora e antropóloga nos conta detalhes sobre a vida e obra desta grande mulher.