O livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de autoria de Machado de Assis, foi publicado em 1880 na Revista Brasileira, em capítulos, entre março e dezembro.
Brás Cubas, o “defunto autor”, rompendo as amarras da vida, narra suas memórias em uma obra marcada por ousadia e inovação, que se tornou um marco na produção literária brasileira.
Principais Pontos do Resumo
O Emplasto de Brás Cubas
Brás Cubas começa suas memórias a partir da sua morte, abordando a experiência de ser um defunto autor. Antes de sua partida, ele teve a ideia de propor um emplasto universal, com o intuito de solucionar todos os problemas da humanidade e garantir a sua eternização.
um medicamento sublime, um emplasto anti-hipocondríaco, destinado a aliviar a nossa melancólica humanidade (...)
o que me influiu principalmente foi o gosto de ver impressos nos jornais, mostradores, folhetos (...) estas três palavras: Emplasto Brás Cubas
Brás Cubas se tornou obcecado com a ideia do emplasto. Quando estava perto de concluí-lo, contraiu uma doença que não foi tratada de maneira adequada, o que resultou em sua morte numa sexta-feira.
Virgília Fazendo sua Visita de Despedida
Ao se aproximar do fim, Brás Cubas foi visitado por Virgília, sua antiga amante, e seu filho.
Enquanto visitava, começou a delirar, sonhando que estava no início dos tempos. Ali, conheceu Pandora, a Natureza, e teve um diálogo com ela. Viu, então, toda a evolução humana desde o início, desfilando diante de seus olhos.
Após sua volta à lucidez, Brás Cubas não demorou muito a falecer.
O narrador aborda a passagem da morte para o nascimento usando Virgília como elo entre esses dois aspectos.
Virgília foi o meu grão pecado da juventude, não há juventude sem meninice, meninice supõe nascimento, e eis aqui como chegamos nós, sem esforço, ao dia 20 de outubro de 1805, em que nasci.
Recordações da Infância de Brás Cubas
Logo ao nascer, sua família almejava um futuro próspero para ele. Seu tio João, que era militar, acreditava que ele tinha o potencial de Bonaparte. Já seu tio Ildefonso, padre, sonhava que ele um dia ocuparia o cônego, importante cargo da Igreja Católica.
Brás Cubas recebeu muitas atenções por parte dos vizinhos durante as primeiras semanas de sua chegada. Seu pai acreditava que ele seria algo grandioso no futuro, conforme Deus pretendia. Os vizinhos mostraram-se encantados por ele, dando-lhe beijos e mimos como demonstração de amor e admiração.
No ano seguinte, ele foi batizado. Seus padrinhos - o Coronel Paulo Vaz Lobo César de Andrade e Sousa Rodrigues de Matos, e sua mulher, D. Maria Luísa de Macedo Resende e Sousa Rodrigues de Matos - eram os primeiros nomes que o narrador aprendeu.
A partir dos cinco anos, Brás Cubas passou a ser conhecido como "menino diabo". Apesar de sua liberdade, o garoto costumava se divertir utilizando Prudêncio, seu escravo, como montaria. Colocava freios e chicotes nele e fazia voltas pela casa.
A mãe de Nelson era uma mulher muito religiosa e reverenciava a Deus e também ao seu marido. Ela tentava ensinar Nelson algumas orações e princípios religiosos. Seu pai, por sua vez, amava muito Nelson e lhe dava muita liberdade na educação.
Brás Cubas relembra das aulas escolares como sendo algo tedioso. Conta sobre seu professor e de Quincas Borba, um amigo de classe.
Quincas Borba. Nunca em minha infância, nunca em toda a minha vida, achei um menino mais gracioso, inventivo e travesso. Era a flor, e não já da escola, senão de toda a cidade.
Marcela: Uma Paixão Ardente
O narrador relembra sua escola e, em seguida, recorda sua juventude e seu primeiro amor, Marcela.
Gastei trinta dias para ir do Rossio Grande ao coração de Marcela, não já cavalgando o corcel do desejo, mas o asno da paciência.
Brás Cubas tenta manter o amor de Marcela através de vários presentes, o que resulta na perda de grande parte de seu dinheiro. Seu pai, inicialmente, o ajudava com os gastos, mas interveio quando Brás Cubas começou a gastar parte de sua herança, mandando-o estudar em Coimbra.
Morte da Mãe de Brás Cubas
A partida de Cubas para a Europa ocorreu com um coração partido. Logo, tornou-se bacharel em Coimbra, sendo posteriormente a Lisboa, onde viu o surgimento do movimento romântico. Em seguida, passou pela Itália, escrevendo poesia durante sua estadia.
A carta de seu pai obrigou Brás Cubas a retornar ao Rio de Janeiro. Quando chegou, descobriu que sua mãe estava gravemente enferma, acometida de câncer de estômago. Infelizmente, pouco tempo depois ela faleceu.
Após a morte de sua amada, Brás Cubas resolveu se mudar para a Tijuca, onde encontrou um abrigo para seu luto. Durante esse período, ele passou seu tempo entre dormir, caçar e ler, cercado por uma espingarda e alguns livros.
Bras Cubas Encontra Uma Jovem Bonita e Manca
O pai se prepara para se reunir com o filho, oferecendo duas possibilidades: o casamento arranjado e a entrada na arena política.
O autor falecido hesitou por um instante, mas acabou se comprometendo a descer ao Rio de Janeiro. Quando lá chegou, reencontrou a senhora D.Eusébia, que morava na Tijuca, e passou a frequentar sua casa.
D. Eusébia tinha uma filha que era bonita, mas manca. O narrador iniciou o flerte com ela e conseguiu conquistá-la. Após isso, ele desceu, deixando-a sozinha na Tijuca.
Conhecimento de Brás Cubas por Virgília
Ele conheceu Virgília no Rio de Janeiro, com a ajuda de seu pai. Ela era a mesma senhora que o tinha visitado no leito de morte.
Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas (...). Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza.
Brás Cubas desejava alcançar a distinção social e ingressar na política e, por isso, decidiu casar-se com Virgília, filha do Conselheiro Dutra. Embora ele tivesse muita riqueza, não possuía ascendência nobre.
Obter um cargo de prestígio e até mesmo um título nobre eram objetivos alcançáveis através da política.
Em menos de um mês, Brás Cubas e Virgília desenvolveram uma grande intimidade e ele começou a visitar a casa dela com frequência. Num desses jantares, durante uma reunião, o relógio de Brás Cubas caiu no chão e o seu vidro se quebrou.
Entrando em uma loja para consertar o relógio, ele se deparou com Marcela, sua antiga amante, com a face tomada por manchas devido à varíola.
A chegada de Lobo Neves mudou o plano de casamento de Brás Cubas. Com o apoio de influências políticas, sua candidatura foi aceita e, em poucas semanas, tornou-se noivo de Virgília. O narrador teve que ceder diante da inevitabilidade.
O Falecimento do Pai de Brás Cubas
A derrota de Brás Cubas foi vista com indignação pelo seu pai. Devido à sua idade avançada e saúde fraca, ele faleceu em apenas quatro meses. A partilha da herança entre Brás, sua irmã Sabina e seu cunhado Cotrim gerou uma grande tensão entre eles.
Rompendo laços, Brás Cubas inicia um novo ciclo de aislamento. Sem pai, nenhum casamento e sem relações com a irmã, o narrador vive solitário, aparecendo de vez em quando na sociedade e produzindo alguns artigos.
Frequentando a casa de Virgília e Lobo Neves, Brás Cubas logo estabeleceu amizade com a família. Ele, então, tornou-se o amante de Virgília.
Reencontrando Quincas Borba
Ao sair de um jantar na residência da amante, Brás Cubas se deparou com Quincas Borba, seu conhecido desde os tempos de escola, que agora estava vivendo na rua como um mendigo.
O narrador, surpreendido com o estado em que seu amigo se encontrava, ofereceu ajuda, mas ele só queria dinheiro. No fim, Brás Cubas foi roubado de seu relógio.
Brás Cubas e Virgília: Uma Relação Amorosa de Longa Data
A desconfiança de que Virgília e Brás Cubas mantinham um relacionamento escondido cresceu. Brás Cubas sugeriu que eles fugissem, mas Virgília não aceitou. No entanto, o romance deles continuava.
Virgília e seu amado foram forçados a arranjar um lugar para se encontrarem longe dos olhares indiscretos. A solução foi Dona Plácida, a antiga costureira de Virgília, que os abrigou em sua casa para manter a privacidade deles. Assim, eles puderam se ver sem serem vistos por outros.
Reencontro de Brás Cubas e Prudêncio
Caminhando pela rua, Brás Cubas encontrou o ex-escravo dele, Prudêncio, chicoteando outro negro escravo diante de um grande castigo público. Recordando aquela cena, Brás Cubas conta: “Ele chicoteava o escravo sem piedade”.
Era um modo que Prudêncio tinha de se desfazer das pancadas que recebia - transmitindo-as a outro
A Verdade Sobre o Caso de Virgília Está Quase Sendo Revelada
A nomeação de Lobo Neves para a presidência de uma província coloca em risco os encontros entre Virgília e Brás Cubas, pois a mudança da família para o Norte se tornaria necessária.
O nome de Brás Cubas foi escolhido por Lobo Neves para ser seu secretário, o que seria uma solução para a situação na qual se encontrava. Porém, como a sociedade desconfiava das relações que Neves tinha com Virgília, a decisão de que ele iria para o Norte gerou o temor de um escândalo.
A ambição política de Lobo Neves foi recompensada com a nomeação para presidência, o que seria um enorme avanço em sua carreira. No entanto, em virtude do seu caráter supersticioso, ele decidiu recusar a oportunidade, pois a nomeação foi feita num dia 13.
Brás Cubas e Virgília têm outra chance de aproveitar sua relação após os riscos de serem descobertos. Eles finalmente podem desfrutar de um momento de plenitude.
Reunião de Brás Cubas e Quincas Borba
Cubas reata com a sua irmã e com o seu cunhado, que planeja o seu casamento. Recebe então uma carta do seu ex-colega Quincas Borba, que lhe restitui o relógio.
Com a herança ganha, Quincas reapareceu com uma aparência muito melhor e com um novo sistema filosófico. Isso chamou a atenção do seu antigo amigo, Cubas, que passou a se interessar pela sua nova personalidade. Os dois começaram a se encontrar com mais frequência.
A Conclusão do Relacionamento com Virgília
A notícia de que Virgília estava grávida alegrou muito Brás Cubas. No entanto, ela não parecia tão contente. Mal havia passado algum tempo, ela infelizmente perdeu o bebê.
A relação entre Lobo Neves e Virgília volta a se equilibrar quando ele recebe uma carta anônima acusando-a de infidelidade. Ela nega a acusação e o conflito se desfaz.
Após alguns atritos, Lobo Neves foi nomeado novamente para presidente da província e deixou a sua família para seguir com a sua carreira. O encontro do casal, portanto, foi interrompido.
Bras Cubas Se Junta à Política
Após um período, Brás Cubasse alcançou o cargo de deputado e ingressou na vida política. Seu discurso, embora apresentado de forma eficiente e métodica, não agradou o voto popular, o que o fez perder o mandato.
Impulsionado por Quincas Borba, ele começa um jornal em oposição ao governo, o que provoca um conflito entre ele e seu cunhado Coltrim e acaba durando apenas seis meses.
O Legado da Miséria Não é Transmitido por Brás Cubas
Antes de poder ser nomeado ministro, Lobo Neves faleceu. Quincas Borba sentiu sua sanidade mental começar a se deteriorar. Por três anos, Brás Cubas desempenhou diferentes funções na Ordem Terceira.
Durante esse período, Brás Cubas experimentou diversas mudanças na sua vida. Ele encontrou uma garota coxa em um cortiço, viu sua ex-amante Marcela morrer num hospital de caridade e testemunhou Quincas Borba descer à loucura. Ao final, como uma quebra de paradigma, Brás Cubas chega ao outro lado da vida e reflete sobre tudo o que aconteceu:
Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria
Personagens Principais
O personagem principal é também o narrador do livro, contando suas memórias após a sua morte.
Não se importando com as normas da sociedade, ele descreve a cidade do Rio de Janeiro e as interações entre as pessoas de forma única.
A jovem que era amante de Brás Cubas acabou por se casar com Lobo Neves, mas mesmo tendo alguém para amar, ela mantém uma dedicação incondicional ao seu marido, respeitando e venerando-o a todo o momento.
Ela cuidadosamente equilibra suas paixões e responsabilidades, e nunca deixa a sua família ou a sociedade desapontada com sua escolha romântica.
Bras Cubas tem um cunhado que se preocupa bastante com o trabalho, com a questão financeira e com a família. Esse cunhado é casado com a irmã de Bras Cubas, Sabina.
Brás Cubas deve ser monitorado de perto, de modo que suas ações não maculem a reputação da família.
O antigo conhecido de Brás Cubas, a flor do Império, tornou-se um mendigo.
Depois de receber uma herança, ele voltou à sociedade como um filósofo sábio e aconselhou o narrador. Infelizmente, acabou perdendo a razão.
Virgínia possui uma ex-costureira de quem confia a casa onde ela e seu amado se encontram em segredo.
Sendo muito católica, ela inicialmente se sentia desconfortável por prestar apoio a um adultério, no entanto, ao perceber que o dinheiro poderia ajudá-la a contornar os conflitos morais, ela decidiu prosseguir.
Examinando a Obra
A obra de Machado de Assis, "Memórias Póstumas de Brás Cubas", marca um divisor de águas no Realismo Brasileiro. É considerado o romance inaugural do gênero no nosso país.
Realismo e o Autor Falecido
Neste romance, Machado de Assis trouxe uma inovação significativa: um narrador defunto contando a história em primeira pessoa. Essa característica única torna a leitura ainda mais intrigante.
Dedicatória:
Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas.
Como não possui ligação com a vida terrena, possibilita uma visão mais imparcial do mundo. Isso permite que ele narrem suas experiências sem ter que aderir às convenções sociais.
De acordo com Alfredo Bosi, isso foi uma mudança significativa, tanto em termos ideológicos quanto formais. Ao desdenhar das idealizações românticas e minar o mito do narrador onisciente, que tinha conhecimento sobre tudo e emitia julgamentos, foi possível dar vazão à consciência íntima do ser humano, frágil e confuso. O que restou foram as recordações de Brás Cubas, um homem igual a qualquer outro no mundo, que sabia aproveitar a vida com cautela.
. A liberdade de estar morto é algo que o narrador trata como parte essencial da narrativa deste romance. É como se a morte fosse uma parte inerente do relato, preservando e tornando ainda mais intenso o tema da história.
Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe exponho e realço a minha mediocridade, advirta que a franqueza é a primeira qualidade de um defunto.
Brás Cubas faz uso da inovação de comentários diretos com o leitor ao longo do romance. Estes servem tanto para se justificar, quanto para provocar o leitor.
Narrando a vida de um indivíduo sem restrições às normas sociais, Machado/Brás Cubas consegue, em seu romance, realizar uma reflexão profunda sobre a sociedade e a natureza psicológica das personagens.
A relação entre Brás Cubas e Virgília não é retratada de forma romântica, como se eles fossem herói e heroína, lutando para viver um amor proibido.
A união entre Virgília e Lobo Neves não é encarada como um desrespeito pela figura principal, mas como um procedimento lógico e obrigatório para preservar os interesses da sociedade.
Virgília comparou a águia e o pavão, e elegeu a águia, deixando o pavão com o seu espanto, o seu despeito e três ou quatro beijos que lhe dera
Apesar de estar ao abrigo dos olhares dos demais, o relacionamento entre Virgília e Brás Cubas ainda segue as normas que a sociedade estabelece para um casal apaixonado. No entanto, as obrigações que Virgília tem como esposa ficam acima de tudo, e assim, este amor intenso fica sepultado pelas exigências da sociedade.
Apesar de respeitar as regras da boa sociabilidade, o narrador optou por ironizar a sociedade na qual vivia. Seu primeiro relacionamento com Marcela foi definido pelo dinheiro que Brás Cubas gastou para impor-se a ela, presenteando-a.
...Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis, nada menos.
Apesar disso, Brás Cubas busca destaque na política, com o intuito de alcançar a grandeza que seu pai tanto desejou para ele. Ele espera que um dia seu nome seja lembrado ao lado dos grandes e, assim, perpetuar a memória de seu pai.
Brás Cubas é guiado por seu desejo de ver seu nome estampado em muitos lugares, revelando sua vaidade. Ele sonha em criar o Emplasto Universal do Brás Cubas para acabar com todos os problemas da humanidade, mas também para ganhar reconhecimento e glória.
Brás Cubas, de Machado de Assis, traz consigo uma forte crítica social da escravidão. O narrador, em particular, descreve dolorosamente a cena de um escravo infligindo tortura a outro.
Brás Cubas justifica a violência praticada pelo seu ex-escravo como sendo um reflexo das violências sofridas por ele mesmo.
Na obra, vemos uma crítica às práticas de escravidão, assim como uma defesa da teoria do positivismo, que afirma que as circunstâncias externas afetam o desenvolvimento das pessoas.
que o homem não tem o direito de se considerar o senhor da vida. O autor Machado de Assis/Brás Cubas afirma que o homem não possui o direito de se considerar o dono da vida.
Todavia importa dizer que este livro é escrito com pachorra, com a pachorra de um homem desafrontado da brevidade do século, obra supinamente filosófica, de uma filosofia desigual, agora austera, logo brincalhona, coisa que não edifica nem destrói, não inflama nem regala, e é todavia mais do que passatempo e menos do que apostolado.
A obra artística de Machado de Assis marcou um marco no Realismo no Brasil, trazendo inovação para os romances globais. Sua genialidade permitiu criar uma obra que se destacou entre as demais.
No romance, o autor/narrador assume a figura central, substituindo o narrador onisciente em terceira pessoa. Ele possui uma força imensa dentro da narrativa.
Realismo Literário
Após o romantismo, o realismo tomou conta das obras literárias, focando na representação da realidade. As narrativas eram marcadas por fatos cotidianos, personagens de classes sociais mais baixas e abordagens sóbrias da vida, sem fantasias ou mitos.
O positivismo foi marcante na história da Literatura, pois ditou o início de um novo estilo de romance. Alfredo Bosi apontou que o romance se transformou a partir deste movimento.
O escritor realista tomará a sério as suas personagens e se sentirá no dever de descobrir-lhe a verdade, no sentido positivista de dissecar os móveis do seu comportamento.
O realismo considera as personagens como peça-chave da narrativa, pois elas são responsáveis pelos seus próprios movimentos, baseados em sua formação, cultura, localização e natureza. Isso se dá em situações reais, sem a presença de elementos extraordinários.
A narrativa ganha vida no contexto urbano, que oferece amplas possibilidades com a grande variedade de personagens. O realismo substitui a fantasia, tornando a trama do romance mais palpável.
História em Contexto
Durante o século 19, a ascensão da burguesia e o desenvolvimento das cidades levaram a profundas transformações sociais. Nessa época, diversas guerras e revoluções tiveram lugar.
A nova elite econômica, embora possuindo mais posses econômicas do que a aristocracia, era excluída de seus círculos. No entanto, esta elite era dominada pelos ideais liberais.
A tecnologia e a industrialização desencadearam um processo de mudança na forma como as pessoas pensavam. O cientificismo e a análise racional começaram a se tornar mais importantes do que a tradição e o pensamento religioso.
No final do século XIX, Machado de Assis lançou Memórias Póstumas de Brás Cubas, o que provocou uma grande transformação social e política no Brasil.
Em 1888, a Lei Áurea foi aprovada, abolição a escravatura e, no ano seguinte, a República foi proclamada.
Durante a obra de Machado de Assis, a intenção liberal está presente. Sua crítica ao sistema escravagista e à monarquia no Brasil do século 19 é perceptível, com a realista e perspicaz descrição da sociedade desta época.
Obras de Machado de Assis
Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro, no dia 21 de junho de 1839, tendo falecido em 29 de setembro de 1908. Antes de publicar seu famoso romance, Memórias Póstumas de Brás Cubas, já era reconhecido no cenário político brasileiro.
No início de sua carreira, Machado de Assis era um defensor radical do liberalismo. Com o passar do tempo, no entanto, sua postura mudou, passando a ser mais cautelosa quando se tratava da política brasileira. Isso é possível de ser observado na evolução de seus romances.
Na fase madura de Machado de Assis, a ironia desempenhava um papel crucial como meio de observação das inconsistências que lhe pareciam evidentes.
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