Escrito em 1857 por Gustave Flaubert (1821-1880), Madame Bovary é considerada uma das principais obras da literatura francesa.
Considerado realista, o livro aborda de forma polêmica assuntos como o adultério e o suicídio, além de criticar a idealização do amor.
Atenção: esse artigo contém spoilers.
Análise de Madame Bovary
Charles Bovary's Presentation
O livro intitulado "Madame Bovary", de Gustave Flaubert, começa com a narração da vida de Charles, médico jovem, antes de qualquer contato com Emma, personagem principal da narrativa.
Sendo pressionado pela mãe, o rapaz formou-se em Medicina e casou-se com Héloise Dubuc, uma moça de uma família abastada, apesar de que ele não gostava muito dela.
Reencontrando Emma
Charles conheceu Emma ao atender o sr. Rouault, na cidade de Bertaux. Ela era uma órfã de mãe, e também a única filha do senhor. Com a trágica perda de sua mãe, Emma ficou encarregada de cuidar da casa da família.
Rouault devia ser um lavrador dos mais abastados. Havia partido a perna na véspera, à noite, quando regressava de uma festa de Reis em casa de um vizinho. A mulher falecera havia dois anos. Vivia só com a sua menina, que o ajudava no governo da casa.
Charles ficou encantado com Emma, pois ela era jovem, bem educada, bonita e solteira. Por isso, foi visitando o doente a cada vez mais, chegando a se aproximar da moça.
Uma Aproximação com Emma
Héloise, esposa do médico, começou a perceber as visitas frequentes do marido e, ao investigar sobre o paciente, descobriu que havia uma jovem na casa que poderia lhe interessar. Suspeitando que algo não estava certo, ela notou que Charles havia retornado à propriedade mais vezes do que o necessário.
Em vez de voltar aos Bertaux três dias depois, como prometera, fê-lo logo no dia seguinte e depois duas vezes por semana, regularmente, sem contar as visitas inesperadas que fazia de vez em quando, como que por engano.
Héloise estava irritada, então ela pediu para Charles não voltar a visitar o doente e o marido. Charles aceitou a solicitação obedientemente.
Após a morte do pai de Héloise, o advogado tomou posse dos bens da família, o que levou a um grande desentendimento entre Héloise e seu marido, em especial devido à influência da família Bovary. Por fim, o casal entrou em uma violenta discussão que culminou com o desmaio de Héloise, o que acabou resultando em sua morte.
Após se tornar viúvo, Charles não visitava os Bertaux há cinco meses, mas acabou voltando, aproximando-se da família. Algum tempo depois, Charles pediu a mão de Emma em casamento e o sogro deu o seu consentimento. Assim, os planos do jovem casal foram aprovados.
Emma corou quando o viu entrar, ao mesmo tempo que disfarçava, procurando mostrar-se risonha. O Tio Rouault beijou o futuro genro. Adiaram qualquer conversa sobre as questões de interesse, tinham, aliás, muito tempo para isso, visto que o casamento não convinha que se realizasse antes de terminar o luto de Charles, isto é, da Primavera do ano seguinte. O Inverno passou-se nessa expectativa.
Depois de lutar, Charles e Emma decidiram unir suas vidas e se casaram.
Charles e Emma em Meio a uma Crise de Relacionamento
Desde a adolescência, Emma avidamente lia romances românticos, sonhando com uma relação tão intensa quanto as vistas nos livros.
Emma sentia-se entediada com a rotina de vida doméstica após o seu casamento com Charles, ansiando por aventura e emoção.
Emma caiu em profunda melancolia devido ao seu cotidiano pacato e à dúvida de ter se casado com o homem certo, seu par perfeito; aquele que de fato pudesse fazê-la feliz.
Antes de casar, Emma julgara sentir amor; mas a felicidade que deveria resultar desse amor não aparecera, pelo que se deveria ter enganado, pensava ela. Procurava agora saber o que se entendia, ao certo, nesta vida, pelas palavras felicidade, paixão e êxtase, que, nos livros, lhe haviam parecido tão belas.
Deprimida, Emma viu a mudança para Yonville-l'Abbaye como uma chance de recomeçar. Seu marido, Charles Bovary, sabia disso e resolveu deixar Tostes para trás. Logo, Emma descobriu que estaria tendo seu primeiro filho. Alguns meses depois, ela deu à luz uma linda menina que foi batizada como Berta.
A Vida no Campo: Entediante ou Não?
Emma descobrirá uma nova existência no interior e será fascinada por dois rapazes.
Rodolphe Boulanger era um verdadeiro Don Juan, seduzindo mulheres casadas com seu charme para estabelecer relações passageiras.
A segunda pessoa que despertou o interesse de Emma foi Léon, um jovem e perspicaz estudante de direito. Ambos partilhavam o anseio de sair do tranquilo vilarejo onde viviam.
Infidelidade Conjugal
A moça estabeleceu com Rodolphe e Léon relações problemáticas, nocivas, permeadas por ciúme, vontade de controle e falta de estabilidade.
Emma Bovary foi abandonada, com o coração pesado, por Léon e Rodolphe - os dois homens por quem ela havia se apaixonado. Seguindo seu coração, Emma se endividou ao contratar uma série de dívidas.
Fim Trágico
Emma acabou tendo que tomar uma decisão extrema: decidiu se suicidar ingerindo arsênico, pois não encontrava outra saída.
- Calma - disse o boticário. - Trata-se somente de lhe aplicar um antídoto poderoso qualquer. Qual é o veneno?
Charles mostrou a carta. Era arsénico.
Charles não descobriu a existência da vida dupla de Emma até que ela cometeu suicídio.
O médico Charles, viúvo, foi pego de surpresa ao descobrir diversas dívidas herdadas. Como consequência, teve que abdicar de todos os seus bens. O desespero o fez falecer precocemente, deixando sua filha Berta, ainda em tenra idade, sob os cuidados da avó.
Com o tempo, a avó deixou de existir e a menina passou a ser responsabilidade de uma tia desfavorecida financeiramente. Esta a enviou para trabalhar numa indústria de algodão.
Personagens Centrais
A Vida de Charles Bovary
Charles, sob a influência da mãe, se formou em medicina. Ele se casou com Héloise Dubuc, uma jovem pertencente a uma família de boa reputação social, a fim de satisfazer os padrões impostos pela sociedade.
Depois de algum tempo, Charles se tornou viúvo inesperadamente. Ele se apaixonou pela filha de um paciente, Emma, e os dois se casaram. Como resultado de seu casamento, nasceu uma linda filha deles, chamada Berta.
A Vida de Emma Bovary
Emma era uma romântica incurável desde a juventude. Sendo muito dotada, recebeu uma educação esmerada, aprendendo a dançar, tocar piano e fazer tapeçaria. Por causa disso, ela foi mandada para um convento.
Ela se casou com Charles, um médico, mas nunca foi capaz de retribuir a adoração que seu marido tinha por ela.
Perdida no tédio, a jovem sonhadora que passava a maior parte do tempo lendo romances românticos desenvolveu uma depressão.
Ela tinha dois amores e uma existência paralela. A falta de realização da vida que ela lia nos livros trouxe uma permanente infelicidade à protagonista.
A Vida de Héloise Dubuc
A primeira esposa do médico Charles, Héloise, infelizmente falecera precocemente após discutir com seus sogros.
O Theodore Rouault
Viúvo, Theodore, o lavrador abastado, vivia com sua filha Emma numa fazenda no interior. Após sofrer uma quebra na perna ao voltar de uma festa de Reis na casa de um vizinho, ele decidiu chamar um médico. A pessoa que veio atender foi Charles, que mais tarde se casou com a sua filha Emma.
O Bovarismo: Uma Análise
A Síndrome de Madame Bovay, também conhecida como Bovarismo, é um transtorno de comportamento psicológico caracterizado por uma elevada idealização do amor romântico. Esta idealização gera uma sensação persistente de desconforto e insatisfação.
De início, esta condição é comum entre as mulheres, que têm a tendência de idealizar seu parceiro, criando uma imagem irreal dele que é impossível de ser alcançada na vida real.
Muitas vezes, as pessoas diagnosticadas com Bovarismo dependem excessivamente de outras pessoas para preencher o vazio em suas vidas, acreditando que o amor é a resposta para todos os seus problemas. Elas se envolvendo em relacionamentos instáveis e, quando essas relações acabam, elas se voltam para outro relacionamento ou se tornam obcecadas com o parceiro.
Em 1892, Jules de Gaultier foi o pioneiro a descrever uma patologia que tem como consequência o sentimento de tristeza constante e de insatisfação em relacionamentos estabelecidos por quem a sofre.
Explorando a História
Com coragem, Gustave Flaubert optou por tratar de assuntos tabus aos olhos de sua sociedade na época, tais como o adultério e o suicídio, em seu romance. O autor mostrou grande persistência ao levar cerca de cinco anos para escrever a sua grande obra.
“Os livros não são feitos da cabeça para baixo, mas do coração para cima”. Flaubert foi processado sob a acusação de imoralidade e ofensa à religião, mas foi absolvido. Polêmico, ao ser questionado de onde havia tirado inspiração para escrever, ele defendeu seu direito à expressão e muito para a admiração de todos, proferiu a célebre frase: “Os livros não são construídos da cabeça para baixo, mas do coração para cima”.
“Madame Bovary sou eu” (Emma Bovary c’est moi)
Muitos alegam que o escritor foi inspirado por um caso real que aconteceu na Normandia, envolvendo uma mulher que cometeu suicídio por causa de um adultério.
Mais sobre o assunto
- Resumo do Livro "Os Miseráveis" de Victor Hugo
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Assista ao Filme Madame Bovary
uma de 1949 dirigida por Christian-Jacque; outra de 1981 dirigida por Claude Chabrol; uma versão mais recente de 2000 dirigida por Anne Fontaine; e a última de 2018 dirigida por Sophie Barthes. Gustave Flaubert tem seu clássico livro adaptado para o audiovisual inúmeras vezes, mas quatro versões especialmente se destacam: Christian-Jacque dirigiu uma em 1949, seguida por Claude Chabrol em 1981. Anne Fontaine dirigiu uma mais recente em 2000, e Sophie Barthes dirigiu a última em 2018.
- Jean Renoir's French feature film from 1934;
- Claude Chabrol's 1991 French film;
- Tim Fywell's American/British adaptation from the 2000s;
- Sophie Barthes' Belgian production from 2014 - check out the trailer for this more recent adaptation.