Lolita, uma obra clássica e complicada, foi publicada em 1955 na França. Autor desta obra é o russo Vladimir Nabokov (1899-1977).
A obra aborda um tema controverso: uma relação amorosa entre um homem adulto e uma pré-adolescente. Ela causa polêmica e perturbação, desafiando os limites da sociedade.
O livro foi alvo de acusações por promover a pedofilia e foi proibido em muitos países.
Atenção: este artigo contém spoilers.
Análise de Lolita
Introdução ao Prefácio
Tendo o primeiro contato com a obra de Nabokov por meio de um prefácio, descobrimos que o autor de Humbert Humbert falecera poucos dias antes de seu julgamento, devido a uma trombose nas coronárias.
Enquanto estava preso, ele criou o relato e o entregou ao seu advogado e amigo Clarence Choate Clark. Depois, Clark repassou o manuscrito para um editor.
O autor afirma que não foi além de fazer pequenas modificações no texto.
Exceptuando certas correcções de solecismos evidentes e a supressão cuidadosa de alguns pormenores obstinados que, não obstante os esforços do próprio H. H., ainda subsistiam no seu texto, quais marcos e pedras tumulares (denunciadores de lugares ou pessoas que a delicadeza mandava ocultar e a compaixão poupar), exceptuando tais correcções e supressões, esta extraordinária autobiografia é apresentada intacta.
Apresentação de Humbert Humbert
O personagem principal, Humbert Humbert, é uma figura intelectual francesa de 37 anos, com profissão de professor de literatura. Ele é retratado como uma pessoa controladora, obsessiva, manipuladora, egocêntrica e sarcástica.
Humbert Humbert, preso por suas ações, escreveu o livro como uma "peça de defesa" para o júri. Para contar as suas memórias e fornecer sua visão dos fatos, ele descreveu a paixão incontrolável que sentiu por uma menina de 12 anos.
Lolita, luz da minha vida, fogo da minha carne. Minha alma, meu pecado. Lo-li-ta: a ponta da língua toca em três pontos consecutivos do palato para encostar, no três, nos dentes.
Uma Nova Começar: Humbert Humbert e a Jornada para a América
O acadêmico europeu imigrou para os Estados Unidos e se mudou para a casa da viúva Charlotte Haze.
Charlotte possui uma filha de doze anos, Llolita, cujo apelido chega a ser dado por Humbert. Logo que a vê, o intelectual se deslumbra com sua beleza, apaixonando-se completamente.
Humbert decide se mudar para a casa de Lolita para ficar mais próximo dela. Ele acaba pedindo a mãe da garota em casamento, tornando-se, dessa forma, seu padrasto.
A Respeito de Lolita
A partir da perspectiva de Humbert Humbert, sabemos sobre a menina, contudo este ponto de vista é parcial e tendencioso.
O acadêmico afirma que está apaixonado, mas o que o leitor observa ao longo da história é o desenvolvimento de uma obsessão e uma relação doentia.
Humbert já sentia há algumas décadas aquela atração por meninas mais novas. Ele chegou ao ponto de classificar aquelas que despertavam nele a mesma sensação que Lolita.
Dos nove aos catorze anos algumas mocinhas revelam, diante de certos viajantes enfeitiçados, sua verdadeira natureza, que não é humana, mas ‘nínfica’ (isto é, demoníaca), e proponho chamar essas criaturas de ninfetas
Ao longo do romance temos uma descrição de Lolita que nos leva a fazer algumas perguntas: seria ela uma criança ingênua ou perspicaz? Ela estaria intencionalmente sedutora ou teria sido hipersexualizada pelo olhar do narrador?
Explorando a Relação entre Humbert e Lolita
O livro é narrado em primeira pessoa pelo próprio Humbert Humbert, um narrador não confiável, o que nos impede de ter conhecimento da perspectiva da menina.
Humbert é um verdadeiro gênio da linguagem, com o uso de inúmeras metáforas, ele consegue convencer o leitor, ainda que sua visão possa ser controversa.
Pela manhã, um metro e trinta e dois a espichar dos soquetes; era Lo, apenas Lo. De calças práticas, era Lola. Na escola, era Dolly. Era Dolores na linha pontilhada onde assinava o nome. Mas nos meus braços era sempre Lolita.
No texto vemos uma relação que se desenvolve a partir da obsessão e do jogo de poder. Entretanto, não se trata de uma obra com pouco conteúdo ou superficial: Humbert Humbert precisa enfrentar uma série de paradoxos e dilemas éticos.
Ao longo da obra, nos questionamos: esta relação com a menina é uma forma doentia de amar ou uma verdadeira história de amor?
Principais Personagens
O Sr. Humbert Humbert
Um intelectual acadêmico francês que se mudou para a América é o narrador da história. Ele é professor de literatura e também um escritor.
Humbert Humbert, de 37 anos, é supostamente envolvido em uma relação com Lolita, sua enteada de doze anos.
O intelectual, um pedófilo confesso, não deixa de assumir sua culpa no livro. Ele, um professor universitário erudito, compara a Lolita, a "sua" ninfeta, com as expressões juvenis de Edgar Allan Poe e Dante Alighieri.
Em 16 de novembro de 1952, Humbert faleceu devido a uma trombose nas coronárias enquanto estava na prisão.
A História de Lolita
Com 12 anos, Dolores Haze possui 1,32m de altura. Seus olhos são de cor de mel e seu cabelo é castanho.
Charlotte, senhoria de Humbert, tinha uma filha, a qual foi apelidada pelo intelectual, seu futuro padrasto, de Lolita.
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Assistindo Filmes
"Lolita" de Stanley Kubrick e "Adaptação" de Spike Jonze. Vladimir Nabokov foi homenageado com duas adaptações para o audiovisual: "Lolita", de Stanley Kubrick, e "Adaptação", de Spike Jonze, que ficaram consagradas.
Stanley Kubrick's Lolita (1962)”
Em 1962, o famoso diretor Stanley Kubrick realizou o roteiro assinado por Vladimir Nabokov.
James Mason interpretou o personagem principal, Humbert Humbert, na adaptação de Lolita. Shelley Winters interpretou Charlotte Haze e Sue Lyon foi Dolores Haze.
Assista ao trailer:
Adrien Lyne's 'Lolita' (1997)
A produção da segunda adaptação cinematográfica foi realizada conjuntamente por americanos e franceses com roteiro de Stephen Schiff e direção de Adrien Lyne.
Jeremy Irons interpretou a personagem Humbert Humbert, Melanie Griffith foi Charlotte Faze e Dominique Swain viveu Dolores Haze nesta versão. Confira o trailer:
A Vida de Vladimir Nabokov
Nascido numa família russa de origem acomodada, Vladimir Nabokov recebia educação refinada desde pequeno, tendo domínio pleno de três línguas: russo, francês e inglês. Após a revolução comunista, sua família se mudou do país, o que não impediu o autor de traduzir seu clássico Lolita para o russo.
Vladimir, de origem abastada, sofreu como imigrante nas cidades de Berlim e Paris. Quando a França foi ocupada pelos nazistas, em 1940, ele resolveu migrar para os Estados Unidos.
Na América, Vladimir Nabokov ensinou literatura no ensino superior, e publicou seu primeiro livro, o romance Machenka, em 1926. Dentre suas obras mais conhecidas estão os romances Pnin (1957) e Fogo Pálido (1962).
Das dezenove obras ficcionais criadas por Nabokov, curiosamente, em seis delas são abordadas questões sexuais relacionadas a meninas pré-adolescentes.
O hobby de Nabokov era jogar tênis e estudar borboletas. Para conhecer mais sobre a sua vida, é possível ler a autobiografia A Pessoa em Questão, publicada em 1967.
Lançamento de Lolita
Lolita de Nabokov é talvez sua obra mais conhecida e, ao mesmo tempo, mais polêmica. Quando foi publicada pela primeira vez, causou grande escândalo, pois muitos a acusaram de ser pornográfica. A controvérsia em torno desta obra provocou indignação e revolta.
Em setembro de 1955, a Olympia Press, uma pequena editora francesa, lançou a primeira edição de seu livro, vendendo cinco mil exemplares.
Quatro editoras norte-americanas recusaram publicar o livro devido ao medo de uma repercussão negativa. Entretanto, assim que foi lançado nos Estados Unidos, em 1958, as vendas foram surpreendentes – 100 mil exemplares foram vendidos. O sucesso continuou quando o livro foi publicado na Inglaterra em 1959.
Após receber elogios do escritor e crítico britânico Graham Greene, Lolita tornou-se famoso. No entanto, o romance foi banido em diversos países devido à acusação de pedofilia, como ocorreu na França em dezembro de 1956, quando a polícia recolheu todas as cópias da obra e proibiu a circulação por um período de dois anos.
O título "Lolita" tornou-se tão importante que se tornou um substantivo comum na linguagem. Deixou de ser apenas o nome de uma obra literária para se inserir na conversação cotidiana.
Encontrando a Inspiração
"O futuro da humanidade está em nossas mãos". Durante uma entrevista para a BBC em 1962, o autor declarou que o destino da humanidade estava nas nossas mãos.
"Lolita nunca teve um original. Nasceu em minha própria mente. Nunca existiu. Enquanto escrevia o livro, apareciam nos jornais todos os tipos de histórias sobre homens mais velhos que perseguiam garotinhas. Foi uma coincidência interessante, mas nada mais."