Lançado em 1936, "Angústia" é um romance de Graciliano Ramos, uma importante obra pertencente à segunda fase do Modernismo Brasileiro.
A obra do escritor alagoano se destaca por sua narrativa em primeira pessoa que combina romance psicológico com críticas sociais.
Análise e Resumo da Obra
Publicado durante o encarceramento de Graciliano por parte do governo de Getúlio Vargas, o livro fornece uma perspectiva histórica sobre os primeiros anos do século XX.
Ao contar sua história, Luís da Silva usa de uma narrativa bastante complexa, recheada de divagações, delírios e retornos ao passado, de forma que o leitor se sinta parte integrante de seus pensamentos. Desta forma, ele revela sua trajetória e envolve todos na sua narrativa.
A Juventude de Luís da Silva
O sujeito provinha de uma família tradicional, tendo desfrutado durante a infância do conforto e dos bens materiais que lhe foram proporcionados.
Quando seu pai morreu, o garoto não só sentiu a perda, mas também se viu sem recursos para honrar as dívidas da família, pois tanto os bens quanto o dinheiro haviam sido utilizados para satisfazê-las.
Entendemos, assim, que o protagonista representa uma certa classe dominante que não estava mais tão influente na sociedade neste período.
A Simplicidade da Vida do Protagonista
Depois de experimentar a falta de recursos financeiros, Luís conseguiu um emprego como funcionário de um jornal público. Apesar das dificuldades que ele enfrentou durante o crescimento, ele conseguiu o emprego.
Luís, como revisor das notícias, precisava de muita habilidade para publicar as matérias, pois o governo ditatorial da Era Vargas tinha censura. O autor se aproveita desse fato para incluir críticas àquele governo.
O cenário da pensão em que o protagonista vai morar desempenha um papel crucial na história, pois retrata uma realidade muito comum na época e mesmo nos dias atuais: as condições precárias de moradia em um ambiente que lembra um cortiço.
Aquela comunidade consistia em várias famílias, que eram forçadas a dividir um único banheiro e, assim, expor suas intimidades.
Marina Encanta Luís
Quando Luís conheceu Marina, se encantou com a bela jovem e logo pediu sua mão em casamento.
Com seu salário apertado e sem muito para gastar, o protagonista consegue poupar algum dinheiro. Ao ficar noivo, ele resolve presentear sua amada, Marina, com a quantia para que ela possa comprar o enxoval do casal.
A moça, por pouco profunda, gasta todos os recursos financeiros de Luís em itens supérfluos. Apesar disso, ele persevera e toma empréstimos para realizarem seu casamento.
Até que um dia, ele descobriu que Marina estava se envolvendo com Julião Tavares, outro trabalhador do jornal.
Julião Tavares, o Inimigo
Julião é uma pessoa de sucesso, com um bom nível financeiro, que costumava usar sua riqueza e posição para cativar garotas jovens.
Ele é o antagonista da narrativa, retratando a classe burguesa da sociedade que crescia.
Luís resolveu dissolver o noivado, porém, desenvolveu uma ideia obsessiva por Marina e desejo de vingança contra Julião.
O Final de Angústia
Sem nenhum centavo no bolso e torturado emocionalmente, o protagonista então cometeu o assassinato de seu oponente.
O leitor mergulha nos delírios do protagonista, acompanhando sua agitação e confusão, enquanto ele se aproxima do final. O terror do personagem é ser descoberto.
No início, a história pode parecer confusa, mas uma vez que se trata de um romance circular, quando se volta ao primeiro capítulo, fica mais fácil compreender o que ocorreu.
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Protagonistas
- Luís da Silva: protagonista e narrador, funcionário público que vem de uma família tradicional decadente e vive em uma pensão.
- Marina: moça jovem deslumbrante que desperta a paixão de Luís.
- Julião Tavares: rapaz rico que trabalha com Luís no mesmo jornal e se envolve com Marina.
A Vida e Obra de Graciliano Ramos
Nascido em Alagoas em 1892, Graciliano Ramos tornou-se um dos mais importantes nomes do modernismo brasileiro, se destacando na segunda fase da literatura nacional.
Comprometido com causas sociais, o escritor e jornalista foi eleito prefeito da cidade alagoana de Palmeira dos Índios em 1928. Mais tarde, em 1936, durante a ditadura de Vargas, foi preso.
Em 1933, Graciliano Ramos publicou Caetés, que foi seu primeiro livro. Contudo, foi em 1938 que Ramos alcançou o maior êxito da sua carreira, com a publicação de Vidas secas.
Ele tem como característica principal a escrita narrativa, expressando temas regionais e sociais, prestando homenagem ao povo brasileiro e destacando problemas que afetam o país.