A literatura de cordel reúne diversos elementos: escrita, oralidade e xilogravura. Essa manifestação artística se destaca por combinar tais elementos.
A expressão cultural brasileira, típica do nordeste, é proveniente de regiões como a Paraíba, Pernambuco, Pará, Alagoas, Rio Grande do Norte e Ceará.
Folhetos tradicionalmente vendidos em feiras populares são usados para esse tipo de literatura.
Onde surgiu a literatura de cordel?
A partir do século XII, a literatura de cordel teve origem em Portugal com o trovadorismo medieval, sendo uma das heranças lusitanas que preservamos até hoje.
Durante essa época, artistas que contavam histórias por meio de canções eram muito populares, visto que a maioria das pessoas eram analfabetas. A oralidade se tornou então uma importante forma de passar conhecimento e lazer para as pessoas.
No século XV e XVI, durante o Renascimento, foi criada a prensa, que possibilitou a impressão mais ágil e em maior quantidade dos textos em papel.
Com o passar dos anos, as narrativas contadas pelos trovadores passaram a ser registradas em folhetos e expostas nas ruas por meio de cordas - denominados de cordéis. As peças de teatro também eram impressas nestes livretos, como é o caso das obras do português Gil Vicente.
Com a chegada dos portugueses ao Brasil, a prática da literatura em cordel se instalou no nordeste. No século XVIII essa expressão cultural se tornou ainda mais sólida no país.
Os repentistas são fundamentais para a disseminação do cordel. Eles cantam de forma semelhante aos trovadores de antigamente, narrando histórias rimadas em locais públicos.
Aspectos do Cordel Nordestino
O cordel nordestino tem o hábito de contar histórias com uma linguagem coloquial e irreverente. É uma forma de expressão que se utiliza da simplicidade e da linguagem regional, a qual torna mais acessível a compreensão para o público em geral.
Análise das Recorrências nos Cordéis Literários
As narrativas costumam retratar histórias incríveis específicas da região e situações cotidianas, bem como lendas folclóricas, assuntos políticos, sociais, religiosos e profanos.
Explorando a Xilogravura no Cordel
" "Aprendendo a Escrever Melhor
Os folhetos contam histórias ilustradas de forma artística, geralmente recorrendo à técnica da xilogravura. Esta técnica consiste na impressão de desenhos sobre a página, dando vida ao texto.
O método consiste em entalhar uma matriz de madeira, aplicar uma fina camada de tinta nela e, em seguida, transferir o desenho para um papel ao carimbar a matriz.
As xilogravuras são uma característica marcante dos folhetos de cordel, e possuem uma estética única, com fortes contrastes, formas simplificadas, uso expressivo da cor preta e, frequentemente, a presença dos veios da madeira.
Explorando a Oralidade, a Métrica e a Rima no Cordel
A oralidade desempenha um papel fundamental na literatura de cordel. É através da declamação que o cordelista transmite ao público sua mensagem de forma plena e completa.
O cordelista é alguém que precisa de muita criatividade, técnica e sagacidade para ser competente em seu ofício. Esta manifestação popular e coloquial exige o uso de versos e rimas, além de uma métrica específica.
A Poesia Popular dos Poemas de Cordel
Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Zeca Baleiro, entre outros. Os artistas de cordel no Nordeste brasileiro têm grande destaque na região. Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Zeca Baleiro são alguns dos nomes mais conhecidos desta arte.
- 1. Apolônio Alves dos Santos
- 2. Cego Aderaldo
- 3. Firmino Teixeira do Amaral
- 4. João Ferreira de Lima
- 5. João Martins de Athayde
- 6. Manoel Monteiro
- 7. Leandro Gomes de Barros
- 8. José Alves Sobrinho
- 9. Homero do Rego Barros
- 10. Patativa do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva)
- 11. Téo Azevedo
- 12. Gonçalo Ferreira da Silva
Descubra a história e a importância de dois poetas, bem como um poema exemplar de cada um.
Vida de Leandro Gomes de Barros (1865-1918)
No século XIX, Leandro Gomes de Barros foi considerado o melhor dos poetas populares. Como reconhecimento, o dia de seu aniversário, 19 de novembro, foi adotado como o "Dia do cordelista" em homenagem a este grande artista.
Ariano Suassuna se inspirou nas obras O dinheiro, O testamento do cachorro e O cavalo que defecava dinheiro para compor O auto da compadecida.
O mal e o sofrimento
Se eu conversasse com Deus
Iria lhe perguntar:
Por que é que sofremos tanto
Quando viemos pra cá?
Que dívida é essa
Que a gente tem que morrer pra pagar?
Perguntaria também
Como é que ele é feito
Que não dorme, que não come
E assim vive satisfeito.
Por que foi que ele não fez
A gente do mesmo jeito?
Por que existem uns felizes
E outros que sofrem tanto?
Nascemos do mesmo jeito,
Moramos no mesmo canto.
Quem foi temperar o choro
E acabou salgando o pranto?
Vida e Obra de Patativa do Assaré (1909-2002)
Nascido numa família de escassos recursos no Ceará, Antônio Gonçalves da Silva, mais conhecido como Patativa do Assaré, foi um importante poeta popular e literário de cordel. Sua vida era marcada pelo trabalho na roça.
Ele nunca se afastou de sua terra natal, mesmo com o sucesso obtido a partir de sua arte.
Aproveite e leia mais poemas de literatura de cordel!
, são peculiares. Todas as obras de Marco Aurélio são notáveis pelo seu caráter singular.
Pra quem nasceu pra viver
não há pregação que sirva
pra quem nasceu pra morrer
carece crer noutra vida
e se não fosse o sermão
seria a lei do cão
com passagem só de ida.
Eu mesmo nunca reclamo
da vida que se me deu
não assinei promissória
meu prazo não se venceu
enquanto vivo estiver
faço meus queréquequé
bem longe de quem morreu.
Se você for de igreja
me perdoe a petulância
não acredito no céu
pode ser ignorância
mas eu prefiro viver
sem mais fortuna querer
do que essa extravagância.
Menino, prepare a vida
chega de notícia ruim
esse mundo tá lotado
de quem quer chegar no fim
pois eu mesmo quero é mais
quem quiser olhe pra trás
e se esqueça lá de mim.
, é um livro lindo e interessante. O lindo e interessante livro "A Magia das Chuvas", de Dalinha Catunda, desperta o interesse dos leitores.
Quando as torres do nascente
No céu começam a subir,
O nordestino se alegra,
Fica feliz a sorrir.
É sinal que a chuva esperada
Não vai demorar a cair.
Quando o céu escurece,
O povo agradecido,
Aumenta as suas preces.
De oração em oração
Vê a chuva molhar o chão
Que de umidade carece.
É água pra todo lado,
É muito sapo a coaxar,
Vegetação vestindo verde,
É o inverno a chegar.
É a esperança brotando,
No chão do meu Ceará.
O agricultor com a enxada
Cantarola pelo caminho.
A rolinha acasalada
Na árvore ajeita seu ninho.
O gado pasta com gosto,
Gorjeiam os passarinhos.
É tempo de alegria,
É tempo de plantação,
Mais um pouco na panela,
Fartura de milho e feijão
É inverno e vida nova,
Chegando ao meu sertão.
Só sabe, mesmo, da alegria,
Da água molhando o chão,
Quem, como eu, já morou
Lá pras bandas do sertão,
E viu a seca inclemente
Queimando o seu torrão.
, é um dos mais conhecidos romances brasileiros. Um dos romances brasileiros mais reconhecidos é Apego de Tangedor, de Jessier Quirino.
Vaqueiro que é bom vaqueiro
Cabôco trabalhador
Se apega pela boiada
Na vida de tangedor
Pulum boi, puluma vaca
Véve naquela fuzaca
Num causo grande de amor.
Com Nena de Zé de Shell
E com a vaquinha Amarela
Divide sua paixão
Chama na xinxa a donzela
Bem distante da cancela
Pra não se ver traição.
Adoece de avexo
Vendo o patrão sem amor
Negociar a boiada
Mode comprar um trator
Chora no pé da cancela
Vendo a vaquinha Amarela
Saindo pro matador.
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Tipos de Poética na Literatura de Cordel e o Processo de Criação de um Cordel
Para se criar um cordel, é necessário seguir algumas diretrizes. Esta literatura é composta por versos rimados, com possibilidade de serem escritos de diferentes formas. Algumas delas são:
- (10 sílabas)
- Quadra – estrofe contendo 4 versos
- Sextilha – estrofe contendo 6 versos
- Septilha – estrofe contendo 7 versos
- Oitava – estrofe contendo 8 versos
- Quadrão – estrofe com 8 versos, nos quais os 3 primeiros rimam entre si, o 4º e o 8º da mesma forma rimam entre si, assim como o 5º, 6º e 7º.
- Décima – estrofe contendo 10 versos
- Martelo – estrofes feitas com decassílabos (10 sílabas)
Ao elaborar seu poema, por que não aproveitar para criar um zine de cordel? Complemente com ilustrações em xilogravura ou desenhos em tinta preta para tornar a experiência ainda mais divertida. Esta é uma ótima atividade para crianças e adolescentes!
Explorando a Literatura de Cordel e a Xilogravura
J. Borges é extremamente relevante para a literatura de cordel, principalmente por seus trabalhos em xilogravura. Para saber mais sobre esta forma artística, leia a matéria abaixo.