O suspense psicológico Shutter Island, dirigido por Martin Scorsese e baseado no romance homônimo de Dennis Lehane (2003), foi lançado em 2010.
O agente federal Edward Daniels e seu parceiro, Chuck, foram designados para investigar Ashecliffe, uma instituição psiquiátrica localizada em uma ilha remota. Eles foram chamados para investigar quando a paciente Rachel Solando desapareceu misteriosamente.
Depois disso, o herói se vê diante de descobrir os mistérios sinistros da ilha e, ao mesmo tempo, enfrentando suas lembranças dolorosas.
Aviso: de aqui em diante, há informações reveladoras!
Explorando Teorias Sobre a Última Ceia
Lembrado pela cena misteriosa que fecha o filme, Ilha do Medo transcende nossas expectativas de diversas maneiras. O grande giro de roteiro ocorre quando descobrimos que o protagonista não é Edward Daniels, o agente federal que foi designado para a investigação.
Andrew Laeddis é um paciente há mais de dois anos no hospital, após ter matado a esposa. Abalado pela culpa, criou uma personalidade alternativa para tentar explicar a sua situação. O filme, então, se torna uma triste história, fazendo-nos lamentar o destino de Laeddis.
Os médicos têm pressionado o paciente a enfrentar a verdade. O diretor exige que ele retorne a si mesmo antes do próximo dia, caso contrário será submetido a uma lobotomia.
A conversa pareceu ter surtido efeito, pois na manhã seguinte, Andrew estava agindo como se fosse o policial. Quando o Dr. Sheehaan, que ele imaginava ser Chuck, sentou-se ao seu lado, ele começou a mostrar suas descobertas sobre o caso que estava investigando.
O psiquiatra sinaliza aos seus colegas que o tratamento não deu certo. As palavras do protagonista fazem com que o médico e os espectadores fiquem perplexos. Antes de partir, ele ainda deixa dúvidas no ar.
O que é melhor: viver como um monstro ou morrer como um homem bom?
O final ambíguo de “Edward” gerou diversas teorias entre o público e os críticos: será que o tratamento de Andrew não teve sucesso? Ou será que ele está curado, mas optou por manter-se na personagem de Edward? A última frase pronunciada pelo protagonista indica uma grande consciência, mas pode ser somente outra ilusão.
Ele se lembrava de tudo, mas optou por permanecer na fantasia para evitar enfrentar os seus atos. A ideia de ter que "viver como um monstro" o levou a tomar uma decisão que comprometeria as suas habilidades mentais de maneira irremediável.
Na opinião de Laeta Kalogridis, roteirista do filme, Andrew não teria nenhum plano em mente; foi apenas um curto instante de lucidez que logo desvaneceu.
Análise do Filme: Significado e Interpretação
Nos deparamos com várias reviravoltas na trama de Ilha do Medo, nos fazendo ponderar: que assunto esse filme aborda? Primeiramente, imaginamos que a narrativa vai revelar as desumanas circunstâncias de negligência encontradas em alguns asilos psiquiátricos.
Suspeitando de uma teoria da conspiração, começamos a pensar que os pacientes tinham sido submetidos a experiências financiadas pelo governo. No entanto, descobrimos que a origem deste mistério se devia às alucinações de Andrew, que criou uma ficção para encobrir a triste realidade.
Acompanhamos o protagonista em sua jornada de descobrimento de fatos, dependendo de sua percepção, que é limitada pelo seu estado de saúde. A trama é cheia de surpresas, e nos faz refletir sobre as mentiras que dizemos a nós mesmos, ao mesmo tempo que explora os labirintos da nossa mente quando negamos a realidade.
Ao final da película, é mostrada a realidade cruel da lobotomia. Uma prática utilizada de forma muito frequente nos Estados Unidos durante as décadas de 40 e 50, essa cirurgia cerebral está hoje em dia condenada como um ato bárbaro. O desfecho reflete a profunda tristeza dos pacientes que sofreram com esse processo, mergulhando numa espécie de "morte viva", desaparecendo no absoluto esquecimento.
Edward Daniels e Andrew Laeddis: Uma Análise
No começo da narrativa, Edward (ou Teddy) é apresentado como um agente federal que faz uma viagem de barco para Shutter Island para conduzir uma investigação. Ao longo do caminho, ele conhece Chuck, seu novo parceiro, e lhe conta um pouco de sua história.
O policial deixou claro que era viúvo, pois a esposa havia falecido em um incêndio. Ficou óbvio que tinha ido até lá procurar por Andrew Laeddis, o responsável pela morte de Dolores. Durante as noites, ele sonhava com a falecida e com o criminoso que provocou o incêndio no prédio.
Após o cometimento do crime, Laeddis foi liberado. Entretanto, sua liberdade foi breve, pois ele foi preso por ter incendiado uma escola e transferido para um local desconhecido. A partir daí, todos os registros sobre ele desapareceram. Teddy decidiu se responsabilizar por descobrir onde Laeddis estava.
Edward fica cada vez mais obcecado com Laeddis à medida que a narrativa progride. Quando ele encontra uma nota de Rachel, que havia desaparecido, ele descobre que há 67 pacientes no hospital, mas o documento de um deles está em falta. Logo, sua tarefa é descobrir quem é esse 67º paciente e qual é o mistério por trás do hospital.
O protagonista segue em sua aventura até o farol, acreditando que lá os pacientes estavam passando por experiências ilegais. No entanto, o que ele encontra supera suas expectativas: o Dr. Cawley está pronto para contar toda a verdade.
O psiquiatra Cawley revela ao protagonista o motivo de seus tremores e alucinações visuais: o paciente está internado há 2 anos, mas parou de tomar medicação para receber um novo tratamento. Para comprovar isso, Cawley mostra uma ficha médica que comprova que ele é o 67º paciente.
Andrew Laeddis e Edward Daniels são anagramas; ambos usam as mesmas letras. O mesmo vale para Rachel Solando e Dolores Chanal. Embora pareça que o protagonista é um policial federal, esse é apenas um método de esconder a verdade. Na realidade, o nome de Andrew e ele foi encarcerado por ter matado sua esposa.
A partir daí, começou a criar histórias fantásticas muito complexas para não lidar com o que aconteceu. Mais que isso: ele se transformou no protagonista da trama. No entanto, o seu comportamento instável tem causado preocupação e Andrew está próximo a passar por uma lobotomia.
Cawley e Sheehaan optaram por um tratamento experimental: permitir que o paciente revivesse sua fantasia, como forma de terapia. O mais jovem dos médicos assumiu o papel de Chuck, o parceiro imaginário, para acompanhar o processo de perto. No entanto, se o tratamento não obtiver sucesso, o trabalho deles será considerado sem credibilidade.
A História de Rachel Solando e Dolores Chanal
Ao redor de duas mulheres a narrativa se desenvolve: Rachel, desaparecida, é a motivação para a ida à ilha; e Dolores, que surge nos sonhos, é o que faz com que Solando persevere na sua jornada. Apesar de ter cometido o terrível crime de matar seus filhos, Solando não consegue aceitar a verdade e acredita que ainda vive com sua família.
A mulher foi encontrada dentro do hospital e seu passado estava ligado ao de Andrew. Em seu quarto, ela havia escondido um bilhete contendo a chave para descobrir os nomes anagramados e o aviso de que ele era o 67º paciente. Com o caso aparentemente resolvido, Andrew estava pronto para seguir adiante, mas era retido pelos seus sonhos.
Todas as noites, Dolores surge no antigo apartamento, e o homem a tenta abraçar, dizendo que a ama, mas ela se desfaz em cinzas. É nesses momentos que a figura da esposa também passa a assombrar o protagonista mesmo quando ele está acordado, e o lembra de que precisa encontrar Laeddis.
Mais adiante, quando resolve incendiar um carro para tentar escapar, ele volta a ver Dolores entre as chamas, desta vez acompanhada por uma garotinha. A criança, que havia sido vítima dos crimes de Solando, também aparece em seus sonhos e o interroga sobre o motivo de não tê-la salvo.
À medida que os psiquiatras desvendam a verdadeira identidade do protagonista, todos nós podemos descobrir quem é a menina. Dolores estava profundamente deprimida e tentou incendiar sua própria casa. Andrew não se deu conta da gravidade de seus sintomas, e optou por levar a família para um lugar remoto no campo.
Quando chegou em casa, depois de um dia de trabalho, o homem foi surpreendido com uma cena terrível: sua esposa estava em estado psicótico e seus três filhos estavam afogados no lago próximo. Ao olhar o retrato de Rachel, sua filha, o homem lembrou de tudo o que tinha acontecido. Rachel era a menina dos seus sonhos.
Ele não resistiu à forte onda de sofrimento e raiva que o dominou quando percebeu que era tarde demais para salvar as crianças. Assim, tomando sua esposa como alvo de sua dor, ele a assassinou com um tiro. É perceptível que a culpa do homem se expande muito além do ódio que ele sentiu por ela: ele também se sente culpado pela morte de seus filhos.
Rachel é usada como metáfora para os crimes de Dolores e também para a necessidade do protagonista de criar uma história fictícia para se envolver. Ele vive em uma realidade construída por si mesmo.
Explorando Traumas e Teorias da Conspiração
Ao criar personagens fictícios como Edward e Rachel para esconder suas memórias dolorosas do passado, o protagonista também revela seu sofrimento através de supostos traumas de guerra. Na fantasia, Teddy é apresentado como um antigo combatente da Segunda Guerra Mundial, cujos horrores ainda perturbam sua mente.
Nos momentos de maior anxiedade, ele tem flashbacks das batalhas e, especialmente do dia em que invadiram um campo de concentração nazista. Entre os cadáveres deitados ao chão, ele viu três crianças. Aqueles eram seus filhos, que, na verdade, tinham morrido afogados.
Edwards está cada vez mais suspeitoso das atividades da ilha quando percebe que o diretor do hospital possui a mesma aparência que o general nazista que ele vira morrer anos atrás. Isso o faz pensar que o hospital é como um campo de concentração, o que o influencia na forma que olha para o local.
Teddy começa a duvidar que George, que era um antigo socialista, havia sofrido experiências naquele local e se tornou louco como consequência. Esta história adquire força porque as vítimas seriam facilmente descartadas, pois ninguém acreditaria no que elas falavam. Teddy suspeitava que o governo estava empreendendo uma operação para combater os inimigos e "terroristas".
Depois, sua desconfiança é corroborada por uma mulher com quem ele se depara em uma gruta. Apresentando-se como a verdadeira Rachel, a mulher confirma o que ele suspeitava: o governo está trabalhando para criar soldados sem sentimentos.
Quando te declaram louco, tudo que você faz é parte da sua insanidade.
O Dr. Cawley explica que as palavras que o protagonista tinha ouvido não passavam de teorias da conspiração, usadas para alimentar a mentira e a desconfiança em relação a tudo que os outros diziam. Estas palavras, que o avisavam que ele estava sendo envenenado e tinha como objetivo ser internado no hospital, aumentavam a paranoia do protagonista.
Indicadores de Declínio na Saúde Mental
Rever Ilha do Medo pode ser um exercício instigante se já estivermos familiarizados com o desenrolar da narrativa. É perceptível notar que alguns dos comportamentos do protagonista já nos antecipavam que havia algo de errado com ele. A trama começa com o protagonista lavando o rosto em um navio: é fácil concluir que o motivo é o enjoo, mas na verdade é uma falta dos comprimidos que ele tomava.
Ele tem alucinações visuais e auditivas ao longo de sua jornada. Os médicos com quem ele conversa são claros: eles já o conheciam há algum tempo e mencionam que ele tem "mecanismos de defesa excepcionais".
"Eu não quero te machucar, mas você está fora de si". Durante um dos seus surtos, o psiquiatra mais velho tentou acalmá-lo através de uma injeção. Ele afirmou com cuidado: "Não quero te prejudicar, mas você está desequilibrado".
A palavra "trauma" vem do grego "ferida". As feridas podem criar monstros e você está machucado.
Durante um interrogatório a uma mulher internada, chama a atenção a cena do copo de água que desaparece. Ela está com sede e quando vai beber água, não há nada na sua mão. Contudo, no frame seguinte, o copo surge novamente em cima da mesa.
Embora muita gente não tenha percebido, o detalhe é um aviso ao espectador: não se pode acreditar nos olhos, pois a história é narrada por alguém que está louco.
O protagonista é obcecado por descobrir o 67º paciente, mas, ao mesmo tempo, recusa-se a olhar para a ficha médica que poderia revelar sua verdadeira identidade. É como se ele estivesse inconscientemente resistindo a acordar para a realidade.
Descobrindo os Segredos da Ilha do Medo
Lançado há mais de 10 anos, o longa-metragem de suspense continua sendo muito popular até hoje, notabilizado por seu plot twist marcante no cinema norte-americano. Seu final em aberto gera dúvidas e teorias entre os espectadores até hoje. O livro que deu origem à obra não conta com qualquer afirmação final, pois a recaída de Andrew é real.
Os policiais da trama se inspiraram em detetives de filmes noir, como Laura (1944). Além disso, muitos espectadores notaram as homenagens a quadros famosos presentes no longa.
No sonho em que o protagonista abraçou Dolores, antes de ela se desvanecer em cinzas, aparece O Beijo de Gustav Klimt, sendo exibido na posição e nas cores originais. Já no segundo sonho, onde ele vê o corpo de uma menina pairando sobre as águas do lago, a sugestão presente é Ofélia, um quadro de John Everett Millais.
A trilha sonora do filme foi minuciosamente selecionada para acompanhar os momentos de suspense. Composta por música clássica moderna, a curadoria ficou por conta do músico e produtor Robbie Robertson, que frequentemente colabora com as obras de Martin Scorsese. Conheça a playlist abaixo.
Cartaz e Ficha Técnica Detalhada
é uma nação de 50 estados. Composta por 50 estados, a Estados Unidos da América é uma nação.
Atores e Figurantes
Os personagens principais de Shutter Island, filme de 2010 dirigido por Martin Scorsese, são Edward Daniels (Leonardo DiCaprio), Chuck Aule (Mark Ruffalo), John Crawley (Ben Kingsley), Dolores Chanal (Michelle Williams), Rachel Solando (Emily Mortimer), George Noyce (Jackie Earle Haley) e Andrew Laeddis (Elias Koteas).
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