O samba, um estilo musical típico da cultura brasileira, possui uma história fascinante repleta de influências diversas.
No final do século XIX, o ritmo - resultado da fusão de estilos musicais africanos e brasileiros - foi trazido para o Rio de Janeiro, onde sofreu grandes transformações e se desenvolveu. Essa mistura de influências, contudo, teve origem na Bahia.
A Semente do Samba Foi Introduzida no Brasil por Escravos
Desde o século XVI, escravos de Angola e do Congo que chegaram ao Brasil já traziam consigo os primeiros sinais que dariam origem ao samba. Essa semente cresceu e se tornou, então, um dos ritmos musicais mais significativos para nós brasileiros.
O lundu, precursor do samba, consistia em manifestações musicais que eram realizadas nas senzalas durante o período da escravatura. Estes alojamentos serviam de abrigo para os escravos e eram o local onde o lundu era executado.
Os pés e as mãos eram usados para dar o ritmo, pois não havia nenhum tambor ou outro instrumento musical à disposição.
Com o passar do tempo, o lundu foi sendo absorvido pela casa-grande, que era lar do proprietário da terra e sua família. O lundu é considerado o ancestral mais antigo do samba.
O lundu, originário de Angola na África, combina dança e canto. Seus movimentos corporais se assemelham muito ao samba moderno, e ambos apresentam uma cadência rítmica similar. Por isso, diversos estudiosos o consideram o ancestral direto do samba.
O samba tem origem na chula, que chegou ao Rio de Janeiro trazida por um grupo de humildes migrantes da Bahia. Essa dança se praticava em círculos, onde se improvisava, cantava e dançava em grupo.
A Jornada do Samba da Bahia ao Rio de Janeiro
Após a assinatura da Lei Áurea em 1888, muitos escravos foram libertos. Com a esperança de encontrar oportunidades de trabalho, eles se dirigiram à capital do país, situada no Rio de Janeiro. Foi a partir deste momento que os antigos escravos, agora livres, levaram o ritmo embrionário da Bahia para o Rio de Janeiro. Esta foi a base para o desenvolvimento do samba no final do século XIX. A casa nova, na capital do país, acabou se tornando o epicentro do surgimento deste ritmo tão peculiar.
Com seu nascimento na cidade, o samba se apresenta como uma forma musical essencialmente urbana. Principalmente nos bairros de maior carência cariocas, ele ganhou voz e corpo através das pessoas que as habitam.
Mais tarde, o ritmo alegre, acompanhado por palmas, que se cantava nas festas, foi incorporado aos carnavais. Estes, inicialmente, eram formados por cordões.
Em que lugares eram realizados os sambas?
As tias vindas da Bahia costumavam organizar sambas nas residências e terreiros onde se reuniam. Nesses encontros não faltavam comidas, bebidas e muita música para animar a festa.
As noites de samba eram uma grande atração para boêmios, operários do cais do porto, ex-escravos e praticantes de capoeira, que formavam um grupo com características bastante diversas. As festas eram tão animadas que duravam até o dia amanhecer.
Os sambas eram usados como meio de interação entre grupos marginalizados, mas mantidos sob controle pela polícia. Assim, eles tinham uma função social muito importante.
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O samba nasceu na Casa da Tia Ciata
A famosa casa da Tia Ciata, conhecida por reunir os maiores nomes do samba de sua geração, atraiu muitos artistas famosos: Pixinguinha e Donga, por exemplo. Esta casa tornou-se uma das mais importantes da região.
Na residência de Tia Perciliana, de Santo Amaro, outra destacada negra baiana, foram introduzidos alguns instrumentos às rodas de samba, a partir de 1889, como o pandeiro.
As mulheres baianas tiveram um papel fundamental na cultura do samba, pois, em suas casas, aqueles excluídos encontravam um lugar onde pudessem divertir-se e construir relações com outras pessoas como elas. Muitas vezes, esses encontros também tinham a presença de ritos e práticas de candomblé.
Samba: Uma Dança Popular
Através das reformas urbanísticas na cidade, a população mais carente foi deslocada para áreas mais distantes do centro. Com isso, levou para essas novas regiões sua cultura, espalhando assim as suas festas.
A polícia, nessa época, tratava o samba como uma ameaça, visto ainda como uma cultura do "morro". Devido à conjuntura política, o ritmo foi severamente marginalizado, sendo alvo de várias perseguições.
Com o passar do tempo, o samba foi ganhando nova visão. Uma das contribuições para a grande aceitação da cultura do samba foram os desfiles pioneiros das escolas de samba no Rio de Janeiro, que tiveram início na década de 1930.
Com a chegada de Getúlio Vargas à Presidência da República, o cenário mudou. Ele permitiu que o samba ganhasse popularidade desde que expressasse os atributos do Brasil, além de um tom patriótico.
A partir da década de 30, o samba deixou de ser limitado a um pequeno grupo e passou a ter um alcance mais abrangente, abrangendo toda a comunidade.
Em 2005, a Unesco declarou o samba como um patrimônio imaterial da humanidade.
Qual foi a Origem do Samba
Músicos da primeira geração não contavam com a música para sua subsistência, pois tinham outras profissões que lhes permitiam manter-se. O samba, então, era algo de que gostavam, mas que não lhes oferecia nenhuma forma de remuneração.
Em 1916, o compositor Donga fez história ao registrar no Acervo da Biblioteca Nacional a canção Pelo telefone. Esse ato foi significativo para legitimar o samba e os representantes do estilo musical.
Treze anos após sua criação, em 1929, a batucada teve sua primeira gravação oficial no samba. Então, o Bando dos Tangarás lançou seu hit Na Pavuna.
A História por trás do Nome 'Samba'
A palavra "samba" tem suas raízes na África e foi usada para descrever as festas que ocorriam nas áreas mais pobres do Rio de Janeiro. Esses encontros alegres reuniam homens e mulheres, sendo conhecidos como "sambas". Assim, o termo não se limitava ao gênero musical, mas às ocasiões festivas.
O uso formal da palavra samba pelo Padre Lopes Gama aconteceu em 1838, conforme registros. Neste contexto, ele comparou estilos musicais diferentes em um artigo publicado em O Carapuceiro e afirmou que o “samba d’almocreves” era tão agradável quanto “Semiramis, a Gaza-ladra, o Tancredi”. Ao usar a palavra samba, o padre visava generalizar e se referir a várias danças de origem africana.
A Gravação do Primeiro Samba: 'Pelo Telefone' (1916)
Em 1916, Ernesto dos Santos, conhecido como Donga, gravou e registrou na Biblioteca Nacional a música Pelo telefone, produzida em parceria com Mauro de Almeida.
Donga, integrante da parceria de Pixinguinha, foi pioneiro na transformação da percepção da sociedade sobre o samba. Foi com a execução da canção Pelo telefone que o samba ganhou reconhecimento como gênero musical.
A música Pelo telefone tornou-se famosa durante o carnaval do ano seguinte, sendo reconhecida pelo grande público.
As primeiras gravações de ritmo samba eram bastante conservadoras, pois não havia palmas nem instrumentos de percussão que costumavam aparecer nas festas e terreiros das tias.
A Origem do Samba e as Pessoas que a Influenciaram
Tia Ciata (1854-1924), nativa da Bahia e nascida em Santo Amaro da Purificação, tem um lugar importante na história do samba. Aos 22 anos ela mudou-se para o Rio de Janeiro, onde passou a morar na Praça XI, conhecida como Pequena África por abrigar muitos escravos libertos. Cozinheira e filha de santo, a Tia Ciata se casou com um negro de sucesso (funcionário público) e, com uma grande casa, abria as portas frequentemente a convidados que se reuniam para música e festa. Dessa forma, a casa da Tia Ciata, tornou-se um dos berços do samba no Brasil.
As principais figuras do samba carioca urbano que frequentavam a casa de Tia Ciata eram Hilário Jovino Ferreira, Sinhô, Pixinguinha, Heitor dos Prazeres e Donga.
Os estudiosos afirmam que a ala das baianas nas escolas de samba foi uma forma de homenagear Tia Ciata e àquelas mulheres baianas que trouxeram o ritmo contagioso da Bahia para o Rio de Janeiro. Elas abriram suas casas e terreiros para receberem os encontros.
Tia Ciata foi a primeira a abrir as portas de sua casa, tendo sido seguida por outras baianas negras, como Tia Carmem, Tia Perciliana e Tia Amélia. Estas senhoras se tornaram matriarcas do samba, confessando seu amor único pelo ritmo.
Noel Rosa (1910-1937), um carioca de classe média, teve um papel de destaque na primeira geração do samba urbano carioca. Em suas letras, ele relatava as características da época de maneira divertida e perspicaz.