Alguns consideram o grafite (grafitismo) como vandalismo, enquanto outros o apreciam como exemplares de arte urbana. Todos que passam pelas ruas podem ser surpreendidos, causando admiração, repulsa ou indiferença.
Descubra mais sobre essa forma de expressão artística que permeia a nossa vida diariamente.
Grafite: A Arte do Grafitismo
Grafiteiros inscrevem ou desenham desenhos à mão em muros, paredes, monumentos, estátuas e qualquer outro elemento na via pública. Esta forma de arte oferece aos artistas uma plataforma para expressar críticas sociais ao intervir na cidade. O objetivo principal é desenvolver uma forma de ativismo singular, usando a arte do grafite para expressar seus pontos de vista e criar discussão.
A palavra "Grafite" é originária da língua italiana e significa "escrito com carvão".
Por não possuir proprietário ou vigilância, o grafite torna-se, geralmente, vulnerável à deterioração causada pelo tempo e suas circunstâncias.
"A expressão artística mais vital que surge a partir das ruas". Norman Mailler, um renomado escritor norte-americano, definiu o grafite como "a expressão artística mais vital que surge das ruas". O trabalho produzido por grafiteiros vive na dualidade entre a sujeira visual e a obra artística.
"uma rebelião tribal contra a opressora civilização industrial"
A Contrastante Diferença entre Grafite e Pichação
Muitos se questionam se o grafite é considerado arte ou se é apenas uma forma de vandalismo. Geralmente, a pichação tem a conotação de destruir ou danificar a propriedade pública. Por outro lado, o grafite é associado à ideia de algo criativo e positivo.
Muitos consideram o grafitismo como parte das artes visuais, devido à complexa técnica empregada na sua criação. Tratando-se de uma forma de arte de rua, o grafitismo tem se tornado cada vez mais popular.
Costuma-se chamar os artistas de rua de grafiteiros. Eles geralmente usam latas de spray com tinta e stencil, principalmente à noite, para evitar serem detidos pela polícia.
O grafite e a pichação se diferenciam quando o assunto é conteúdo: enquanto o grafite costuma estar associado a uma imagem, a pichação se centra em textos escritos por um indivíduo ou grupo, muitas vezes com conteúdos de teor político. Além disso, a pichação é freqüentemente associada à poluição visual e à marginalização.
Muitas vezes, o grafite é feito com o consentimento do proprietário do local, mas a pichação geralmente acontece sem qualquer tipo de autorização.
Tipos de Grafite
ocorrente e político. O Grafite pode ser separado em duas categorias: de caráter ocasione e de conteúdo político.
- Arte de pulverizar, promovida pelo uso de spray, comumente de modo rápido, criando formas ou palavras simples; e Arte de estêncil, construída a partir de um cartão recortado com desenho, que é colocado no lugar desejado e coberto com spray de tinta. A tinta passa pelas aberturas do desenho, que é removido depois.
Os Riscos de Grafitar
Em numerosos países, a pintura de locais públicos ou privados sem autorização é considerada uma infração punível com multa ou mesmo prisão.
A prefeitura de Los Angeles não se mostrou favorável com relação à arte de rua. Por isso, ela criou um aplicativo para que as denúncias pudessem ser encaminhadas à autoridade e os denunciantes pudessem receber recompensas de até dois mil dólares. Além disso, foram registradas mais de 130 mil queixas e 3.000km quadrados de graffiti foram apagados. Quem for pego pichando vai receber uma multa entre mil e cinquenta mil dólares e ainda corre o risco de ser preso, cumprindo pena entre seis meses a um ano.
Na cidade de Nova Iorque, a legislação é menos rigorosa. Quem for flagrado praticando grafite recebe uma pequena multa ou é obrigado a realizar trabalhos comunitários por um ou dois dias.
Em Madrid, os grafiteiros podem enfrentar uma multa que vai de trezentos a seis mil euros, sem risco de prisão. Porém, em Londres - uma das principais cidades para o grafite - a legislação é mais severa: o valor da multa pode chegar até cinco mil libras e o infrator pode ser preso por até dez anos.
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Explorando o Grafite: Uma Análise Histórica
As inscrições em paredes públicas remontam aos tempos do Império Romano. Entretanto, foi especialmente na década de 1970, em Nova Iorque, que a arte do grafite se popularizou, pois um grupo de jovens passou a desenhar marcas na cidade.
Em maio de 1968, o grafite ganhou destaque na capital francesa, com um movimento contracultural que escreveu trabalhos políticos ou poéticos nos muros. Abaixo seguem algumas das pichações produzidas na época:
O hip hop e o grafite estão intimamente relacionados, pois o grupo passou a usar a arte de rua como uma forma de expressão para denunciar a discriminação e o estado desfavorecido que minorias enfrentavam. Assim, eles conseguiram dar voz àqueles que não tinham meios para se expressar.
À medida que o tempo foi passando, as inscrições feitas pelos grafiteiros no início ganharam um novo formato, coloração e formas.
Em 1975, a primeira exposição inteiramente focada em arte de grafite aconteceu no Artist's Space, em Nova Iorque. Seis anos depois, Diego Cortez organizou uma outra exposição importante para o movimento, intitulada de New York/New Wave.
A Evolução do Grafite no Brasil
Desde o final da década de 1970, a cultura norte-americana tem influenciado a chegada do grafite no Brasil, principalmente no Estado de São Paulo.
Durante a ditadura militar, vivíamos um período de censura. Os grafiteiros, entretanto, foram extremamente corajosos ao desafiarem as regras impostas e seguirem seu próprio caminho. Assim, esses artistas se tornaram transgressores naquele contexto.
A arte do grafite brasileiro tem se espalhado por todo o país, desde São Paulo. Descubra agora alguns dos principais nomes dessa modalidade contemporânea:
A Dupla de Gêmeos
Os irmãos Gêmeos (Gustavo e Otávio Pandolfo), criadores de notáveis grafites, abandonaram São Paulo para conquistar as paredes do planeta.
A Obra de Eduardo Kobra
1975 foi o ano de nascimento de Eduardo Kobra, um dos maiores artistas de rua do Brasil. Desde então, ele já realizou mais de 550 obras em todo o país e em outros 17 países. A maior parte de sua carreira foi iniciada na periferia de São Paulo.
Em junho de 2012, o artista brasileiro Eduardo Kobra criou “O Beijo” em Manhattan, na região de Chelsea. Esta obra era uma releitura da fotografia tirada pelo jornalista norte-americano Alfred Eisenstaedt no dia 13 de agosto de 1945. Esta imagem retratava a felicidade da população devido ao término da Segunda Guerra Mundial. Infelizmente, quatro anos depois, o painel de Kobra foi apagado.
O projeto Olhar a Paz é uma iniciativa de Eduardo Kobra, que tem como objetivo pintar murais com figuras históricas que lutaram contra a violência. O mural abaixo retrata a autora Anne Frank, juntamente com outras figuras, como Ghandi, Einstein e Malala Yousafzai.
Ossos da Cabeça
Fabio de Oliveira Parnaiba — ou simplesmente Cranio — nasceu em Tucuruvi, São Paulo, em 1982. Seus murais são marcados por uma forte crítica social e política, a qual é protagonizada pelo índio.
Explorando o Grafite no Mundo
Jean-Michel Basquiat (1960-1988) é considerado um dos principais grafiteiros da história. Nos anos 70, o americano deixou seu legado poético e crítico em prédios abandonados de Manhattan.
Nascido em Paris, em 1951, Xavier Prou (também conhecido como Blek le Rat) é amplamente reconhecido como o pai do stencil. A partir dos anos 1980, o artista começou a se manifestar em suas obras pelas ruas da capital francesa, com mensagens que tinham caráter político.
Gírias do Grafite
O universo do grafite apresenta uma linguagem singular permeada de expressões estrangeiras, principalmente do inglês norte-americano. Esta terminologia específica é caracterizada por gírias.
Veja algumas delas a seguir:
- Bite significa imitar o estilo de outro grafiteiro;
- Crew é o nome dado ao conjunto de grafiteiros que praticam a sua arte em conjunto e simultaneamente;
- Tag é a assinatura do grafiteiro;
- Piece é um grafite onde se usa mais de 3 cores;
- Toy é o nome dado a um grafiteiro iniciante;
- Spot é o local onde o grafite é feito;
- Wildstyle é um estilo específico de grafite caracterizado pelo uso de letras entrelaçadas;
- Free style é um trabalho livre, em geral improvisado;
- Bomb é o nome dado ao grafite ilegal, feito por isso de modo rápido e durante a noite. Quem faz o bomb é chamado de bomber.