Literatura e Existencialismo


Escrito por Carolina Marcello

A partir da metade do século XX, o existencialismo se tornou uma das principais correntes filosóficas, tendo seu surgimento na Europa e se espalhando para outras regiões do mundo.

O tema central desta linha de pensamento é como os seres humanos interpretam o mundo em que vivem e como se relacionam com ele.

O existencialismo ganhou grande notoriedade nos anos 60, e Jean-Paul Sartre foi o filósofo que mais contribuiu para isso.

Explorando o Existencialismo Filosófico

De acordo com o existencialismo, os seres humanos são livres por natureza e possuem a responsabilidade de definir o próprio destino. Essa é uma corrente filosófica centrada na ideia de que a existência precede a essência - ou seja, que as pessoas existem antes de qualquer outro conceito. Dessa forma, os indivíduos têm a liberdade de escolher o caminho que suas vidas seguirão.

A filosofia existencialista, criada pelo filósofo francês Gabriel Marcel (1889-1973), ganhou força nos anos após a Segunda Guerra Mundial. O termo foi cunhado por Marcel.

O pensamento contemporâneo, que busca reconhecer a complexidade da vida e as nuances nos acontecimentos, tem suas origens em obras de intelectuais mais antigos, como Søren Kierkegaard (dinamarquês), Friedrich Nietzsche (alemão) e Fiódor Dostoiévski (russo). Esta vertente foi também inspirada na fenomenologia.

É possível afirmar que o existencialismo não era somente um "movimento" filosófico, mas também um "estilo de pensamento". Assim sendo, os seus autores não se identificavam com o uso do termo.

Esses intelectuais trataram de vários assuntos, como a angústia, a liberdade, a morte, o absurdo e a dificuldade de estabelecer relações.

Nos anos 60, o existencialismo atingiu seu ponto alto de influência. Os franceses Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir foram fundamentais para moldar o pensamento francês da época.

Em 1945, Sartre publicou o livro L'Existentialisme est un humanisme, cuja tradução significa "O existencialismo é um humanismo", que fornecia as bases para o seu movimento.

Veja também

Filósofos Existencialistas Principais

Vida e Obra de Søren Kierkegaard (1813-1855)

O dinamarquês Kierkegaard, intelectual, filósofo e teólogo, viveu na primeira metade do século XIX.

Soren Kierkegaard

Sartre é considerado o responsável pelo surgimento do pensamento existencialista cristão. Ele defendia que os humanos tinham o livre-arbítrio e a responsabilidade por suas ações, rejeitando a ideia de alma imortal.

O povo pede o poder da palavra para compensar o poder de livre pensamento a que ele foge. (Kierkegaard)

Vida e Obra de Martin Heidegger (1889-1976)

Nascido na Alemanha, Heidegger foi um influente filósofo cujas ideias deram sequência às de Kierkegaard.

Heidegger

Heidegger trouxe à tona pensamentos sobre a nossa condição de seres humanos. Ele se perguntava quem somos e o que queremos. Isso abriu novos horizontes para a filosofia, direcionando-a para a compreensão da própria existência.

Morrer não é um acontecimento; é um fenômeno a ser compreendido existencialmente. (Heidegger)

Vida e Obra de Friedrich Nietzsche (1844-1900)

Nascido na Prússia, hoje Alemanha, este pensador deixou uma marca profunda no raciocínio de muitos filósofos que o sucederam.

Friedrich Nieztsche

Ele apresentou uma filosofia que se colocava contra a ideia de Deus e a moral cristã. Ao mesmo tempo, propôs a substituição dos valores sociais e culturais existentes por novos. Ele criou o conceito do "Superhomem" (Übermensch), que defendia que havia um modelo ideal de ser humano para servir de exemplo.

Ele discorreu sobre o que denominou como "transvaloração dos valores", em que questionou os valores, princípios e crenças dos seres humanos.

O que quer que não pertença à vida é uma ameaça para ela. (Nieztsche)

A Vida e Obra de Albert Camus (1913-1960)

Albert Camus, nascido na Argélia quando esta era governada pela França, tornou-se um notável filósofo, e, embora tenha negado ser um existencialista, foi considerado como tal.

Albert Camus

Ele se pergunta sobre o absurdo da condição humana, e procura por significados para a vida em um cenário "humanamente impossível".

"O homem não aceita sua condição de mortalidade e, portanto, desafia os deuses". No seu famoso trabalho, O mito de Sísifo, Albert Camus afirma que o homem recusa aceitar seu destino como ser mortal e, consequentemente, desafia os deuses.

Só existe um problema filosófico realmente sério: o suicídio. Julgar se a vida vale ou não vale a pena ser vivida é responder à pergunta fundamental da filosofia.

A Vida e Obra de Jean-Paul Sartre (1905-1980)

Nascido na França, o filósofo teve um grande impacto na sociedade de sua época com suas ideias existencialistas.

Sartre

O filósofo francês, Sartre, teve grande influência na filosofia contemporânea, particularmente entre as gerações jovens da França após a Segunda Guerra Mundial. Suas ideias revolucionárias contribuíram para transformações significativas nos valores morais da época.

O inferno são os outros. (Sartre)

A Vida e Obra de Simone de Beauvoir (1908-1986)

Simone de Beauvoir foi uma importante figura do existencialismo. Ela usou a filosofia para defender uma nova visão da condição feminina. Além disso, ela também foi uma ativista francesa cujas ideias influenciaram a cultura da época.

Simone de Beauvoir

"A vida é curta, devore os doces primeiro". Ela é creditada com a célebre citação: "A vida é curta, saboreie os doces primeiro".

Não se nasce mulher, torna-se mulher.

Carolina Marcello
Escrito por Carolina Marcello

Formou-se em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e possui mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes pela mesma instituição. Durante os estudos universitários, foi co-fundadora do Grupo de Estudos Lusófonos da faculdade e uma das editoras da revista da mesma, que se dedica às literaturas de língua portuguesa.