Chico Buarque - O Livro Chapeuzinho Amarelo


Escrito por Carolina Marcello

O conto de Chapeuzinho Amarelo, escrito por Chico Buarque em 1979, ficou marcado na memória coletiva desde então. Quase vinte anos depois, contou também com lindas ilustrações de Ziraldo para a edição mais recente.

A jovem protagonista medo de muitas coisas, e isso a impedia de ter experiências novas. Porém, aos poucos ela foi adquirindo coragem para aproveitar o mundo e viver várias aventuras.

" "Os Alunos Merecem Receber Educação de Alta Qualidade

Interessante? Leia também

A Lenda de Chapeuzinho Amarelo

Qual é a Personagem Principal da História?

Chico Buarque criou uma menina como protagonista de sua obra: Chapeuzinho Amarelo.

de passar na rua sozinha, de falar com pessoas que não conhecia, de lugares desconhecidos. Ela, que usava sempre um acessório amarelo na cabeça, sentia medo diante de qualquer coisa que a expusesse às incertezas da vida: caminhar sozinha, conversar com desconhecidos e visitar lugares novos.

Em festa, não aparecia.

Não subia escada, nem descia.

Não estava resfriada, mas tossia.

Ouvia conto de fada, e estremecia.

Não brincava mais de nada, nem de amarelinha.

O medo a dominava tanto que a menina não conseguia realizar nenhuma ação - nem mesmo descansar, pois temia ter pesadelos durante o sono.

A garota se viu limitada pelo medo: não saía por medo de se sujar, não falava para evitar engasgos. A vida dela era triste e restrita, e seu maior medo era o lobo mau, o vilão do conto de Chapeuzinho Vermelho.

A Emergência do Lobo

Chapeuzinho Amarelo temia o lobo, mesmo nunca tendo visto o animal.

A menina, em um belo dia, ficou cara a cara com o lobo que tanto temia. Mas, para sua surpresa, ela acabou se acostumando com a situação e foi perdendo o medo que tinha, inclusive o medo de se sentir medo.

O lobo ficou surpreso ao ver que a menina não tinha medo dele.

Ficou mesmo envergonhado, triste, murcho e branco-azedo, porque um lobo, tirando o medo, é um arremedo de lobo. É feito um lobo sem pelo. Lobo pelado.

Transformação

de desconfiar, de caminhar sozinha, de escutar um som estranho. Chapeuzinho Amarelo experimentou uma mudança radical em sua vida depois de deixar de temer o lobo. Aos poucos, ela foi liberando-se de outras preocupações, como desconfiar daqueles ao seu redor, andar sem companhia e ouvir sons estranhos.

Não tem mais medo de chuva, nem foge de carrapato. Cai, levanta, se machuca, vai à praia, entra no mato, trepa em árvore, rouba fruta, depois joga amarelinha com o primo da vizinha, com a filha do jornaleiro, com a sobrinha da madrinha e o neto do sapateiro.

Chapeuzinho Amarelo superou seu medo e passou a ter uma nova rotina repleta de aventuras e novas amizades.

Avaliação de Chapeuzinho Amarelo

Medos da Chapeuzinho Amarelo

Chico Buarque revisitou o conto clássico de Chapeuzinho Vermelho, que foi inicialmente contado por Charles Perrault e depois, pelos Irmãos Grimm. Seu trabalho voltado para o público infantil é uma releitura deste conto.

Chapeuzinho Amarelo é uma releitura irônica do clássico conto de fadas. Ao contrário da versão original, onde a personagem se aventura sem noção dos perigos, Chico Buarque cria uma chapeuzinho atenta e temerosa dos perigos que a espreitam a cada passo.

um medo de lobo. Chapeuzinho Amarelo tem um medo incontrolável, que impede que ela faça e durma com tranquilidade: um medo do lobo.

Tinha medo de trovão. E minhoca, pra ela era cobra. E nunca apanhava sol porque tinha medo da sombra. Não ia pra fora pra não se sujar. (...) Não ficava em pé com medo de cair. Então vivia parada, deitada, mas sem dormir, com medo de pesadelo.

Ao início da obra, a Chapeuzinho Amarelo é representada como sendo incapaz, ingênua, frágil e vulnerável. Estes aspectos da personagem refletem os sentimentos de medo e insegurança dos leitores mais jovens, o que facilita o processo de identificação.

O medo é o que impede a Chapeuzinho Amarelo de viver uma vida plena. Ao contrário da Chapeuzinho Vermelho, onde sua ausência de medo permite que a história aconteça, aqui essa sensação impede que os desejos sejam alcançados.

A História do Lobo

Nessa reescritura, os personagens principais têm uma nova roupagem. Chapeuzinho e o Lobo são repensados e o último, que era visto como ameaça, torna-se inofensivo.

Na memória coletiva, o lobo que mais se destaca é o da história da Chapeuzinho Vermelho. Ele é o protagonista da famosa fábula, e é lembrado há gerações.

E Chapeuzinho Amarelo, de tanto pensar no LOBO, de tanto sonhar com LOBO, de tanto esperar o LOBO, um dia topou com ele que era assim: carão de LOBO, olhão de LOBO, jeitão de LOBO e principalmente um bocão tão grande que era capaz de comer duas avós, um caçador, rei, princesa, sete panelas de arroz e um chapéu de sobremesa.

A imagem clássica do lobo que assombrava a menina quando criança é aquela de um animal maligno espreitando na floresta à procura de oportunidades para atacar e devorar a vovó e a netinha.

Ao rever Chico, fica claro que seu medo era inventado, fruto da imaginação.

Um LOBO que nunca se via, que morava lá pra longe, do outro lado da montanha, num buraco da Alemanha, cheio de teia de aranha, numa terra tão estranha, que vai ver que o tal do LOBO nem existia.

A menina, ao encarar o lobo, lentamente foi superando seu medo até que não mais ficou presa aos seus próprios temores.

Chapeuzinho Amarelo, que antes era dominada pela sensação de medo, descobriu que era capaz de se libertar e tornou-se a principal protagonista de suas próprias brincadeiras e aventuras.

Escute a Lenda de Chapeuzinho Amarelo

A Análise da Publicação de Chapeuzinho Amarelo

Em 1979, o escritor Chico Buarque lançou o livro "Chapeuzinho Amarelo".

O compositor e escritor criou uma história para sua filha Luísa Severo Buarque de Holanda (1975), que tinha quatro anos na época.

A Arte de Ziraldo

Em 1997, o clássico Chapeuzinho Amarelo foi republicado, com as ilustrações de Ziraldo.

Em seguida, o desenhista foi premiado com o Prêmio Jabuti na categoria de melhor ilustração.

Chapeuzinho amarelo

A famosa história infantil "Chapeuzinho Amarelo" foi adaptada para o teatro, tornando-se ainda mais popular.

Carolina Marcello
Escrito por Carolina Marcello

Formou-se em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e possui mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes pela mesma instituição. Durante os estudos universitários, foi co-fundadora do Grupo de Estudos Lusófonos da faculdade e uma das editoras da revista da mesma, que se dedica às literaturas de língua portuguesa.