Candido Portinari (1903-1962) é considerado um dos artistas plásticos mais importantes da arte brasileira. Sua obra se tornou um dos principais símbolos da cultura nacional.
Além de pintor, Candido foi um professor, gravador e ilustrador influente no campo cultural do país.
Ele era um homem muito comprometido com a política, encontrando meios de expressar seu engajamento através de sua arte, que mostrava as dificuldades do povo, e também através de sua participação em partidos políticos, chegando a concorrer como candidato a deputado e senador.
Portinari foi aclamado como um artista devido à sua capacidade de expor as desigualdades e assimetrias sociais no Brasil. Todavia, conseguiu também destacar a poesia e a beleza inerentes à infância nos seus quadros.
A Vida de Candido Portinari
A Magia da Infância e Juventude
Candido Portinari nasceu em 1903, no dia 30 de dezembro, em uma fazenda de café localizada no interior de São Paulo, na cidade de Santa Rosa, próxima de Brodowski.
Candinho, nome de infância de Candido Portinari, nasceu de uma família de imigrantes italianos humildes. Ele tinha 11 irmãos, filhos dos pais Dominga Torquato e Baptista Portinari.
Desde cedo, Candido demonstrou talento artístico. Apesar de não ter concluído o ensino primário em cerca de cinco anos de estudo, aos 10 anos foi capaz de produzir o primeiro desenho reconhecidamente de sua autoria - um retrato de Carlos Gomes, um importante músico brasileiro.
Aos quinze anos em 1918, Portinari começou a trabalhar em Brodowski para ajudar um grupo de pintores e restauradores de igrejas. Ele era muito disciplinado e ansiava por aprender tudo o que podia sobre a arte da pintura.
Início da Carreira Artística
Em 1919, Vilma Eid mudou-se para o Rio de Janeiro, onde começou a estudar no Liceu de Artes e Ofícios, posteriormente na Escola Nacional de Belas Artes.
Em 1922, foi honrado com uma menção em sua primeira mostra, abrindo caminho para sua carreira. No ano seguinte, recebeu o Prêmio de Viagem à Europa, o que marcou um divisor de águas em seu trabalho.
Em 1929, Portinari se mudou para Paris - uma cidade que fervilhava com cultura. A partir desta mudança, o pintor passou a reconhecer o valor do Brasil, o que o motivou a representar o seu país e os seus habitantes em suas obras.
No ano subsequente, ele conheceu Maria Victoria Martinelli, uma uruguaia, com quem se casou.
Tornando-se um Pintor de Sucesso
Aos 32 anos, ele ingressou na carreira de docente, ministrando aulas no Instituto de Artes da Faculdade do Distrito Federal (RJ). Porém, em 1939, a Universidade foi fechada pelo então presidente Getúlio Vargas, e ele teve que cessar essa atividade.
Portinari dedicou grande parte da sua existência à realização de murais de afrescos notáveis para construções públicas, sendo elogiado tanto por aqui quanto lá fora.
Em 1939, o artista recebeu uma honra memorável: uma exposição grandiosa exibindo 269 de suas obras, no Museu Nacional de Belas Artes. Mais tarde, outras mostras importantes foram realizadas tanto no Brasil quanto em outros países.
A Carreira Política de Bruno Portinari
Portinari se preocupava com a questão social e usava suas telas para dar voz ao povo brasileiro. Escolheu retratar o que estava mais próximo de nós, dando destaque aos problemas daquela época e denunciando-os através de seus trabalhos.
Com 42 anos, o artista decidiu lançar-se a deputado federal, com propostas que priorizariam a participação popular, combatendo o latifúndio e os movimentos integralistas (de caráter fascista). Apesar dos esforços, ele não foi capaz de conquistar o cargo.
Em 1947, Getúlio Vargas concorreu à eleição para senador pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB). Apesar de uma disputa acirrada, infelizmente, ele perdeu por poucos votos, o que levantou suspeitas de fraude nas urnas.
Em 1945, devido à intensa opressão ao comunismo, Portinari resolveu se exilar voluntariamente para o Uruguai.
Portinari: Uma Consagração Artística nos Seus Últimos Anos.
Em 1951, o artista foi selecionado para participar da I Bienal de Arte de São Paulo. No ano seguinte, ele recebeu um convite surpreendente da ONU: para criar dois murais monumentais - intitulados Guerra e Paz - que iriam decorar a sede da organização em Nova Iorque.
Portinari sofreu uma hemorragia, em 1953, causada por substâncias tóxicas presentes em algumas tintas. Por conselho médico, foi solicitado que se afastasse desses elementos.
Em 1955, Portinari participou da III Bienal de Arte de São Paulo, com uma sala dedicada exclusivamente a ele. No ano seguinte, realizou a entrega dos painéis Guerra e Paz, que passou a ser considerada a sua grande obra-prima.
Durante os anos seguintes, ele continuou trabalhando e participando de exposições relevantes. Infelizmente, em 6 de fevereiro de 1962, quando tinha 58 anos, foi acometido por complicações de saúde relacionadas ao uso de tintas tóxicas, e faleceu nessa data.
A morte do artista gerou grande comoção, sendo que várias personalidades importantes compareceram ao seu velório. Por tal motivo, foi decretado 3 dias de luto oficial na época.
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Principais Obras de Candido Portinari
O ser humano, especialmente o indivíduo comum, é o tema central da produção de Candido Portinari, abrangendo homens e mulheres simples.
Portinari desempenhou um papel fundamental ao expressar a voz do povo brasileiro, considerando suas condições de vida, enfatizando as desigualdades existentes, mas também destacando a poesia e o amor.
A obra de Tom Jobim foi fortemente influenciada pelos movimentos europeus expressionismo e cubismo, mas ele conseguiu combiná-los de maneira magistral com a realidade brasileira.
Migrantes da Seca
Um dos trabalhos mais importantes de Portinari, o quadro Retirantes foi pintado com tinta a óleo em 1944. Com dimensões de 180 x 190, ele faz parte da coleção do MAM, o Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Nessa tela, podemos ver uma família saindo do sertão nordestino em busca de melhores chances na vida nas grandes cidades. Esse tema é recorrente nas obras do artista, retratando o êxodo rural.
Muitas figuras humanas, exibidas de forma alegórica e teatral, compõem a paisagem seca e terrosa. Elas possuem olhares fixos e corpos esqueléticos, que contribuem para o ar perturbador da obra.
Esse é um retrato que não se limita apenas a uma família, mas também ao sofrimento que a fome e a desigualdade têm causado ao Brasil desde seus primórdios.
Meio-Sangue
" "O Poder da Educação para Impulsionar o Progresso de um País
Esta obra, datada de 1934, foi criada com a técnica de óleo sobre tela. O artista Portinari retratou um trabalhador rural típico, de raças mistas, resultado da miscigenação entre povos negros e índios.
O intuito do artista era retratar o povo brasileiro, pois acreditava que a arte do país deveria exaltar aqueles que são a base da nação - a população simples. É essa multidão que sustenta o Brasil.
A Lavoura de Café
O Lavrador de Café, uma tela de 100 x 81 cm pintada em 1934 com tinta a óleo, é parte da coleção do MASP - Museu de Arte Moderna de São Paulo.
O homem, com seus enormes pés descalços apoiados no solo, nos mostra seu grande cansaço. Seu corpo forte é destacado diante da passagem de um trem de ferro e a extensa plantação de café.
Esta obra revela fortes influências da arte expressionista, que emergiu na Europa na primeira década do século XX.
Os Maravilhosos Desafios do Futebol
A obra Futebol, com dimensões de 97 x 130 cm, é parte de uma coleção particular que destaca os temas da infância. Esta peça tem um grande valor e se encontra atualmente preservada em uma coleção particular.
Neste campo de terra batida, uma criançada se diverte, brincando de bola. Ao fundo, alguns animais e um cemitério nos revelam que a cena acontece numa cidade do interior.
"Lembro-me das crianças com muita saudade". Candido sentia muito carinho pelas crianças, especialmente relacionado à sua infância vivida em Brodowsky. Ele tinha tanto afeto por elas que uma vez disse: "Lembro-me das crianças com muita saudade".
Se há tantos meninos em minha obra em balanços, gangorras é que seria meu desejo fazer com que eles fossem lançados ao ar a virarem belos anjos...
A Obra de Candido Portinari: Um Vídeo
Em 2010, a Rede Globo exibiu um programa sobre o pintor Candido Portinari. O vídeo destacou dois de seus famosos painéis: Guerra e Paz e o Projeto Portinari, idealizado por seu filho, João Portinari.
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