Dirigida por Ridley Scott em 1982, Blade Runner: o caçador de andróides é uma obra cinematográfica de ficção científica que se tornou um clássico.
Inspirado no romance de Philip K. Dick, Os andróides sonham com ovelhas elétricas? (1968), a produção conta a história de um mundo distópico onde a humanidade se debate com a inteligência artificial dos robôs. Ao longo da narrativa, também são abordadas questões filosóficas sobre a vida, o tempo e as memórias.
O filme se intitula "Blade Runner" - uma expressão que gera muitas dúvidas. O termo vem do inglês e pode ser traduzido como "alguém que passa a lâmina". Isso está relacionado ao papel de Harrison Ford como um "carrasco" no filme.
No momento de seu lançamento, o filme não foi bem-sucedido nos cinemas. Porém, o sucesso veio quando foi disponibilizado em VHS, tornando-se assim um clássico e ícone da cultura cinematográfica.
No final da trama, descobrimos que o assassino era o primo da vítima. No desfecho da história, revela-se que o verdadeiro assassino foi o primo da vítima.
Análise e Enredo de Blade Runner
O cenário que se abre no começo da história, ambientada em Los Angeles em 2019, é sombrio e cheio de tecnologia: carros voadores percorrem o céu e torres gigantes expelindo chamas.
Após isso, vemos um olho se fechando, refletindo o cenário surreal. Esta imagem nos remete à diferença entre o homem e o dano ambiental gerado por sua exploração da Terra.
O policial está interrogando Leon (Brion James) através de um teste chamado Voight-Kampff para determinar se ele é um humano ou um replicante. Leon é um andróide que fugiu de uma das colônias de trabalho escravo junto com três outros replicantes.
Detectar Replicantes através de um Teste Psicológico
O interessante dessa cena é a reflexão sobre o que nos torna humanos. As perguntas feitas são de ordem emocional e visam examinar a “humanidade” do sujeito, bem como sua memória. Será que a nossa humanidade é definida por nossas memórias, histórias ou capacidade de nos comover? Estes são alguns dos questionamentos que a cena nos faz levantar.
Você se depara com uma situação aparentemente simples e sem importância: andando sozinho em um deserto, você olha para baixo e vê uma tartaruga de costas para cima, incapaz de se virar sozinha. Sua barriga está exposta ao sol e ela balança suas pernas, tentando se virar. Você vai ajudá-la?
O teste revelou que humanos reagem à cena visualizada pela íris, enquanto os robôs não. Para melhor avaliar os resultados, há um aparato que monitora os olhos dos sujeitos examinados.
Com a previsão de serem descobertos, Leon participou do teste, porém teve que agir depressa para matar o policial e fugir do local.
Rick Deckard é Contratado para Caçar Andróides
Rick Deckard é o protagonista da trama. Ele era um blade runner, um caçador de andróides, e foi chamado pelo oficial Gaff e seu chefe anterior, Bryant, para a missão de dar caça a Roy Batty, Pris e Zhora, três replicantes que haviam escapado e estavam ilegalmente na Terra. Deckard é interpretado por Harrison Ford.
Os robôs não são vistos como se tivessem sido assassinados quando são executados. Eles são “aposentados” ou removidos, pois desde o começo de sua criação, eles estão programados para uma vida com duração de quatro anos.
É possível analisar uma ligação entre o extermínio de pessoas vítimas da violência policial e a falta de comprometimento e assistência oferecida à população trabalhadora em empregos que se aproximam da escravidão. Estas pessoas são tratadas como componentes de um sistema produtivo.
Encontro entre Deckard e Rachel
Deckard recebe uma missão e se dirige até o Dr. Eldon Tyrell, o inventor da moderna tecnologia de bioengenharia que cria os replicantes. Por lá, ele conhece a assistente de Tyrell, Rachel (Sean Young).
Rachael é um andróide especial, pois acredita ser humana devido ao implante das memórias da sobrinha de Tyrrell.
Deckard submete a moça ao teste Voight-Kampff e, após fazer várias perguntas, ela descobre que não é humana. Rachael passa a integrar a lista de androides que precisam ser "cancelados".
J. Sebastian e Seus Replicantes Brinquedos
Roy e Leon estão em busca de qualquer informação que possa levá-los até seu criador. Desejam assim ter mais tempo de vida. Após isso, eles se dirigem a um fabricante de olhos de robôs. Ali, conseguem informações sobre J.F. Sebastian (William Sanderson), um geneticista da Corporação Tyrell que fabricava replicantes.
Sebastian dirigiu-se ao seu apartamento, onde encontrou Pris. Ela estava lá para se aproximar dele e, por isso, ele a convidou para ficar com ele. Seu lar, encontrava-se repleto de "brinquedos" - experimentos de replicantes variados.
Neste momento, Pris apresenta uma reflexão interessante sobre a solidão. Ela pergunta ao protagonista se ele mora sozinho, e ele responde afirmativamente. Contudo, ele acrescenta que seus brinquedos o acompanham. Aqui, a inteligência artificial é usada para criar emoções.
O prédio decadente em que Sebastian vive contrasta com a aglomeração de pessoas de diversos grupos étnicos que formam a cidade, desviando-se umas das outras enquanto uma chuva ácida não para de cair. Apesar de ser imenso, o apartamento é um contraste ao ambiente superpopuloso.
Zhora é o Alvo da Caçada de Deckard
Com o auxílio de uma máquina, Deckard foi capaz de localizar Leon. Ao examinar as fotografias, ele percebeu elementos e pessoas que não constavam na imagem. Por meio dessa análise, ele conseguiu obter dados a respeito de outro replicante, Zhora.
Deckard, o ex-policial, enfrenta uma perseguição pelas ruas da cidade até encontrar Zhora. No momento em que ele executa a moça com tiros pelas costas, é tomado por um conflito interno sobre sua função de matar robôs.
Após a confusão, Leon está prestes a matar Deckard quando Rachel intervém e atira contra o replicante, salvando o detetive. Graças a ela, Deckard não se vê obrigado a exterminar Rachel e lhe deve sua vida.
Um Amor Inesperado Entre Deckard e Rachel
Houve um clima romântico desde o início entre Deckard e Rachel, o que incentivou o investigador a tentar estabelecer um laço com ela.
A cena em que os dois se beijam pela primeira vez tem sido motivo de controvérsia, pois exibe uma postura abusiva por parte do protagonista. Anteriormente, tal fato não era objeto de crítica, mas na atualidade isso certamente seria observado.
A Unificação do Criador e da Criatura
Enquanto isso, Sebastian, Pris e Roy conversam em seu apartamento. Sebastian conta que tem uma síndrome que o faz envelhecer rapidamente, o que significa que ele terá uma vida curta. Isso levanta o questionamento sobre como o tempo passa em relação à vida e à morte.
É noite quando Sebastian leva Roy ao encontro de Tyrell. O apartamento luxuoso do milionário está iluminado com velas, revelando a sua grandiosa riqueza e poder. O cenário, figurino e fotografia são um reflexo da empresa que fabrica os robôs de Tyrell.
Roy pede ao fabricante que lhe conceda um tempo de vida maior. Entretanto, sua solicitação é recusada, com as palavras de consolo que não havia possibilidade de tais ações.
Assim, Roy, profundamente frustrado, segurou a cabeça de seu criador com as mãos, a beijou por despedida e a quebracou entre os dedos. O destino de Sebastian não foi diferente e Roy foi embora sozinho do maravilhoso prédio.
Deckard enfrentando os replicantes
Quando Deckard chegou ao apartamento de Sebastian, ficou chocado ao ver vários "brinquedos" espalhados pela sala. Mas sem dúvida, a mais notável das cenas foi a presença de Pris, com uma maquiagem impactante e coberta por um véu, que o deixou deslumbrado. Uma cena ao mesmo tempo assustadora e bela.
Deckard é surpreendido por Pris, que quase consegue matá-lo. No entanto, ela é assassinada antes de completar a tarefa. Roy entra na sala e vê o corpo sem vida de Pris.
O replicante e o Blade Runner começaram a perseguição. Deckard estava em uma situação desesperadora e tentou se esconder no telhado. A chuva caía de forma incontrolável e ele estava prestes a cair. Roy, que poderia facilmente tirar sua vida, decidiu salvá-lo.
Roy e suas "Lágrimas na Chuva
O icônico embate foi registrado na história do cinema graças ao emocionante discurso de Roy, que segurava uma pomba branca - símbolo de liberdade e vida. "Eu matei porque a vida é mais forte que a morte", disse ele.
Vi situações que vão além da imaginação. Vi naves de ataque em meio às chamas, iluminando o horizonte ao redor de Órion. Vi os relâmpagos brilhando na escuridão, próximos ao Portal de Tannhäuser. Todos esses momentos serão perdidos ao longo do tempo, como lágrimas na chuva. É a hora de partir.
O robô foi criado para ser "mais humano que os humanos", de acordo com o slogan de seu fabricante. Aqui, estamos vendo a mescla entre as características artificiais e humanas do robô. De fato, ele tem a capacidade de desenvolver amor por sua existência e pela vida dos outros, ao ponto de salvar até mesmo seu oponente.
A icônica frase "lágrimas na chuva" é lembrada com saudade, especialmente vindo de um personagem cuja essência é antinatural.
Incerteza sobre se Deckard é um Replicante: Uma Análise
Após regressar ao lugar onde Rachel estava, Deckard e ela fogem juntos. Antes disso, ele encontra um origami em forma de unicórnio, o que indicava que Gaff esteve presente e poupou a vida da jovem.
Uma referência a um sonho de Deckard contendo um unicórnio levanta a questão de se ele é ou não um andróide. Ele pode ter memórias e sonhos implantados, o que sugere que é possível que Deckard seja um andróide.
Diversas passagens do filme são sugestivas quanto à natureza de Deckard. Por exemplo, quando Rachel pergunta se ele havia feito o teste Voight-Kampff, o que não foi respondido. Outro sinal é o brilho presente nas pupilas de Deckard, uma característica comum dos replicantes.
Descobrindo os Significados Ocultos de Blade Runner
Elementos apresentados no filme têm significados variados.
Quando Deckard recebe a missão, o oficial Gaff lhe dá uma pequena escultura de origami em forma de galinha. Esta é uma sugestão clara por parte de Gaff, afirmando que Deckard está sendo covarde, como uma galinha.
A segunda escultura é um boneco feito de palitos de fósforo que representa um homem com o pênis ereto, uma referência ao interesse romântico de Deckard por Rachel.
O terceiro projeto de origami é o de unicórnio, conectando-se ao mundo mágico dos sonhos que o protagonista carrega consigo.
O uso da fotografia e cores é fundamental para contar a história de forma símbolo. Ao observar a película, notamos que o azul e o amarelo estão presentes de forma constante. Estas cores são simbólicas para convecionar significado e mensagem à narrativa.
A cor dourada e amarela foi usada para simbolizar a riqueza e o poder de Tyrell, o criador dos andróides. Esta tonalidade ficou igualmente associada à divindade.
O tom azulado traz uma sensação de melancolia, frieza e sombria atmosfera à grandes cidades. Ao lado disso, as cores em neon acrescentam o caráter tecnológico e multi-étnico presente nas metrópoles.
Além de cenas externas notáveis, a forma como a luz é aplicada nas cenas internas também chama a atenção. O uso de feixes de luz que invadem os ambientes remete à ideia de que todos estão sendo constantemente vigiados, o que é reforçado pela presença constante dos carros voadores de polícia e dos grandes zepellins que passam, exibindo anúncios.
Cidadão Kane foi um filme de 1941 que serviu de inspiração em termos de iluminação, sendo um marco na história do cinema.
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Fascinantes Fatos sobre Blade Runner
Blade Runner foi um marco da cultura popular dos anos 80, estabelecendo as bases para o surgimento do movimento cyberpunk, que mescla o avanço tecnológico com a deterioração da Terra e da qualidade de vida.
A estética do filme foi combinada de maneira arrojada, unindo elementos do cinema noir, estilo de filme policial de suspense, com elementos futuristas e retrô.
O termo "replicante" foi inventado por Ridley Scott para descrever os andróides que apareceram em seu famoso filme. A palavra é usada na biologia para denotar duplicação celular e se tornou imediatamente associada ao filme.
No momento em que Roy realiza seu notável monólogo final, Rutger Hauer teve a oportunidade de modificar seu discurso. Sua ideia foi remover algumas frases e adicionar o que viria a ser o ponto culminante de suas palavras: aquela que aborda os momentos ausentes como lágrimas na chuva.
A trilha sonora para Blade Runner é uma obra-prima criada pelo renomado músico grego Vangelis, que também desempenhou um papel importante na composição das músicas de Carruagens de Fogo (1981). Essa trilha sonora contribuiu para criar um efeito melancólico e distópico no filme.
Os produtores não ficaram satisfeitos com a primeira versão do longa-metragem que foi lançada. Eles decidiram que ela precisava de algumas mudanças, como a narração do protagonista e um "final feliz". Várias versões foram criadas até 2007, quando a versão final do diretor, chamada de "Final Cut", foi lançada.
Informações Técnicas de Blade Runner
Blade Runner: 2049
Em 2017, Denis Villeneuve trouxe de volta Blade Runner com o lançamento de 'Blade Runner 2049'. O longa-metragem conta a história de 30 anos após a original de 2019, mostrando o que aconteceu durante esse período.
K, o protagonista, é um replicante criado para caçar outros replicantes. Durante a sua jornada, K descobre algo de grande importância que tem o potencial de mudar a sua vida e a sociedade como um todo.
A missão deste caçador de andróides está ligada a Rick Deckard e Rachael. Veja o trailer para saber mais:
Harrison Ford, Ryan Gosling, Ana de Armas, Sylvia Hoeks, Robin Wright e Jared Leto. A estrela do filme Blade Runner 2049 é composta por Harrison Ford, Ryan Gosling, Ana de Armas, Sylvia Hoeks, Robin Wright e Jared Leto.
- Ryan Gosling - Rick Deckard
- Harrison Ford - Oficial K
- Ana de Armas - Mariette
- Sylvia Hoeks - Luv
- Robin Wright - Dra. Ana Stelline
- Jared Leto - Niander Wallace
- Mackenzie Davis - Joi
- Dave Bautista - Sapper Morton
- Carla Juri - Tenente Joshi