Grandes Obras de Arte Brasileira de 12 Artistas


Escrito por Rebeca Fuks

1. A obra de Tarsila do Amaral

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Tarsila do Amaral (1886-1973) pode ser considerada entre as maiores pintoras brasileiras. Seu quadro Abaporu é considerado uma das obras mais relevantes de toda a nossa cultura.

Nascida em Capivari, interior de São Paulo, a artista plástica pertencia a uma família tradicional e rica da região, que detinha diversas fazendas.

Tarsila nasceu no Brasil, mas teve grande parte de sua formação artística na Europa. Aos 16 anos, ela se mudou para Barcelona. Durante seu tempo na Espanha, também estudou em Paris, onde deu os primeiros passos na artes modernas. Ela, então, trouxe as ideias modernas para nossa terra, contribuindo para a arte brasileira.

Tarsila era conhecida por suas pinturas que retratavam diversos temas brasileiros, destacando-se as pessoas e paisagens tropicais da região rural. Além disso, ela também capturou a modernidade da cidade, com mudanças que acompanhavam o processo de industrialização.

A arte da pintora refletia muitas vezes as cores da bandeira nacional, assim como contava histórias sobre os folclores da nossa cultura, como por exemplo, a cuca.

Tarsila foi bastante elogiosa em relação ao Brasil, no entanto, também não se fez à falta de críticas sociais. O quadro de Abaporu, por exemplo, retratou a desvalorização do trabalho intelectual ao mostrar uma pequena cabeça em contraste com membros gigantescos.

Tarsila começou sua jornada artística tomando inspiração de elementos cubistas, mas acabou refinando seu estilo para algo mais realista. Ela também experimentou com formas geométricas para expressar sua visão criativa.

Os críticos separam a obra da artista em três épocas bem distintas: Pau-Brasil, Antropofágica e Social.

2. A Vida e Obra de Anita Malfatti

A boba Anita Malfatti

A renovação da pintura no Brasil foi grandemente influenciada por Anita Malfatti (1889-1964), filha de uma professora de pintura norte-americana e de um engenheiro italiano.

Desde jovem, Anita precisou assumir grande responsabilidade: aos 18 anos, ela já havia sido formada como professora. Após se tornar órfã de pai cedo, ela foi influenciada por sua mãe para começar a trabalhar nas artes plásticas.

Ao completar 21 anos, Anita foi para Berlim, financiada por um tio. Lá ela frequentou a Academia Imperial de Belas Artes, o que contribuiu para o desenvolvimento de seu talento. Durante sua estadia na Europa, ela teve contato com o cubismo e o expressionismo, tendências que marcaram sua obra.

Ao retornar ao Brasil em 1914, a pintora, que havia estudado na Alemanha, Nova Iorque e Paris, estreou em meio ao cenário artístico, tendo como presença marcante amigos importantes como Di Cavalcanti.

Anita tornou-se um dos grandes nomes da pintura moderna, recebendo elogios e críticas, inclusive aquelas de Monteiro Lobato.

Entre 1915 e 1916, sua obra-prima A boba foi pintada, misturando o cubismo e o futurismo em suas pinceladas amplas. O fundo abstrato reflete a influência do expressionismo, destacando o contraste de cores e uma personagem provavelmente sofrendo em solidão.

Anita revolucionou o Brasil ao abandonar o realismo e destacar nos seus trabalhos traços que considerava os mais expressivos. Mesmo tendo de se afastar da realidade e adotar cores inesperadas, ela foi muito criticada por isso.

A pintora interessava-se por temas do seu universo pessoal, desafiando os ideais acadêmicos da sua geração e das anteriores. Não se sentia refém de um compromisso com o realismo, quebrando com as regras estabelecidas.

3. A Arte de Adriana Varejão

Ruínas de carne Adriana Varejão

A artista Adriana Varejão, nascida em 1964, é uma das figuras mais influentes da arte contemporânea. O seu repertório de trabalhos abrange não apenas pintura, mas também escultura, fotografia e instalação.

A jovem que nasceu no Rio de Janeiro matriculou-se na Escola de Artes Visuais do Parque Lage em 1983. Logo depois, abriu o seu próprio ateliê na zona sul da cidade.

No início de sua trajetória, Adriana partiu para os Estados Unidos, o que lhe permitiu aprimorar sua expressão artística. Seu talento foi reconhecido tanto no Brasil quanto no exterior, gerando obras de diferentes estilos e técnicas.

A obra da artista é marcada pela influência do barroco, notada pela presença de azulejos. Uma das peças mais emblemáticas é o trabalho Ruínas de carne, que trata de temas como a destruição, a violência, o canibalismo, a história e o monumento, refletindo sobre aquilo que restou.

Atualmente, os trabalhos do artista podem ser conferidos em grandes galerias ao redor do mundo, como a Tate Modern de Londres, a Guggenheim de Nova Iorque e o Hara Museum de Tóquio. No Brasil, a maior parte de suas obras está exposta no Centro Inhotim de Arte Contemporânea, situado em Minas Gerais.

4. Obras de Vik Muniz

Vik Muniz Double Mona Lisa (Peanut butter and jelly)

Vik Muniz, nascido em 1961 em São Paulo, tornou-se conhecido nos Estados Unidos por empregar em seus trabalhos materiais inusitados, como geleia e creme de amendoim.

Com 22 anos, o jovem formado em publicidade partiu para os Estados Unidos, com o intuito de tentar a vida.

Vik Muniz não só recria imagens famosas como a Mona Lisa e retratos de Freud e Che Guevara, mas também desenvolve um trabalho original a partir de materiais inusitados.

O trabalho de Vik Muniz destaca-se por compor com materiais pouco comuns no mundo artístico, tais como ketchup, açúcar, feijão, café e sucata. Além disso, o artista tem consciência social na sua obra e procura chamar a atenção de seu público para as questões da atualidade.

A obra de Vik Muniz busca trazer a luz problemas tanto sociais quanto ambientais que afetam o nosso mundo contemporâneo. Seu trabalho mais reconhecido ganhou as telas de cinema em 2010 com o documentário "Lixo Extraordinário".

5. Obras de Hélio Oiticica

Helio Oiticica Parangolé

Com destaque por seus trabalhos de performance, Hélio Oiticica (1937-1980), nascido no Rio de Janeiro, tornou-se conhecido também por sua obra ligada às artes plásticas, como a pintura e a escultura.

Oiticica, cuja obra é uma importante referência para o movimento da arte concreta, recebeu suas primeiras lições de arte em casa, com o seu pai, que era fotógrafo e pintor.

No início dos anos 50, Hélio começou a apresentar suas primeiras obras. Nessa mesma década, ele encontrou-se com outros artistas Neoconcretos, entre eles Lygia Clark e Ferreira Gullar.

Oiticica compartilhava da mesma crença que seus colegas de que o público era uma parte fundamental da obra artística. Portanto, era natural para o público sentir, tocar, usar ou até mesmo cheirar a criação de um artista.

O Parangolé foi criado para ser um meio de expressão livre do público. As capas coloridas eram usadas como uma forma de arte e dança, e ao usá-las, as pessoas podiam expressar sua individualidade e autonomia de maneira única. O movimento criado pelos capotes se tornou uma importante forma de liberdade e libertação.

6. A Obra de Beatriz Milhazes

Beatriz Milhazes Beleza pura

Beatriz Milhazes (1960), carioca, é reconhecida pela sua obra de arte de coloração viva e abstrata, que contém muitas formas geométricas, assim como arabescos e flores.

Além da pintura, a artista plástica Beatriz Milhazes também produz gravuras, colagens, ilustrações, instalações e cenários. Muitos destes trabalhos são realizados para a companhia de dança da irmã dela, Márcia.

A artista plástica, formada em Comunicação Social, iniciou seu trabalho quando se matriculou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage.

Em 1984, Beatriz foi apresentada pela primeira vez ao público nacional ao participar da exposição dedicada à geração de 80 no Parque Lage. Desde então, ela tem sido reconhecida internacionalmente, participando de importantes bienais como Veneza (2003), São Paulo (1998 e 2004) e Shangai (2006). Seus trabalhos hoje podem ser encontrados em reconhecidos museus internacionais, como o MoMa, o Metropolitan, a Fondation Cartier e o Guggenheim.

No quadro Beleza pura (2006) vemos a manifestação artística de seu trabalho. Com elementos geométricos e muita cor, esta tela de grandes dimensões encorpa várias leituras pelos seus detalhes repletos de informações.

Normalmente, as obras de Beatriz Milhazes são conhecidas por sua estética barroca, marcada pelo uso abundante de elementos e ornamentos que criam um forte impacto visual.

7. A Obra de Lygia Clark

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A mineira Lygia Clark (1920-1988) foi uma das artistas plásticas mais inovadoras do Brasil. Seu trabalho foi construído em torno da arte sensorial e interativa, oferecendo a oportunidade de vivenciar a arte de maneira dinâmica.

Lygia desejava que os observadores interagissem com as peças de arte que ela criou, tendo a oportunidade de experimentar várias formas do seu trabalho, como ocorreu com a série Os Bichos (1960), que apresenta esculturas metálicas geométricas articuladas, capazes de serem armadas de diferentes maneiras.

Lygia foi laureada com o prêmio de melhor escultura nacional durante a VI Bienal de São Paulo, em reconhecimento à sua obra mais famosa, Os Bichos.

A obra de Lygia Clark, do neoconcretismo, preconizava uma arte abrangente, convidando o público a interagir com as peças.

8. A Obra de Candido Portinari

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Candido Portinari (1903-1962) é um dos nomes mais importantes da arte plástica brasileira. Seu trabalho como pintor, gravador e ilustrador permaneceu como referência e é amplamente conhecido. Um de seus trabalhos mais reconhecidos é o quadro Café (1935), obra que se tornou símbolo da arte brasileira.

O pintor era politicamente envolvido e frequentemente usava suas obras para capturar as dificuldades enfrentadas pelos brasileiros no cotidiano.

Ao olhar para a tela "Café", somos presenteados com uma visão do que parece ser um período de ouro no Brasil. Porém, este cenário de luxo contrasta nitidamente com as condições difíceis de trabalho enfrentadas pelos homens e mulheres que trabalhavam nos cafezais. Observamos facilmente a desproporção entre os membros dos trabalhadores, realçando assim a difícil natureza do trabalho braçal.

A obra de arte mencionada foi exposta na Exposição Internacional de Arte Moderna em Nova Iorque e marcou uma grande conquista para o pintor, sendo o primeiro a receber um prêmio internacional.

Portinari se tornou um propagador das mazelas sociais, tentando mostrar ao mundo o Brasil marcado pela desigualdade por meio da arte. Utilizando o pincel e as telas, o artista transmitia sua visão sobre o país e denunciava a sua realidade.

9. Obras de Di Cavalcanti

Di Cavalcanti Samba

Di Cavalcanti (1897-1976) foi um artista modernista que capturou a cultura brasileira e a vida cotidiana de seu povo em suas pinturas.

A obra de Di Cavalcanti, representada na Tela Samba (1925), reflete a tendência do artista em usar várias cores e adicionar curvas voluptuosas aos seus retratos. Além disso, muitos de seus quadros retratam pessoas em interações cheias de sensualidade e amor.

Ao assistirmos Samba, somos apresentados a diversos personagens típicos da cultura brasileira. O homem tocando cavaquinho exemplifica a boemia, enquanto as mulheres com os seios à mostra representam a sensualidade tão presente no carnaval.

Durante sua vida, Di Cavalcanti abordou frequentemente temas como favelas, trabalhadores, negras e celebrações populares.

Di Cavalcanti foi essencial para a Semana de Arte Moderna, ilustrando o cartaz e catalogo do evento, além de participar ativamente na renovação das artes plásticas no Brasil ao lado de outros artistas modernistas.

10. Obras de Lasar Segall

Lasar Segall Perfil de Zulmira

Em 1923, Lasar Segall, nascido na Lituânia, viajou ao Brasil para visitar familiares e decidiu estabelecer-se em São Paulo de forma definitiva.

O judeu, que era pintor, escultor, gravador e desenhista, encontrou no Brasil um lugar seguro para viver, distante de uma Europa que passava por momentos difíceis.

Sua produção artística foi marcada por uma estética moderna que se inspirou muito nas vanguardas europeias.

As obras de Segall, muitas vezes abordavam temas como a emigração, marginalização e as belas paisagens tropicais do Brasil. Suas preocupações eram claras nas telas, onde eram retratadas questões como a desigualdade social, a violência e a pobreza.

Em Perfil de Zulmira (1928), vemos uma mulher retratada sobre um fundo geométrico e abstrato. Esta obra evidencia influências cubistas e modernistas tanto nos contornos da personagem quanto na forma do fundo. Estas características eram muito comuns entre os pintores brasileiros da geração modernista.

11. A Obra de Alfredo Volpi

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Alfredo Volpi (1896-1988) é considerado o mestre das bandeirinhas e se destacou como artista da Segunda Geração de Arte Moderna.

Muitas das suas telas mostram elementos característicos da cultura brasileira, como bandeirinhas e a icônica sereia.

Em Sereia (1960), Volpi constrói uma imagem da personagem folclórica nacional com o uso de contornos simples, parecendo um trabalho de criança. Ele se limita aos tons de azul, verde, preto e branco, mas em muitos de seus quadros é possível encontrar um uso mais variado de cores.

Nascido na Toscana, Itália, Volpi veio para o Brasil com um ano e meio de idade, acompanhado de seus pais. Em 1911, começou a trabalhar nas mansões de São Paulo, executando painéis e murais. Logo depois, começou a produzir quadros.

Depois de conquistar um prêmio no IPHAN em 1940, ele foi reconhecido como um grande pintor.

12. Obras de Romero Britto

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Sem dúvida, o brasileiro Romero Britto (1963) é um dos pintores contemporâneos mais populares. Ele saiu do Recife e, desde então, tem feito carreira nos Estados Unidos, onde atualmente se encontra vivendo em Miami.

O artista, de estilo neocubista pop e cores inconfundíveis, se inspira em Picasso. Suas obras estão espalhadas em lugares como Suíça, Israel e França.

Romero Britto não se limita à produção de quadros; ele também cria instalações e esculturas, que podem ser encontradas em espaços públicos e privados.

O estilo pernambucano é muito marcante, com cores vibrantes e formas geométricas e assimétricas. Esta arte chama a atenção de todos, pois é de fácil compreensão. O exemplo mais claro disso é o conhecido e aclamado Heart Kids.

Rebeca Fuks
Escrito por Rebeca Fuks

É graduada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), possui mestrado em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutorado em Estudos de Cultura pelas Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).