A partir dos últimos anos do século XIX, surgiram os movimentos artísticos categorizados como "Arte Moderna" na Europa. Essas vanguardas artísticas foram reconhecidas pela sua criatividade e inovação e se estenderam até meados do século XX, quando chegaram ao Brasil, cerca dos anos 20.
Nos tempos modernos, os artistas têm procurado novas formas de expressar e representar o mundo, afastando-se da arte tradicional.
Com o passar do tempo, surgiram diversas correntes na arte plástica, incluindo expressionismo, fauvismo, cubismo, abstracionismo, futurismo, surrealismo e dadaísmo.
A Arte Moderna no Brasil
No Brasil, o movimento modernista se consolidou na década de 20, com a Semana de Arte Moderna. Porém, já existiam artistas produzindo obras modernas alguns anos antes, o que ocorreu posteriormente às vanguardas europeias.
Explorando o Passado Histórico
No início do século XX, o Brasil vivia um contexto histórico de crescimento e progresso. A industrialização ganhou força e, com ela, a imigração movimentou-se para fornecer uma força de trabalho adequada após a abolição da escravatura. Esses imigrantes chegavam de várias partes do mundo para ajudar na reconstrução do país.
Durante essa época, o capitalismo estava em evidência e isso provocou a hardening dos conflitos sociais. Por exemplo, os movimentos anarquistas, compostos por operários imigrantes, promoveu greves para melhorar as condições de vida.
Ao emergir a necessidade de uma nova forma de expressão artística, para retratar os desejos atuais e as expectativas de um futuro promissor, torna-se urgente para a humanidade a criação de uma nova forma de arte.
Lasar Segall (1891-1957) e Anita Malfatti (1906-1964) são figuras fundamentais para o surgimento da arte moderna brasileira. Os dois realizaram exposições ainda nos anos 10, se tornando assim os precursores dessa nova tendência artística no país.
A arte de Anita foi duramente criticada e mal compreendida por grande parte dos intelectuais brasileiros, especialmente por Monteiro Lobato. Ainda assim, Lasar Segall, sendo de origem estrangeira (Lituânia), não passou por grandes críticas.
Celebração da Arte Moderna
A arte e a literatura estavam sendo exploradas por outros artistas, que buscavam novos rumos devido à grande movimentação.
Eles optaram por realizar uma espécie de “festival”, no qual apresentariam suas criações mais recentes. Essa iniciativa deu origem à “Semana de Arte Moderna” ou “Semana de 22”, como ficou conhecida.
O Theatro Municipal de São Paulo foi o local escolhido para realizar um evento especial em 2022, quando o Brasil celebra seu centenário de independência. O evento aconteceu entre os dias 13 e 18 de fevereiro desse ano.
Os artistas tinham a intenção de trazer novidades e desafiar os padrões conservadores da arte, que ainda seguia os valores do século XIX.
Cerca de 100 obras de arte foram exibidas durante a exposição, que também contou com apresentações musicais e literárias. A Semana foi inspirada no evento francês Semaine de Fêtes de Deauville e recebeu o apoio de Paulo Prado, um mecenas que conseguiu financiamento com os barões do café.
Brasil: Arte Moderna Representada
Tarsila do Amaral, Mário de Andrade e Oswald de Andrade. A arte moderna brasileira foi fortalecida pela contribuição de vários artistas, incluindo Anita Malfatti, Lasar Segall, Tarsila do Amaral, Mário de Andrade e Oswald de Andrade, tanto nas artes plásticas quanto na literatura. Estes artistas lideraram a arte moderna e se destacaram com seus trabalhos.
- Di Cavalcanti (1897-1976) - Pintor, ilustrador, escritor e gravurista. Foi uma figura essencial para a realização da Semana de 22, considerado o grande idealizador.
- Vicente do Rego Monteiro (1899-1970) - O pintor é um dos primeiros a explorar a estética cubista com temas característicos do Brasil, como mitos indígenas.
- Victor Brecheret (1894-1955) - Um dos maiores nomes da escultura no Brasil. Teve influência de Auguste Rodin e suas obras tinham elementos expressionistas e cubistas.
- Tarsila do Amaral (1886-1973) - Pintora e desenhista. Não participou da Semana de Arte Moderna porque estava na França participando de uma exposição. Entretanto, teve papel fundamental no movimento modernista denominado Antropofagia.
- Manuel Bandeira (1886-1968) - Escritor, professor e crítico de arte. Sua produção literária trazia inovações na forma de se expressar e à principio questionava os poetas parnasianos. O poema Os sapos foi declamado na Semana de Arte Moderna.
- Mario de Andrade (1893-1945) - Escritor marcante da primeira geração de modernistas no Brasil. Sua produção valorizava a identidade e cultura nacional.
- Oswald de Andrade (1890-1954) - Escritor e dramaturgo. Uma das figuras centrais no modernismo literário, com um estilo irreverente e ácido, revisitando as origens do Brasil de forma questionadora.
- Graça Aranha (1868-1931) - Escritor e diplomata. Ajuda a fundar a Academia Brasileira de Letras e tem papel fundamental na Semana de Arte Moderna.
- Menotti Del Picchia (1892-1988) - Escritor, jornalista e advogado. Em 1917 publica o romance Juca Mulato, sua obra prima, considerada pré-modernista. Participa em 1922 da Semana de Arte Moderna, coordenando a segunda noite do event
A Arte Moderna na Europa
O início do século XX foi marcado por muitas mudanças, o que fez com que a Arte Moderna surgisse na Europa. Esta era uma forma de expressão que refletia os anseios das pessoas por mudanças que estavam presentes na sociedade e no mundo das artes.
A partir disso, vários movimentos artísticos surgiram com o objetivo de ultrapassar os limites das normas e tradições. Os impressionistas foram os pioneiros na arte moderna, pois tentavam capturar a realidade por meio de novas formas de expressão artística.
Apesar de serem fundamentais para o surgimento de novas vanguardas, os artistas não se desviaram da mesma finalidade dos artistas tradicionais: retratar o mundo da maneira mais verdadeira. No entanto, trouxeram inovações ao investigar as nuances de cor, luz e enquadramento.
Com o advento da fotografia, surgiram questões e seu impacto na área das artes foi significativo.
Depois, as direções que surgiram tinham o objetivo de dar a volta por cima de conceitos, sentimentos e levantar interrogações através de trabalhos que propunham novos formatos, tons e enfoques.
Arte Moderna: Movimentos e Artistas
Explorando o Expressionismo
O grupo Die Brücke foi fundado em 1904 na cidade de Dresden, Alemanha, por Ernst Kirchner (1880-1938), Erich Heckel (1883-1970) e Karl Schmidt-Rottluff (1884-1976). O nome do grupo significa "A Ponte" em tradução.
O grupo buscava transmitir nos seus trabalhos um tom emocional, revelando as inquietações e sentimentos que se desenvolviam durante o início do século XX.
Contrariamente ao Impressionismo, que se preocupava em estudar os fenômenos óticos da luz e das cores, o Expressionismo foi uma reação que buscava abordar as questões psicológicas do ser humano.
Vincent van Gogh (1853-1890) e Edvard Munch (1863-1944) foram grandes artistas que tiveram grande influência sobre esse movimento.
Explorando o Fauvismo
Em 1905, uma exposição realizada em Paris revelou aos olhos do mundo o movimento conhecido como Fauvismo, liderado pelo artista francês Henry Matisse (1869-1954). Esta exposição trouxe à tona as novas técnicas e ideais criados por Matisse e seus colegas, moldando assim, a arte da época.
Na exposição, as obras não foram bem-sucedidas no que diz respeito à compreensão geral. Por conta disso, os pintores foram rotulados como les fauves, o que em português significa "as feras". Isto ocorreu devido às cores e formas que eram usadas, pois se mostravam pouco ou mesmo nenhum compromisso com a realidade.
Essa vertente era conhecida por suas cores intensas e puras, bem como pela ausência de sombreamento nas figuras.
Matisse não foi o único a compor o movimento Fauvismo; André Derain (1880-1954), Maurice de Vlaminck (1876-1958) e Othon Friesz (1879-1949) também foram importantes na construção desta corrente artística.
A influência do fauvismo é evidente na cor e estampa dos objetos de arte, design e vestuário modernos. Esta tendência visual foi um grande impacto na forma como esses produtos são coloridos e estampados hoje.
Explorando o Cubismo
Pablo Picasso (1881-1973) e Georges Braque (1883-1963) foram os responsáveis por transformar a arte do seu tempo, devido ao movimento de vanguarda chamado cubismo. A intenção dessa corrente artística era reformular a forma de exibição de figuras e formas.
A vertente tinha como objetivo subverter a representação, tornando a realidade visível de maneira que gerasse a impressão de que as formas estivessem "livres" e todos os seus ângulos revelados.
Inspirados por Paul Cézanne (1839-1906), cujos trabalhos começaram a simplificar a figura humana e usar abundantemente a forma cilíndrica, Pablo Picasso e Georges Braque criaram o cubismo analítico e o cubismo sintético. Por isso, a geometria teve um grande impacto na arte cubista.
Arte Abstrata ou Abstracionismo
A arte abstrata, de Wassily Kandinsky (1866-1944) como o seu principal representante, significa uma forma de expressão que não se conforma ao figurativismo. É um meio de relatar o mundo muito além das imagens e figuras mais tradicionais.
O abstracionismo é um movimento artístico que tem como objetivo criar imagens com base em formas, linhas, cores e nuances, sem nenhuma ligação com o mundo real. Foi em 1910 que Vassily Kandinsky produziu seu primeiro quadro deste estilo, Batalha.
Logo depois, outros estilos de arte abstrata apareceram. No Abstracionismo Informal, as emoções e sentimentos eram valorizados, com a predominância de formas mais livres e naturais.
O Abstracionismo Geométrico foi caracterizado por composições racionais e geométricas. Seu mais importante representante foi Piet Mondrian (1872-1974).
Explorando o Futuro
Filippo Tommaso Marinetti (1876-1944) foi o criador do movimento Futurista. Ele foi responsável por compor o Manifesto Futurista, que serviu de inspiração para as artes plásticas, principalmente para a pintura.
Naquela corrente, a ênfase era na rapidez, na produção industrial, nos avanços tecnológicos e na visão de um futuro promissor e de desenvolvimento.
Os artistas Umberto Boccioni (1882-1916), Carlo Carrà (1881-1966), Luigi Russolo (1885-1947), Giacomo Balla (1871-1958) e Gino Severini (1883-1966) são considerados os mais representativos na pintura.
Explorando o Dadaísmo
Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1978), vários artistas e intelectuais expressaram sua insatisfação com o futuro do mundo. Por isso, alguns deles buscaram refúgio na cidade suíça de Zurique e começaram um movimento que desafiava as novas tendências e a incoerência da guerra.
O poeta Tristan Tzara (1896-1963) deu origem ao movimento Dadá, baseando-se na palavra francesa dadá ("cavalinho"), que ele selecionou abrindo aleatoriamente um dicionário.
O grupo queria explicitar o absurdo e a ilógica dos tempos em que viviam, uma vez que a humanidade parecia ter deixado de lado a racionalidade diante dos horrores da guerra.
O Dadaísmo foi uma corrente artística que desafiou a função da arte e satirizou os valores contemporâneos. Destacou-se nessa movimentação o artista Marcel Duchamp (1887-1868).
Man Ray (1890-1976), Max Ernst (1891-1976) e Raoul Hausmann (1886-1971) são nomes importantes no campo da arte moderna.
Explorando o Surrealismo
O surrealismo tem como base o movimento dadaísta. André Breton (1896-1966), poeta francês, escreveu um manifesto defendendo o automatismo psíquico, que liga o processo criativo aos instintos e impulsos do inconsciente.
Os surrealistas se preocupavam em que o subconsciente controlasse o conteúdo das suas obras, manifestando assim temas irrazoáveis, desprovidos de lógica e alucinatórios.
Devido à sua natureza onírica, as obras do movimento surrealista se caracterizam por conterem cenas que remetem a sonhos.
Salvador Dalí (1904-1989), Marc Chagall (1887-1985), Joan Miró (1893-1983) e Max Ernst (1891-1976) foram os artistas que se destacaram nessa área.
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Aspectos da Arte Moderna
As vanguardas modernas apresentaram muitas particularidades e intenções diferentes, pois cada uma delas teve a intenção de enxergar e analisar um aspecto específico da época. Assim, os artistas modernos ofereceram grande variedade de estilos e perspectivas.
Embora haja algumas diferenças, qualidades e atributos comuns podem ser notados tanto na arte moderna europeia quanto na brasileira.
Esses artistas procuravam por novos caminhos, rejeitando o conservadorismo do século XIX. Eles buscavam inovar tanto a maneira de expor seu trabalho como também o assunto abordado.
Assim, eles lançaram-se ao experimento e ao improviso, explorando novas áreas criativas.