O afresco conhecido como Criação de Adão foi pintado por Michelangelo na Capela Sistina entre 1508 e 1510, a mando do Papa Júlio II.
O teto da Capela Sistina é composto por um conjunto de pinturas, onde Michelangelo retratou inúmeras cenas bíblicas e figuras proféticas, entre elas, o afresco.
A Criação de Adão é a obra-prima de Michelangelo e a mais icônica de todas, sendo admirada por todos os visitantes. Esta pintura deu ao artista um grande prestígio, tornando-o um dos maiores artistas da História.
Análise dos Componentes e Elementos Principais da Imagem
Nesta obra, o artista captura a cena épica da criação do homem, segundo o Livro do Gênesis: a criação do primeiro homem, Adão.
Michelangelo narra uma história através da sua obra-prima, capturando o momento em que a vida humana está prestes a iniciar.
A Imagem de Deus
O artista teve como inspiração os relatos bíblicos para retratar Deus como um homem de cabelos e barbas brancos, símbolo de sabedoria, porém mantendo uma aparência jovem e forte.
Ele está vestido com um manto de onde são transportados os seus anjos. O braço esquerdo está envolto em torno de uma figura feminina, tradicionalmente vista como Eva, a primeira mulher. Ela ainda não foi criada e aguarda no Céu, lado a lado do Pai.
Adão Representado
Sentado num prado, Adão, de lado esquerdo, parece ter acabado de despertar. O jovem está lânguido, curvado na sua posição.
Ele estende a mão, desesperado, à figura sombria e grandiosa de Deus, esperançoso de que este se aproxime para lhe dar vida.
Quase Alcançando o Toque dos Dedos
Os dedos indicadores dos dois estão no centro, delimitados por um pequeno espaço que destaca o vazio na pintura, de forma a não haver distração para aqueles que a observam.
A postura de Adão está dobrada, seu dedo caído, indicando a fraqueza do homem. Por outro lado, Deus tem o braço estendido e o dedo apontando para cima, denotando o seu poder criador.
Referenciando o versículo bíblico "Deus criou o homem à sua imagem e semelhança" (Gênesis, 1:27), os membros são simétricos com uma estrutura muito parecida.
Através da simetria, Michelangelo conseguiu encontrar equilíbrio entre a figura divina e a humana retratada no afresco. Dessa forma, os dois lados tornaram-se harmoniosos.
Observemos também a expectativa, o ritmo de suspensão que a imagem nos provoca; embora muito próximos, os dedos não conseguem se tocar de fato.
Explorando a Anatomia Humana para Revelar Mensagens Subliminares
Alguns estudiosos têm apontado uma outra interpretação mais recente: as dobras do manto do Salvador criam uma figura que se assemelha ao formato de um cérebro humano, no centro do qual está Deus.
Em 1990, um cirurgião americano, depois de ter visitado o Vaticano, apresentou ao mundo a sua teoria. Esta era a sua descoberta.
Nesta imagem, o artista mostra o seu conhecimento de anatomia ao representar as várias partes do cérebro, como o lobo frontal, o nervo ótico, a glândula pituitária e o cerebelo.
A época contribuiu para esta hipótese, pois a mentalidade geral enfatizava a importância do Homem e seu potencial científico e filosófico. Dessa forma, o gesto de Deus ao criar Adão poderia ser entendido como um símbolo do racionalismo.
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Fatos Interessantes sobre a Pintura A Criação de Adão
Michelangelo foi convidado pelo Papa Júlio II para pintar o Teto da Capela Sistina, embora ele preferisse se concentrar em seu trabalho de escultura. No entanto, sentiu-se pressionado a aceitar o convite.
Uma curiosidade é que o dedo indicador de Adão, uma parte icônica desta obra de arte, não foi pintado por Michelangelo. Ele sofreu danos após um desabamento e foi restaurado por um restaurador do Vaticano.
Uma Revisão da Criação de Adão
A criação de Adão tornou-se um ícone na história da arte e foi frequentemente usada como inspiração para outras obras. Ganhou muitas recontextualizações e se tornou um símbolo importante na cultura pop.
Harmonia Rosales, artista americana, reinterpretou a obra de Da Vinci, substituindo as figuras originais por mulheres negras. Dessa forma, ela conseguiu dar novos significados à origem da criação.
A Vida e Obra de Michelangelo
Nascido em Caprese, na Itália, em 6 de março de 1475, Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni tornou-se um dos mais importantes artistas da história.
Durante setenta anos, ele se dedicou à prática de várias formas de arte: pintura, escultura, arquitetura e poesia. Com os mecenas Medici e alguns papas romanos, viveu nas cidades de Florença e Roma.
Em 1505, Michelangelo dedicou todo o seu esforço à escultura do túmulo do papa, mas acabou sendo substituído por outro artista.
Ele foi convidado a pintar o teto da Capela Sistina no ano seguinte, mas recusou o convite durante dois anos, pois se sentia desvalorizado, acreditando que aquela era uma arte inferior.
Em 1508, cedendo à pressão da Igreja, Michelangelo aceitou o trabalho e usou esse período de quatro anos para exibir seus talentos e habilidades artísticas.
A Monalisa, A Batalha de Anghiari e A Noite Estrelada. Entre suas obras mais reconhecidas estão A criação de Adão, A Monalisa, A Batalha de Anghiari e A Noite Estrelada, todos ícones da cultura ocidental.
- 1. Baco (1497)
- 2. A Pietà (1499)
- 3. David (1504)
- 4. Juízo Final (1541)
No dia 18 de fevereiro de 1564, Michelangelo, um dos maiores gênios da História da Arte da Idade Moderna, faleceu devido a uma febre em Roma. Sua obra permanecerá para sempre como a prova da sua genialidade artística.
A Revolução do Renascimento, Humanismo e Racionalismo
Durante o Renascimento, ocorreu um retorno às referências culturais e artísticas da antiguidade clássica, dando origem a um movimento de redescoberta do mundo e do Homem, iniciado no final do século XIV e tendo seu fim na primeira metade do século XVI.
A grande ideia da época era o Humanismo, que privilegiava as ciências humanas, como a Filosofia, a Retórica e a Matemática, em detrimento do estudo das escrituras. Esta era uma abordagem antropocêntrica, que pautava o Homem como o mais importante de todos os seres.
O Racionalismo, um movimento filosófico, foi criado com a intenção de sustentar que a única forma de adquirir a verdade absoluta era por meio do exercício da razão humana.
Os seres humanos possuem um raciocínio lógico inato, que, quando exercitado por meio de operações mentais e interrogatórios, torna-se a única fonte de conhecimento verdadeiro.